Política

E depois de tanta briga, União Brasil capixaba pode ser comandado pelo PP

Se for concretizada a federação entre os dois partidos, o comando do grupo no Estado caberá ao PP, ou melhor, ao presidente do PP-ES, deputado Da Vitória

Da Vitória preside o PP no Estado (foto: divulgação)
Da Vitória preside o PP no Estado (foto: divulgação)

Após tanta confusão envolvendo a disputa pelo comando do União Brasil no Estado, com judicialização, reuniões em Brasília, intervenção de governador e até inclusão de políticos de fora para pacificar os ânimos, o partido corre o risco de ficar sob a liderança do Partido Progressistas.

Se a federação entre o PP e o União Brasil for concretizada, o comando do grupo no Espírito Santo ficará a cargo do PP. A informação foi confirmada pela assessoria do PP Nacional à coluna De Olho no Poder, na tarde desta quinta-feira (20), e ratificada pelo PP capixaba.

Isso porque o critério adotado para definir uma eventual presidência da federação nos estados será o tamanho da bancada federal, ou seja, o número de deputados federais que cada partido possui atualmente em cada estado.

No Espírito Santo, o PP tem dois deputados federais – Josias da Vitória e Evair de Melo –, enquanto o União Brasil não conquistou nenhuma cadeira na Câmara dos Deputados na última eleição (2022).

Dessa forma, se a federação vingar, em solo capixaba o comando será do deputado federal Josias da Vitória, que hoje preside o PP capixaba.

Em uma federação, os partidos mantêm sua autonomia e continuam com seus diretórios e executivas próprias. No entanto, as decisões sobre coligações, formação de chapas e candidaturas passam a ser tomadas pelo presidente da federação.

O Progressistas já deu o aval para a federação, falta agora a resposta do União, que deve ser divulgada até esta sexta-feira (21). Se os dois partidos se unirem, formarão a maior bancada da Câmara Federal, com 109 deputados, superando o PL (92 deputados) e a federação PT-PV-PCdoB (80 deputados).

Histórico de disputa

Ricardo Ferraço presidia o antigo DEM

A disputa pelo comando do União Brasil no Espírito Santo remonta à criação do partido, em 2022, com a fusão do DEM e do PSL.

Havia um acordo para que o atual vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB), ficasse à frente do partido. Na época, Ricardo estava sem mandato e na presidência estadual do DEM.

No entanto, Rigoni, então deputado federal, filiou-se ao União Brasil sob a condição de ocupar uma posição de comando na legenda. Foi criado um impasse e a questão foi levada para a cúpula nacional do partido, liderada, à época, por Luciano Bivar.

Juntamente com o então vice-presidente Antonio de Rueda e o secretário-geral ACM Neto, Bivar decidiu que o União Brasil no Espírito Santo ficaria sob a liderança de Rigoni. Como consequência, Ricardo e toda família Ferraço deixaram o partido.

Ações na Justiça

Em 2023, após ser eleito para continuar na presidência do diretório estadual, Rigoni teve sua eleição contestada na Justiça por Amarildo Lovato, que alegou irregularidades no processo.

Até mesmo Bivar, que antes apoiava Rigoni, mudou de posição e não reconheceu sua eleição. Diante disso, Rigoni acionou a Justiça para obrigar o diretório nacional a homologar sua recondução ao cargo.

Com a saída de Bivar da presidência do União Brasil e a ascensão de Rueda, o diretório nacional finalmente reconheceu a eleição de Rigoni. Porém, nos bastidores, uma nova disputa já estava em curso.

Rigoni x Marcelo

Rigoni e Marcelo Santos com Rueda: disputa pelo União Brasil / crédito: Instagram

O presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos, eleito em 2022 pelo Podemos, deixou o partido e se filiou ao União Brasil. Porém, antes mesmo de oficializar sua entrada na sigla, começou a se articular para assumir o comando do diretório estadual.

No ano passado, Marcelo realizou diversas viagens a Brasília para se reunir com a cúpula nacional do União Brasil. Como ele vinha se afastando do governo estadual, havia a preocupação de que, ao assumir a legenda, ele pudesse conduzi-la para fora da base de apoio ao governador Renato Casagrande (PSB).

Com a pulga atrás da orelha, Casagrande entrou em cena para assegurar a permanência do partido com o aliado Rigoni. Pelo menos até as eleições municipais do ano passado. E assim foi feito.

Como a disputa entre Rigoni e Marcelo persistiu nos bastidores, um acordo foi articulado para pacificar a legenda e manter o partido na base governista.

A solução envolveu três pontos principais:

  • Apoio a Marcelo Santos na reeleição da presidência da Assembleia;
  • Garantia de que o União Brasil permanecerá na base de Casagrande em 2026;
  • Indicação do prefeito de Cariacica, Euclério Sampaio (MDB), para presidir o União-ES, com a missão de fortalecer a legenda para as eleições de 2026 – já que o desempenho em 2022 foi pífio.

Euclério aceitou a empreitada e ficou de se filiar ao partido após o Carnaval. No entanto, essa decisão pode mudar dependendo do desfecho das negociações sobre a federação. A conferir.

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Fabiana Tostes
Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.