Envolvido em um acidente de trânsito em Vitória, em julho deste ano, quando foi autuado em flagrante por embriaguez ao volante, o advogado Vinícius de Lima Rosa foi nomeado, no mês passado, ouvidor-geral da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Espírito Santo (OAB-ES).
A nomeação aconteceu logo depois da reeleição do presidente da OAB-ES, José Carlos Rizk Filho. Antes, Vinícius era membro da Comissão de Direito e Prerrogativas da Ordem.
O acidente no qual Vinícius se envolveu aconteceu no dia 11 de julho, na chamada Rua da Lama, em Jardim da Penha. Na ocasião, o carro dele atingiu outros três veículos. Ele foi levado para a delegacia, onde foi autuado por embriaguez ao volante.
Cinco meses após o ocorrido, Vinícius falou com a reportagem do Folha Vitória e garantiu estar arrependido pelo que aconteceu. Ele garantiu que, na época dos fatos, fez questão de procurar os proprietários dos outros veículos envolvidos e que arcou com todos os prejuízos.
Além disso, o advogado disse ter assinado um acordo de não persecução penal com o Ministério Público do Espírito Santo (MPES), para que não fosse aberta uma ação penal sobre o caso.
O acordo é uma possibilidade dada a autores de infrações penais cometidas sem violência ou grave ameaça e que tenham pena mínima de até quatro anos, para “substituir” o processo criminal por outras formas de reparação dos danos.
“Procurei indenizar todas as pessoas prejudicadas em menos de um mês. Tudo o que elas alegaram terem sofrido de prejuízo eu arquei e chegamos a um acordo rápido. E reconheci meu erro perante o Ministério Público, para que não fosse aberta uma ação penal contra mim, o que me prejudicaria enquanto advogado”.
Vinícius afirmou que, logo após o acidente, voltou a frequentar uma igreja evangélica, o que, para ele, foi fundamental para suportar todas as manifestações contrárias que sofreu pelo envolvimento no caso.
“Sempre fui de família evangélica e, dias depois do ocorrido, me reconciliei com a igreja. Passei a receber acompanhamento espiritual com um pastor, para me ajudar a superar toda aquela pressão. Essa situação me trouxe sérios problemas psicológicos e afetou também a parte profissional”, disse.
Advogado garante que tem a confiança do presidente da OAB-ES
Sobre a nomeação para ser ouvidor da OAB-ES, Vinícius afirma que o presidente da Ordem, José Carlos Rizk Filho, já sabia do que havia acontecido em julho, mas que tem total confiança em seu trabalho e não deixou que a situação se tornasse um empecilho.
“Estou alinhado com o presidente nessa questão. Agora quero fazer um bom trabalho e virar de vez essa página. Meu trabalho na ouvidoria é voluntário. Não recebo um real sequer da OAB para isso. Mas muita gente acredita que sou remunerado”, explicou.
“Não tenho nenhum processo contra mim, muito menos condenação criminal. Já pedi desculpas a todos e paguei pelos meus erros. Mas o que me deixa triste é ter que pagar pelo mesmo erro 200 vezes. Não é justo que toda vez que eu assumir um novo cargo, fiquem me relacionando àquele caso. É uma condenação eterna”, completou.
Por meio de nota, a OAB-ES informou que, até o momento, não há decisões que impeçam o advogado de assumir um cargo na entidade, e que não tem conhecimento de nenhuma condenação contra ele.
Disse ainda que, por força de Lei Federal, não pode repassar informações sobre eventuais apurações internas a respeito da conduta de advogados.