
O secretário estadual de Turismo, Victor Coelho (PSB), não economizou munição ao partir para o ataque contra o atual vice-prefeito de Cachoeiro, Júnior Corrêa (Novo). Em vídeo divulgado em suas redes sociais, Victor disse estar com “sangue nos olhos” e anunciou que o “tanque de guerra” da campanha está pronto para ser usado novamente.
“Eu sou da paz, mas estou com sangue nos olhos e aquele tanque de guerra da campanha está pronto e com muita munição a ser usada”, disse Victor. Segundo ele, sua postura seria uma resposta a supostos ataques que estaria recebendo por parte do vice-prefeito – a quem chamou de Padre Kelmon da Cofril – e de secretários do município.
Victor é ex-prefeito de Cachoeiro e deixou a gestão, após dois mandatos, sem conseguir eleger sua sucessora – Lorena Vasques (PSB) – no ano passado. Ela terminou a disputa em quarto lugar, com 11,27% dos votos, e Theodorico Ferraço (PP) se tornou prefeito.
“Passei oito anos da minha gestão sem falar uma vírgula da gestão anterior, do Carlos Casteglione (…) A Bíblia me ensinou a dar honra a quem tem honra, mas alguns secretários e o vice-prefeito da gestão atual não têm agido da mesma maneira. Ficam gastando tempo e energia e insistem em atacar minha gestão em vez de olhar para frente e mostrar competência para resolver os problemas da cidade”, disse o ex-prefeito, que continuou:
Eu fiquei quieto até então. Permaneci 100 dias em silêncio, mas chega um momento em que uma mentira contada várias vezes pode se tornar verdade na cabeça das pessoas. Então, a partir de hoje, eu vou quebrar esse silêncio. A cada ataque que eu receber de inverdade sobre a minha gestão terá resposta à altura, mas sempre mostrando a verdade”, afirmou.
Victor não citou no vídeo quais ataques seriam esses, mas o vice-prefeito deu uma entrevista para um podcast da região, afirmando que contratos da gestão passada tinham sido revisados e auditados, e que havia colocado em funcionamento maquinário da prefeitura que estava parado, sem utilização.
A gente precisou fazer, nesse início, quase que uma auditoria interna de contratos, de projetos, de convênios (…) Quem foi ao CMU no ano passado iria ficar espantado, era um cemitério de maquinário. Caminhão parado, retroescavadeira parada… Tinha duas retros boas que já estavam com número de lote para leilão, leilão esse que a gente conseguiu barrar no ano passado”, disse Júnior Corrêa na entrevista, que foi divulgada ontem (24).
“Padre Kelmon da Cofril, fique à vontade para investigar o que você quiser. Acho que você tem alguma obsessão por mim, não é possível, porque passou quatro anos de vereador sendo oposição declarada”, disse Victor, comparando o vice com um ex-candidato à Presidência da República – antes de ser vice-prefeito, Júnior havia anunciado que largaria a política para ser padre.
Vai sobrar para Ricardo Ferraço
Procurada, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Cachoeiro disse que nem a prefeitura e nem o vice-prefeito iriam se pronunciar a respeito, o que, num primeiro momento, ajuda a baixar a temperatura.
Mas, o discurso inflamado do secretário de Turismo tem potencial para criar um mal-estar na cúpula do governo do Estado. Isso porque ele é da base aliada, e o prefeito de Cachoeiro é pai do vice-governador, Ricardo Ferraço (MDB) – pré-candidato ao Palácio Anchieta no ano que vem.
Victor, aliás, lembrou que tanto ele quanto Theodorico fazem parte do mesmo projeto, como se demonstrasse surpresa com o fato de os supostos ataques terem partido da gestão do pai do vice-governador.
“Eu não fico olhando para o retrovisor, porque eu creio que temos em comum o mesmo projeto de 2026, liderado pelo governador Casagrande, que é a candidatura de Ricardo Ferraço, filho do atual prefeito, Theodorico Ferraço”.
Ricardo tem buscado arregimentar aliados para a disputa do ano que vem, que promete ser acirrada, e pelo jeito, deve sobrar pra ele o papel de bombeiro desse foco de incêndio na base.
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