Durante a CPI da Covid, nesta quarta-feira (30), o senador Marcos do Val disse que foi convidado por Carlos Wizard para uma live com um grupo de médicos, inclusive a oncologista Nise Yamaguchi, após ter tornado público que utilizou medicamentos para tratamento precoce da covid-19.
“Fui contactado por Wizard dizendo que tinha um grupo de médicos que estavam estudando essas medicações, a Nise Yamaguchi, dentre outros, e se eu gostaria de fazer uma live para eles explicarem que pesquisas eram essas e como eram utilizados esses medicamentos. Eu topei. Fizemos essa live”.
Durante a fala, o senador fez uma série de elogios ao depoente. “Quando não se tem interesse, se está fazendo um trabalho de coração, isso a gente sente, é notório, não precisa convencer as pessoas disso. E todo o trabalho dele foi nesse sentido. Aproveito aqui e te parabenizo por isso”.
Ao lado de senadores bolsonaristas como Marcos Rogério (DEM-RO), Jorginho Mello (PL-SC), Eduardo Girão (Podemos-CE) e Ciro Nogueira (PP-PI), Do Val busca blindar o governo de críticas na CPI da Covid.
“Isso é uma confissão de culpa”, diz Contarato a Wizard
Do lado dos oposicionistas, Fabiano Contarato (Rede), que não integra a comissão, tem participado ativamente da CPI. Segundo ele, ainda que sem falar abertamente, Wizard assumiu que participou de uma espécie de gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente.
“O senhor afirmou aqui que respondeu ao convite do ministro Pazuello com as seguintes palavras. Abre aspas, quero servir como voluntário, sem qualquer vínculo com a administração, fecha aspas. Aqui, eu não tenho dúvida. Isso é uma confissão de culpa (…). A razão de ser do gabinete paralelo é justamente a ausência de vínculo com a administração pública”.
Carlos Wizard mantém silêncio durante depoimento
Logo início do depoimento, quando apresentou sua versão, Wizard negou que tenha participado ou tenha conhecimento do “gabinete paralelo” e afirmou também que nunca fez “qualquer movimento” para a compra de medicamentos para enfrentamento à covid ou financiamento de comunicação sobre o tema.
Durante todo o restante da participação, o empresário se limitou a dizer que, por orientação dos advogados, se reservaria ao direito de permanecer em silêncio.
A situação fez com que o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), sugerisse até mesmo o uso de um gravador pelo depoente. “É melhor ele colocar um gravador e nem precisa abrir a boca, ‘me reservo aqui ao direito de ficar…'”, ironizou Aziz.
Mesmo diante do silêncio do depoente, os senadores exibiram vídeos em que o empresário defende o tratamento precoce contra a covid-19, diz que foi um dos conselheiros do presidente durante a pandemia, e que fez parte de um comitê para analisar contratos com fornecedores de medicamentos e respiradores.