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"Eu quero mais que o Lula morra", diz deputado do ES na Câmara

Declaração de Gilvan da Federal ocorreu na sessão em que comissão aprovou projeto que proíbe uso de arma de fogo por segurança do presidente

Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Deputados da bancada da bala que controla a Comissão de Segurança da Câmara aprovaram, nesta terça-feira (8), projeto de lei que pretende impedir o uso de armas de fogo por integrantes da segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de todos os seus ministros, em razão da posição desarmamentista do chefe do Executivo.

O placar final terminou com 15 votos favoráveis, oito contra e uma abstenção. A matéria agora vai para a Comissão de Administração e Serviço Público.

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Gilvan da Federal: “Eu quero mais que o Lula morra”

O relator da proposta, Gilvan da Federal (PL-ES), disse que deseja a morte do chefe do Executivo.

“Eu quero mais que Lula morra, eu quero que ele vá para o quinto dos infernos. Eu quero mais que ele morra, e que (os seguranças dele) andem desarmados”, disse.

O parlamentar recomendou a aprovação da proposta, ao considerar fundamental a adequação da segurança das autoridades listadas “à realidade imposta pelos mesmos ao cidadão comum”.

“O atual governo prega o desarmamento do cidadão, apesar da posição contrária da maioria esmagadora da sociedade expressa nas urnas no referendo sobre armas de fogo de 2005, impedindo o cidadão de exercer o direito à legítima defesa”, afirmou Gilvan da Federal.

“No entanto, o presidente da República, seus familiares e seus ministros contam com um aparato completo de segurança armada para defendê-los da criminalidade que tanto apoiam.”

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Delegado Caveira (PL-PA), autor da proposta, diz que a atuação dos agentes de segurança deve “estar de acordo com a ideologia do atual mandatário, que não vê nas armas de fogo algo benéfico para a sociedade”.

Para Caveira, seria necessário “vedar o uso de arma de fogo por esses agentes”. “É uma medida coerente com a visão do atual governo de promover uma cultura de paz, reduzir a violência e buscar soluções não violentas para os desafios de segurança”, afirmou.

Argumento contrário

Na reunião desta terça, o deputado Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) chamou o projeto de “tragicômico” e o classificou como inconstitucional. Ele cobrou um argumento técnico para a proposta, não ideológico.

“O presidente Lula nunca disse que agentes de segurança não podem estar armados. O que nós dizemos é que arma de fogo, para uso estimulado em massa pela população, não é uma boa política de defesa e de proteção”, afirmou Pastor Henrique Vieira.

“Desejar que alguém morra não é crime”, disse parlamentar

Na noite desta quarta-feira (9), Gilva se desculpou por sua fala. Antes do pedido de desculpas, no entanto, a equipe do deputado afirmou que as declarações de Gilvan da Federal “estão amparadas pela livre manifestação do pensamento, assim como pela prerrogativa e função amparada pela imunidade parlamentar“.

Para isto, o deputado utilizou o artigo 5º, inciso IV, e art. 53,da Constituição Federal de 1988, que diz: “É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.” e “Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.”

Na mesma nota, o deputado afirma que externalizar publicamente o próprio dissabor por seu desafeto político não é crime, pois se trata de conduta atípica sem qualquer descrição de crime previsto na lei penal.

Se alguém quiser discutir a declaração na seara de costumes é outras questão, se é moral ou imoral, certo ou errado poderia até ser debatido na perspectiva da religião, da família e tantos outros, menos nas atribuições da AGU, afirmou na nota.

Ainda em sua justificativa, o deputado argumentou que a AGU não pode se prestar ao desvio de competência para quem quer que seja, pois “trata-se de um órgão de Estado e não de um puxadinho político do planalto”.

Sendo assim, desejar que alguém morra, por si só, não é crime — pode ser considerado uma conduta imoral ou antiética, mas não configura ilícito penal, logo não é papel institucional da AGU, afirmou.

*Com informações do Estadão e da Agência Câmara de Notícias