Política

Em Vitória, Marina Silva diz que o Brasil "aprendeu a lição" com o governo de Bolsonaro

Ex-ministra ainda afirmou que o País, após o segundo turno das eleições, precisa fazer um movimento de conciliação consigo mesmo

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

A visita de Marina Silva (Rede), ex-ministra e deputada federal eleita por São Paulo,  ao Espírito Santo, nesta quinta-feira (27), foi dividida em dois momentos: entrevista coletiva para a imprensa e participação em ato ecumênico organizado por representantes a esquerda no Estado. 

Em ambos os eventos, que aconteceram em Vitória, a redista defendeu a democracia, criticou o uso da religião como arma política e disse que o País “aprendeu a lição” com o governo do atual presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), que tenta a reeleição.

“Temos que continuar conversando, porque nós aprendemos a lição. Quando a democracia está ameaçada, precisa de todo mundo para fazer essa travessia; quando ela estiver preservada, nós vamos continuar conversando”, disse.

Marina ainda afirmou que o País, após o segundo turno das eleições, precisa fazer um movimento de conciliação consigo mesmo. 

“Quando terminar essa campanha, eu espero em Deus que a gente junte os cacos dessa violência que foi impingida na sociedade brasileira, porque a gente vai continuar sendo primo, sendo irmão, sendo vizinhos, e essa violência e esse ódio não podem prevalecer”, pontuou.

Convertida ao protestantismo desde 1997, a ex-ministra rechaçou o uso excessivo da religião no debate político nacional, especialmente pela ala mais conservadora da sociedade, afeita ao bolsonarismo e defensora da ideia de que a disputa pela presidência da República, em que estão no páreo Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), se trata de uma guerra espiritual, de uma luta do bem contra o mal.

Para Marina, apesar da importância de ter todos os segmentos da sociedade inseridos nas discussões políticas, entre eles os evangélicos, não se pode esquecer de que o Estado é laico.

“Há uma demanda legítima de participação de todos os segmentos da sociedade no espaço da política, e com os evangélicos não é diferente. Agora, nós somos um  Estado laico, e no Estado laico, ele tem políticas públicas para todos os segmentos da sociedade; as políticas públicas são feitas para quem crê, para quem não crê, para quem é evangélico, para quem não é. E é nesse sentido que a gente dialoga com os diferentes segmentos”, ressaltou.

A ministra ainda aproveitou o momento da sua resposta para dizer que Lula, para quem ela pediu voto reiteradas vezes durante todo o tempo em que esteve em Vitória nesta quinta-feira, tem sido alvo de diversas calúnias por parte da direita e da extrema direita religiosa, que tem espalhado a falsa informação de que o petista, caso eleito, pretende fechar as igrejas. 

“O presidente Lula assinou uma carta de compromisso com o povo evangélico, de respeito à fé. Eu sei que é doloroso para ele, porque ele vem sendo caluniado de que irá fechar as igrejas, e teve de assinar um compromisso daquilo que ele nunca fez e nunca pretenderia fazer”, frisou.

Bolo para Lula, voto para Casagrande e ausência do governador

Logo após a entrevista coletiva para a imprensa do Estado, Marina seguiu, acompanhada por nomes como o senador Fabiano Contarato (PT), o deputado federal Helder Salomão (PT), a deputada federal recém-eleita e presidente estadual do PT, Jackeline Rocha, a deputada estadual Iriny Lopes (PT), entre outras lideranças da esquerda capixaba, para um ato ecumênico na Praça dos Desejos, na Capital.

Foto: Thiago Soares/Folha Vitória

Do alto de um trio elétrico, Marina discursou para uma multidão de apoiadores, fez novas críticas ao governo Bolsonaro, endossou o coro de parabéns para Lula, que aniversariou nesta quinta-feira, além de ter pedido votos para Casagrande, que não foi ao evento por estar se preparando para o último debate entre os dois candidatos ao governo do Estado antes da eleição.

A ex-senadora chegou a pedir para que os presentes no ato torcessem por Casagrande. “É importante que ele vá bem no debate, para vencer essa batalha”, lembrou Marina.