Política

Eleições: Barroso fala sobre atraso na divulgação dos resultados e garante: 'não há risco de fraude'

O primeiro turno das eleições municipais aconteceu no domingo (15)

Foto: TSE | Coletiva

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, realiza uma coletiva na noite desta segunda-feira (16) para falar sobre o resultado do primeiro turno das eleições municipais de 2020. 

“Apesar da chateação que nós tivemos, conseguimos divulgar o resultado final das eleições no mesmo dia. Isso é extraordinário. Uma eleição que teve mais de 110 milhões de eleitores ter o resultado divulgado na mesma noite. É bem verdade que a sociedade brasileira se acostumou com uma divulgação 4 ou 5 horas depois e nós levamos um pouco mais de tempo”, afirmou. 

Barroso garantiu ainda que não há risco de fraude e explicou como funciona a apuração e o processamento de dados. 

“Os resultados tiveram a mais absoluta integridade. Não há risco de fraude no sistema eleitoral brasileiro. O TSE só faz a totalização, o resultado das eleições sai da própria urna, imediatamente após o término da votação. Portanto, para quem gosta de voto impresso, vamos passar a distribuir esse resultado que sai da urna e que é acessível à qualquer pessoal, que é afixado do lado de fora da sessão eleitoral e entregue em cópias. Toda urna divulga, de forma impressa, ao final do horário de votação, às 17h, os resultados, quantos votos teve cada candidato naquela urna. A partir daí, os candidatos têm acesso a esses dados e a população tem acesso a esses dados, de modo que, imaginar que um atraso de 2h30 na contabilização possa repercutir sob o resultado, é simplesmente não lidar com a realidade. A realidade sai da urna e esses dados são enviados para a totalização”, explicou.     

Ataque hacker

Barroso também falou sobre a tentativa de ataque hacker sofrida pelo TSE, que segundo as investigações, veio dos Estados Unidos, Brasil e Nova Zelândia. O sistema teve 436 mil conexões por segundo.

Além disso, dados de funcionários do TSE e de ministros foram vazados, como se os hackers tivessem conseguido acesso na data da eleição de domingo. Porém, segundo o presidente do órgão, os dados foram acessados anos antes e foram divulgados no dia do pleito com o objetivo de levantar suspeitas sobre o sistema eleitoral. Os dados dos funcionários, segundo Barroso, eram referentes a 2001 a 2010.

Ainda de acordo com o presidente do TSE, as investigações apontaram que milícias digitais também se juntaram para levantar dúvidas sobre o processo eleitoral nas redes. Barroso afirmou que há a suspeita de que houve participação e articulação de “grupos extremistas que se empenham em desacreditar as instituições e clamam pela volta da ditadura”.

O presidente do TSE informou que formalizou um pedido de investigação da Polícia Federal sobre o caso.

Instabilidade e atraso na apuração

O presidente do TSE também explicou a instabilidade do sistema de totalização de votos, que durante parte da tarde e início da noite, ficou lento e chegou a travar.

A secretaria de tecnologia do TSE informou que contratou os serviços de um ‘supercomputador’, que era responsável de uma tarefa nova, a centralização da totalização dos votos.

Segundo Barroso, a mudança no sistema de apuração e de equipamentos se deveu a uma recomendação de segurança feita pela Polícia Federal.

Ainda de acordo com o departamento de tecnologia do TSE, a demora na chegada do equipamento, em decorrência da pandemia (foi adquirido em maio e só chegou em agosto) impediu que pudessem ser feitos todos os testes prévios, o que, segundo os técnicos, foi o motivo do problema.

O órgão diz ainda que no dia da eleição, a inteligência artificial do equipamento demorou a realizar a aprendizagem para processar os dados no volume e velocidade com que chegavam, daí sua lentidão e travamento. Por conta disso, foi necessário a interrupção da totalização dos votos e reinicialização do sistema. 

O acordo para utilização do ‘supercomputador’ custou mais de 14 milhões de reais, segundo Barroso.

Problemas no aplicativo e-titulo

O aplicativo disponibilizado pelo TSE para facilitar a vida de eleitores, com o título virtual e serviços para justificativa acabou apresentando problemas durante o domingo (15).

De acordo com Barroso, foram 12 milhões de pedidos de emissões de e-titulo apenas no domingo (15). 

As causas da instabilidade no sistema ainda estão sendo investigadas.