Política

Bancada adota cautela sobre impeachment da presidente Dilma

O Espírito Santo já deverá ter o seu representante na Comissão Especial do Impeachment. O deputado Evair de Melo (PV) foi indicado nesta sexta-feira (4) para ser suplente

Processo de impeachment da presidente Dilma deve se iniciar na próxima semana Foto: Agência Brasil

O pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) causou, no mínimo, inquietação na bancada capixaba. Os parlamentares acreditam que o processo terá um teor político, embora as questões técnicas devam ser observadas. O clima entre os parlamentares capixabas é de cautela.

O Espírito Santo já deverá ter o seu representante na Comissão Especial do Impeachment. O deputado Evair de Melo (PV) foi indicado nesta sexta-feira (4) para ser suplente. Mas como o titular da bancada, Sarney Filho, está em missão na Conferência Mundial do Clima, em Paris, o capixaba deverá ser responsável pela eleição do presidente e do relator do colegiado, que é formado proporcionalmente pelos partidos.

Para o deputado Sérgio Vidigal (PDT), a comissão deverá atuar conforme a lei, mas na opinião dele, a voz das ruas também deverá influenciar na análise do impeachment.

“A comissão tem parlamentares contrários e favoráveis ao impeachment, mas todos deverão se submeter ao que determina a Constituição Federal. Mas a vontade popular também deverá exercer pressão, prinicipalmente por conta dos números do desemprego, dos juros altos e das denúncias de corrupção. O sentimento é de que é preciso haver mudanças”, assinalou Vidigal.

Os parlamentares petistas, Givaldo Vieira e Helder Salomão, disseram que o PT deliberou que deverá contar com deputados mais experientes na composição da comissão, na quota que lhe é destinada. O partido deverá indicar oito deputados. Ambos disseram que as análises serão mais políticas do que jurídicas.

“Fundamentalmente, este será um embate político, mas haverá várias facetas regimentais. Daí a necessidade de ter parlamentares mais experientes que conheçam o Regimento. Também teremos questões jurídicas. Alguns parlamentares, por exemplo, já ingressaram com processos no STF. Ainda assim, todos nós podemos ser convocados. Não estou pleiteando, mas vou trabalhar em plenário”, avisou Givaldo Vieira.

“Todo esse processo é puramente político. Não há fundamentação, não há provas de que a presidente Dilma tenha cometido ato de improbidade administrativa. Existe uma acusação de que ela tenha cometido pedaladas fiscais, mas esta é uma prática que foi cometida por Fernando Henrique Cardoso, por Itamar Franco, por Lula e por governadores e prefeitos. Só agora o TCU resolveu considerar essa prática um crime”, defendeu Helder.

O deputado Lelo Coimbra (PMDB) afirmou que o clima em Brasília, a rigor, está bastante mexido e tumultuado. Ele ainda não sabe se será convocado pelo seu partido para compor a Comissão Especial de Impeachment. Para ele, a avaliação terá um cunho político.

“Todo o processo tem critérios, parâmetros de responsabilidade formal, mas haverá análise de cunho político. Não podemos deixar que a Casa pare de trabalhar. Portanto, defendo a suspensão do recesso”, disse Lelo.