Política

ES tem déficit de mais de 2,6 mil leitos clínicos, diz secretário durante audiência na Ales

Sobre o atraso nos repasses de recursos para hospitais, o secretário disse que "o governo do Estado está fazendo um esforço concentrado para liquidar todos os pagamentos"

O secretário esteve na ales, nesta segunda-feira (17) Foto: Divulgação/Assembleia

Atualmente o Espírito Santo possui um déficit de 2.655 leitos clínicos e 405 de UTI. Os dados foram informados pelo secretário estadual de Saúde, Tadeu Marino, durante prestação de contas na Assembleia Legislativa do Espírito Santo, na manhã desta segunda-feira (17). 

Segundo Tadeu, para resolver o problema o Estado teria que abrir cerca de mais cinco hospitais de grande porte. “Esse é o retrato do Espírito Santo hoje. Se a gente continuar nesse ritmo, são necessários, no mínimo, oito ou 10 anos para resolver essa situação. Temos que ser realistas. Enquanto a nossa atenção primária não for cada vez mais qualificada, a gente vai continuar enchendo nossos hospitais de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes mal acompanhadas. É o envelhecimento da população mal acompanhado”, explicou o gestor. 

De acordo com Marino, metade dos atendimentos nos hospitais estaduais poderia ser solucionada na rede de atenção básica. “Quase 50% dos atendimentos no São Lucas, que é um hospital de traumas, poderiam ser resolvidos na atenção primária. A mesma coisa acontece no Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória, que virou um ambulatório infantil”, alertou. Hoje, as principais causas de internação hospitalar são: gravidez, parto e puerpério; doenças do aparelho circulatório; lesões; doenças do aparelho digestivo; e doenças do aparelho respiratório. 

Este foi um dos desafios pontuados por Marino para o aprimoramento do sistema de saúde estadual, assim como os mais de 80 mil trotes telefônicos recebidos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), de janeiro a agosto de 2014, que acabaram prejudicando a rapidez no atendimento. Outro problema é a falta dos pacientes às consultas. Segundo dados da secretaria, 40% das consultas e exames especializados são desperdiçados. Das 57 mil vagas ofertadas mensalmente, mais de 20 mil não são aproveitadas pela população. 

Investimentos

Marino destacou ainda os recursos investidos no setor. Em 2014, o Estado destinou R$ 175 milhões para o financiamento hospitalar. “Nós estamos financiando a assistência de média e alta complexidade com recursos próprios. É necessário um maior repasse federal para a saúde, precisamos de 10% do PIB”, reclamou. Já dos R$ 480 milhões repassados para o custeio dos hospitais filantrópicos, R$ 148 milhões são de recursos próprios do Estado. 

Para o Samu, o Governo destinou R$ 25 milhões, sendo R$ 1,1 milhão para a Grande Vitória; R$ 5,25 milhões para as regiões central e norte; R$ 4,75 milhões para a região sul; e R$ 13,9 milhões para a aquisição de um helicóptero para o transporte aéreo de pacientes. 

O secretário também apresentou aos convidados o Hospital Estadual de Urgência e Emergência, conhecido como novo Hospital São Lucas, que foi inaugurado em setembro e está funcionando com aproximadamente 100 leitos. Marino se comprometeu a disponibilizar mais 75 leitos na unidade até o fim do ano. 

Ele também destacou o investimento em cinco novos centros de especialidades (Nova Venécia, Linhares, Santa Teresa, Domingos Martins e Guaçuí), além do investimento na saúde da família e na rede estadual de oncologia. O gestor também ressaltou que o Espírito Santo é o estado da região sudeste com a menor taxa de mortalidade infantil. E destacou ainda a queda nos índices de suicídio. De 171 casos em 2012, o número caiu para 81 em 2014 (até setembro).  

Repasses

Após a explanação do secretário, o presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, deputado Doutor Hércules (PMDB), abriu para as perguntas dos membros da mesa e do público. O presidente da Casa, deputado Theodorico Ferraço (DEM), questionou sobre o repasse de recursos para o pagamento de hospitais da rede privada, como a Clínica Santa Izabel, de Cachoeiro de Itapemirim, que atende pessoas com doenças mentais pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Marino informou que muitas unidades não passam pelo crivo da vigilância sanitária e não têm profissionais capacitados para o atendimento, principalmente as clínicas de saúde mental. Mesmo assim, segundo ele, “o governo do Estado está fazendo um esforço concentrado para liquidar todos os pagamentos. Todos os hospitais têm alguma coisa para receber”, afirmou.  

Prestação de contas

Os questionamentos a Marino atendem ao previsto no artigo 12 da Lei Federal 12.438/2011, que determina que o gestor do Sistema Único de Saúde, em cada esfera de governo, deverá apresentar em audiência pública no Legislativo relatório circunstanciado referente à sua atuação naquele período. As contas do terceiro quadrimestre de 2014 (setembro a dezembro) serão apresentadas no início do próximo ano pelo novo gestor da pasta.