Política

'É preciso que a gente caminhe na mesma direção', diz Casagrande sobre comportamento de Bolsonaro

Segundo o governador do Espírito Santo, atitudes de Bolsonaro são contraditórias e confundem a cabeça da população

Foto: Reprodução

O governador Renato Casagrande voltou a manifestar, durante entrevista coletiva na noite desta quinta-feira (30), insatisfação com a postura do presidente Jair Bolsonaro diante da pandemia do novo coronavírus. Segundo o governador, as atitudes do presidente, de não dar o devido reconhecimento à gravidade da situação gerada pela pandemia, tem atrapalhado as ações do governo estadual.

“O que atrapalha o nosso trabalho é o comportamento de algumas pessoas do governo, especialmente do presidente, porque os sinais são muito contraditórios. Se eu estou aqui apelando à população capixaba que a gente precisa dar a nossa contribuição para o isolamento social e o presidente faz uma fala diferente e pratica atos diferentes, isso nos atrapalha muito. A energia que a gente tem gasto para convencer as pessoas é muito grande, e isso esgota a gente. É preciso que a gente caminhe na mesma direção”, ressaltou Casagrande.

“Muitas pessoas perdem as vidas todos os dias no Brasil e quando você não tem o reconhecimento dessa realidade, isso acaba colocando dúvida na cabeça dos brasileiros, dos capixabas, e dificulta também aquilo que a gente está buscando administrar o sistema de saúde”, completou o governador.

Casagrande, no entanto, reconheceu que o governo federal tem dado alguma contribuição ao Espírito Santo, ainda que pequena. O governador citou, por exemplo, que desde o início da crise, o governo federal já repassou ao Estado e aos municípios capixabas cerca de R$ 55 milhões.

Entretanto, pelo menos duas autoridades do governo estadual já manifestaram insatisfação com a postura que o governo federal tem adotado com os estados. Esta semana, o secretário de Estado da Educação, Vitor de Ângelo, criticou as regras impostas pelo MEC para a Sedu usar o dinheiro que vem da União para a merenda escolar. Questões burocráticas impedem o uso da verba, que representa 10% do total destinado à merenda.

“Nesse momento que a gente está tendo gastos extras, gastos com serviços não planejados, estamos tendo que buscar soluções especificamente para esse momento. Então isso está trazendo a necessidade de um aporte de recursos. Você não conseguir usar de um recurso que, embora pequeno, era importante e que a gente já utilizava na alimentação, é bastante complicado”, ressaltou.

Já o secretário da Saúde, Nésio Fernandes, foi mais longe e classificou o apoio federal para o combate à covid-19 no Espírito Santo como ridículo. Durante entrevista coletiva nesta quinta-feira, o secretário citou a insuficiência de recursos para a abertura de novos leitos.

“Nós não recebemos nem 20 ventiladores do Ministério da Saúde. Os recursos que vieram para o covid são ridículos no que diz respeito ao conjunto gigantesco de obras e despesas que a gente tem com o vírus”, afirmou Fernandes.

Economia

Já na economia, o que se vê é a grande preocupação dos micro, pequenos e médios empresários com o fechamento do comércio. Muitos não escondem que estão à beira da falência, e nem o auxílio emergencial de R$ 600 para os mais pobres, nem as linhas de crédito facilitado para os comerciantes são capazes de reduzir a angústia.

Ao longo de toda a quarentena, os comerciantes seguem pedindo a reabertura das atividades, o que pode acontecer na próxima segunda-feira (4). No entanto, Renato Casagrande afirmou, nesta quinta, que a decisão sobre esse assunto só será anunciada no próximo sábado (2).

Questionado se uma ajuda maior da União para o setor poderia diminuir a pressão pelo fim do isolamento social, o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, não polemizou e disse que tanto as medidas estaduais quanto as federais estão dentro daquilo que é possível ao poder público.

“Tanto o governo federal como o governo estadual têm tomado as medidas corretas, ao meu ver. Mas isso nada mais é do que um paliativo. Há um clamor da população de voltar ao trabalho”, destacou.

Por meio de nota, o governo federal afirmou que os temas relacionados a serviços públicos estaduais e municipais estão sendo encaminhados ao projeto de lei complementar que está no Senado Federal, e que a previsão é que ele seja votado neste sábado.

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV