A presidente Dilma Rousseff enfrenta neste domingo (27) mais um dia de agenda cheia durante sua passagem por Nova York, onde discursa na próxima segunda-feira (28) na abertura da 70º Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Neste terceiro dia de passagem pelos Estados Unidos, a presidente terá encontros com grandes lideranças mundiais e deve anunciar as metas brasileiras para a Cúpula do Clima de Paris, que ocorre no final do ano.
Como o Brasil alcançou antecipadamente a maioria dos Objetivos do Milênio propostos pela ONU em 2000, o cumprimento dessas metas também será ressaltado pela presidente para os chefes de Estado e de governo reunidos em Nova York, como a redução do desmatamento, o aumento da escolarização de crianças de até seis anos, as políticas de superação da pobreza e garantias da segurança alimentar e nutricional.
A agenda da presidente nesta domingo começa ás 10h (horário de Brasília) com uma sessão breve de Conferência das Nações Unidas para a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015. Às 11h30, Dilma participa de um encontro marcado com líderes globais para debater a igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres.
Mais tarde, às 12h30, a presidente se reúne com o presidente da França, François Hollande, com o presidente do Peru, Ollanta Humala, e com o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Juntos, eles protagonizam um almoço cujo tema central são as mudanças climáticas. A lista desses compromissos do governo brasileiro revelada no encontro deverá também ser repetida durante a fala na Assembleia Geral .
Conselho
Neste sábado (26), a presidente se reuniu com a cúpula de líderes do G4 — grupo composto por Brasil, Índia, Alemanha e Japão — para defender a importância de um Conselho de Segurança da ONU mais representativo. Segundo Dilma, a reforma do conselho é “a principal questão pendente” na agenda da organização internacional.
— Acredito que quando se trata da paz e segurança coletiva, que hoje estão ameaçadas, os resultados não avançaram muito. Por isso, a reforma do Conselho é a principal questão pendente. Nós precisamos de um Conselho renovado, que reflita adequadamente a nova correlação de forças mundial.
De acordo com a presidente, desde a fundação da ONU o mundo passou por muitas mudanças, inclusive no número de países que naquela época integrava a entidade.
— Em 1945, eram 51 estados que integravam a Assembleia-Geral das Nações Unidas e o Conselho de Segurança tinha 11 membros, portanto, 22%. Hoje, são 193 Estados e um Conselho composto de 15 membros. Portanto, uma queda bastante significativa do percentual de representação.
Após o encontro de Dilma com a chanceler alemã, Ângela Merkel, e os primeiros-ministros da Índia e Japão, Narendra Modi e Shinzo Abe, o Itamaraty divulgou uma nota conjunta do grupo defendendo a necessidade de avanços na reforma do Conselho.
Atualmente, o Conselho de Segurança da ONU tem 15 vagas, das quais cinco são permanentes e dez rotativas, com membros eleitos pela Assembleia-Geral a cada dois anos. Estados Unidos, Rússia, Grã-Bretanha, França e China possuem assento permanente no órgão. O conselho é o único fórum da entidade com poder decisório e todos os membros das Nações Unidas devem aceitar e cumprir suas decisões.
Discurso
Durante a abertura da 70º Assembleia Geral da ONU, na segunda-feira (28), Dilma será um dos chefes de Estados a discursar. Em sua fala, a presidente vai destacar, além da necessidade de reforma no Conselho de Segurança, questões como a imigração de refugiados para o território europeu.
A intenção do governo brasileiro é sensibilizar os membros do Conselho de Segurança para que o País consiga um assento permanente. Nesse sentido, ao abrir o debate de alto nível da Assembleia, a presidenta Dilma Rousseff deverá ressaltar que a organização enfrenta dificuldades de representatividade para tratar de temas importantes da atualidade.
Dilma também deve mencionará a questão dos imigrantes sírios como um desafio urgente a ser enfrentado pelos líderes mundiais.
Desde que discursou pela primeira vez na ONU, em 2011, a presidenta repete posicionamentos do Brasil sobre questões internacionais. Desse modo, ela deverá novamente defender a paz no Oriente Médio e o direito de existir um Estado da Palestina.