Política

Especialista capixaba sobre acidente de Campos: “Se a arremetida fosse feita de maneira errada, o estrago seria maior”

Em entrevista para o programa Fala Espírito Santo, da TV Vitória/Record, o especialista em investigação de acidentes aéreos Marcos Nascif comentou sobre a manobra que o piloto fez

Cabe somente a Aeronáutica investigar o fato com equipes especializadas. Tudo é especulação Foto: TV Vitória

Mesmo com uma aeronave potente, confiável, robusta e moderna, o acidente que culminou na morte do candidato a Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, na última quarta-feira (13). De acordo com o especialista em investigação de acidentes aéreos Marcos Nascif, tudo o que já foi revelado sobre o acidente é especulação.

Em entrevista para o programa Fala Espírito Santo, da TV Vitória/Record, Nascif também comentou sobre a manobra que o piloto fez, para evitar um estrago maior.

“A investigação de um acidente aéreo não tem data para ser concluída. A imprensa divulgou muitas coisas que são especulações. Cabe somente a Aeronáutica investigar o fato com equipes especializadas. Já até se falou que o jato teria colidido com pássaro, drone… Tudo é especulação”, afirma Nascif.

As caixas pretas foram enviadas para Brasília, onde a Aeronáutica vai decifrar os dados contidos nos equipamentos que podem elucidar as razões do acidente. “As caixas pretas são essenciais para se descobrir o que aconteceu. Em uma caixa preta, se tem a conversação do piloto com a torre de comando, já na outra, tem registrado todas as manobras feitas pelo avião”, conta Nascif.

O especialista comentou sobre a manobra feita pelo piloto que terminou no acidente: a arremetida. “Esse é um procedimento normal e, pelo que se viu, o piloto fez a manobra da forma correta, curvando a aeronave para a esquerda. Se a manobra não fosse bem feita, os estragos seriam bem maiores”, afirma Nascif.

Outro fato comentado na entrevista do programa Fala Espírito Santo, da TV Vitória/Record, foi a possibilidade de que o piloto estaria cansado na hora do acidente.

“Se a investigação apontar como fator contribuinte o cansaço, serão feitas recomendações de segurança de voo no sentido de coibir essa prática. Essa é uma questão de conscientização e não de regulamentação. O excesso de trabalho pode contribuir no exercício da profissão”, concluiu.

O acidente

Todas as pessoas que estavam dentro do jato morreram na hora Foto: Reprodução/Facebook/Tassio Ricardo

O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, morreu em um acidente de avião em Santos, na última quarta-feira (13). A confirmação inicial foi do deputado federal Walter Feldman (PSB-SP). Posteriormente, órgãos oficiais se manifestaram com a mesma informação. Assessores técnicos de campanha também estavam na aeronave e ninguém sobreviveu.

Aeronave estava irregular

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informou que a aeronave que transportava Eduardo Campos estava em situação regular. De acordo com o órgão regulador, o jato Cessna 560XL, prefixo PR-AFA, pertencia à Cessna Finance Corporation e estava com toda a documentação em dia.

Políticos capixabas prestam pesar

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), utilizou seu perfil no Facebook para lamentar a morte de Eduardo Campos. Em seu comentário, o socialista disse que está sem palavras para falar da perda do companheiro de partido. “Sem palavras para falar da imensa perda que sofremos. Vá em paz, Eduardo! Ficamos com a memória de sua amizade e de seus exemplos”, frisou.

O porta-voz da Rede Sustentabilidade no ES, Gustavo De Biase, lamentou a morte do candidato à Presidência da República. Muito triste, Gustavo disse que foi “tomado de grande surpresa e que o momento é para lamentar esta grande perda”.

O deputado federal Paulo Foletto (PSB) afirmou que foi uma grande perda para a política. “Agora vamos dar apoio à família de Campos. Um jovem com cinco filhos. Nesse momento de luto, o Brasil perde um político de futuro. O sofrimento partidário é imenso”, disse.

O ex-prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, destacou o futuro de Campos na política. “O Eduardo e a Marina eram uma grande dupla, tinham grande compromisso com a nação. O Nordeste do país está chorando, o Brasil está chorando”.

O prefeito de Vitória, Luciano Rezende (PPS), lamentou a morte de Campos, e preferiu não comentar possíveis mudanças no cenário político. “Nesse momento eu estou absolutamente chocado e triste com a morte de Eduardo Campos. Dentro do PPS, nos últimos meses, e todos acompanharam, fui uma das pessoas que mais defendeu a coligação com Eduardo, justamente por entender que era um líder jovem, bom gestor. Acredito que era a possibilidade de renovação na política brasileira”, disse.

Repercussão internacional

A rede de TV americana CNN noticiou o acidente que terminou na morte de Campos Foto: Reprodução/CNN

A notícia da morte trágica do candidato à Presidência do Brasil, Eduardo Campos, é destaque na imprensa norte-americana na última quarta-feira (13), no noticiário das redes de televisão e na internet. “Morre proeminente figura política do Brasil e candidato à Presidência”, destacou a CNN em sua página para os Estados Unidos.

O jornal The Wall Street Journal também destacou a notícia em sua página na internet, citando que o mau tempo provocou a queda da aeronave e que a candidata à vice de Campos, Marina Silva, não estava no avião.

Vítimas fatais

Além do candidato à presidência pelo PSB, Eduardo Campos, também morreram no acidente aéreo em Santos: Pedro Valadares Neto, ex-deputado e assessor particular do candidato; Carlos Augusto Percol Filho, assessor de imprensa; Marcelo de Lyra, cinegrafista, e Alexandre Gomes e Silva, fotógrafo. Os pilotos da aeronave Geraldo da Cunha e Marcos Martins também faleceram.