A deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) afirmou que, ao renovar seu visto para os Estados Unidos, foi identificada com o gênero masculino no documento.
Segundo a parlamentar, a justificativa que recebeu para tal identificação é o fato de ser “de conhecimento público no Brasil” que ela se trata de uma pessoa trans.
“Essa situação é mais do que transfobia: é um desrespeito à soberania do Brasil e aos direitos humanos mais básicos”, afirmou a deputada, em publicação no X (antigo Twitter).
A também deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) informou que passou por situação semelhante.
Duda Salabert disse que tentou renovar o visto porque foi convidada por uma organização internacional para um curso em parceria com a Universidade de Harvard, nos EUA, sobre desenvolvimento em primeira infância.
Duda, uma mulher trans com seu gênero definido como feminino nos documentos brasileiros, classificou o episódio como “uma afronta a todos os brasileiros e brasileiras que acreditam na dignidade”.
A deputada afirmou esperar um posicionamento firme do Itamaraty sobre o assunto.
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“Todos os meus documentos são femininos, não existe nenhum documento sobre Duda Salabert no masculino. Duda é uma mulher, pronto e acabou. Não cabe aos Estados Unidos questionar um documento brasileiro. Há um episódio de transfobia e um episódio em que o Brasil tem que se posicionar em relação a soberania nacional”, disse a deputada ao portal G1.
Desde que reassumiu a Presidência dos EUA, Donald Trump determinou mudanças na forma como o gênero é reconhecido em documentos no país. Agora, apenas as identificações “masculino” ou “feminino” são aceitas. Pessoas não binárias também não podem mais ter o gênero definido como “X” em seus documentos.
Duda também se solidarizou com a colega Erika Hilton, que disse também ter recebido um visto que lhe atribui o gênero masculino.
Como mostrou o Estadão, Erika afirmou que vai acionar a Organização das Nações Unidas (ONU) contra o governo dos Estados Unidos.
Ela iria ao País para participar da Brazil Conference, evento organizado pela comunidade brasileira da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), mas desistiu da viagem devido à situação.