Política

Deputados do Espírito Santo defendem investigação de Temer e até impeachment

Maioria dos deputados federais do Espírito Santo defende a investigação do caso envolvendo o presidente e os ex-ministros da Secretaria de Governo, Geddel, e da Cultura, Marcelo Calero

PSOL e PT protocolarão pedido de impeachment de Temer Foto: Agência Brasil

A maioria dos deputados federais do Espírito Santo defende a investigação do caso envolvendo o presidente da República, Michel Temer (PMDB), e os ex-ministros da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, e da Cultura, Marcelo Calero.

Em nota, Lelo Coimbra (PMDB-ES) disse que a saída de Geddel era necessária e urgente.

“O episódio que o envolveu não permitiria sua permanência. O governo tem desafios importantes para o País e não pode cometer erros primários como esse, especialmente num momento em que se busca uma nova institucionalidade brasileira, dentro de padrões éticos e não patrimonialistas, além do resgate econômico”, destacou.

Carlos Manato (SD-ES) disse que, se Calero se sentiu ofendido, ele está certo em ter denunciado o caso. “Agora tem que se apurar. Botar o Ministério Público e a Polícia Federal para apurar. E quem cometeu o crime, qualquer que seja, que pague na forma da lei”.

Max Filho (PSDB-ES) deu a discussão como encerrada. “Acho que a demissão do Geddel encerra esse capítulo. O ministro da Cultura pediu para sair, saiu, e o Geddel foi demitido por um ato antiético que praticou no Governo Federal. Eu acho que o presidente fica preservado, na medida em que os dois ministros saíram do governo”, declarou o tucano.

Outros parlamentares defendem sanções mais drásticas para o presidente. “Penso sempre que toda denúncia deve ser investigada, seja ela sobre quem for, independente do partido que o denunciado faça parte. O que está acontecendo é muito grave. Imagina um presidente cuidando de interesses particulares de um ministro?”, comentou Helder Salomão (PT-ES).

Caso as denúncias venham a ser comprovadas, Salomão sugere o impeachment de Temer. “Se confirmada a denúncia é sim passível de um pedido de afastamento do presidente. O que defendemos é que haja punição rigorosa. É impressionante como o presidente se comporta desta maneira”.

Givaldo Vieira (PT-ES) também defende o impeachment. “É muito grave a postura do Temer, que se utilizou da presidência para praticar um crime. Sendo comprovadas as acusações graves do ex-ministro, ele praticou um crime diretamente como presidente. Diferentemente da Dilma, cassada por questões que não consideravam crime e muito menos tinham ligação com sua conduta pessoal”, opinou Givaldo. 

“Neste caso, pessoalmente, o próprio presidente fez pressão sobre o ministro para atender interesses criminosos do Geddel. O impeachment é mais do que necessário. É um governo insustentável, sem apoio popular, que não consegue dar respostas à crise da economia e um governo que é amplamente manchado pela corrupção”, completou o deputado do PT. 

Sergio Vidigal (PDT-ES) também não poupou críticas a Michel Temer, que estaria conduzindo o governo federal na antemão do que demanda a sociedade brasileira. “A gente lamenta muito. Num momento em que o país clama por transparência, que acabou de ser afastada uma presidente por ter praticado crime de responsabilidade e uma série de denúncias de corrupção. Estou encaminhando ao PDT nacional um pedido para que o partido se posicione porque isso é um fato grave”.

Para Vidigal, a crise política tem contribuído grandiosamente para impedir a retomada do crescimento da economia do país. “Governo com falta de credibilidade é impossível buscar alternativas para recuperar a economia porque não tem credibilidade para fazer reformas. Está ampliando ainda mais a falta de crédito que a sociedade tem na classe política brasileira”. 

Segundo o pedetista, caso as denúncias sejam comprovadas, ele é a favor do impeachment de Temer. “Acho que é um instrumento legal [o impeachment]. Se o que o ministro falou foi verdadeiro é um fato muito grave. Vamos conviver com isso por mais quanto tempo?”, indagou o parlamentar.

Evair de Melo (PV-ES) também disparou críticas contra o presidente da República. “Eu acho uma vergonha o Michel, um homem que se dizia preparado, ter escalado gente tão ruim para fazer esse governo de transição. A fama de Geddel nunca foi de transparência para a condução da vida pública que o Brasil precisa. Ele é mais um de tantos outros. Não caiu a ficha de Michel de que ele deveria estar com gente intocável ao lado dele”. 

Diferentemente de Helder, Givaldo e Vidigal, Evair, Max e Manato não falaram em impeachment. Para Max “é previsível”, partindo do PT, um pedido dessa natureza. “O PT pediu o impeachment de todos os presidentes. Não ia ser diferente com Michel Temer nem será diferente com o próximo”. Manato destacou que o país acabou de sair de um afastamento. “O Brasil não comporta isso agora. Mas tem que se investigar tudo”, defendeu. 

Já Evair disse que o PT não tem moral para pedir impeachment, já que protagonizou na Câmara, junto a partidos como o próprio PMDB do presidente, a anistia ao caixa dois. “Acho que é o sujo falando do mal lavado. O PT se junto ao PMDB numa megaoperação para anistia ao caixa dois. Então isso é para jogar para a galera. O PT tem que voltar para casa e reconstruir sua história”.  

PSOL e PT vão pedir impeachment de Temer

A liderança do PSOL na Câmara anunciou em nota, nesta sexta-feira, que o partido irá protocolar o pedido de impeachment do presidente na próxima segunda-feira (28), em razão da acusação do ex-ministro Marcelo Calero. Segundo Ivan valente (PSOL-SP), líder da sigla, “agora sim estamos diante de um crime de responsabilidade sem margem para dúvidas”.

O líder da oposição, senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também anunciou que o PT está elaborando uma peça para pedir o afastamento de Temer. Agora, a sigla busca contato com movimentos sociais para definir quem assinará o pedido, previsto para ser protocolado na segunda.

Entenda o caso

Na semana passada, Calero pediu demissão alegando que estava sendo pressionado para liberar uma obra no centro histórico de Salvador. Geddel é proprietário de um apartamento em um edifício cuja construção foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), subordinado ao Ministério da Cultura. 

Por estar localizado em uma área tombada como patrimônio cultural da União, o máximo de pavimentos permitidos é 13, mas a construtora queria 31. Em depoimento prestado à Polícia Federal, Calero disse ter sido “enquadrado” por Temer a fim de encontrar uma “saída” para desembargar a construção do condomínio na capital baiana, no qual Geddel comprou um apartamento. Insustentável no governo, Geddel pediu demissão nesta sexta-feira (25).