Política

Roberto Carlos já fala como candidato ao Governo do ES e avisa: "Vou ser a zebra nesta eleição"

Deputado estadual é o mais cotado para disputar o Governo do Estado pelo PT. Já falando como candidato, ele se coloca como a "zebra" das eleições

Deputado Roberto Carlos é cotado para disputar o governo Foto: Divulgação

O PT definiu na semana passada que vai ter candidatura própria ao Governo do Estado, mas o nome que a sigla que vai concorrer ao Palácio Anchieta só deve ser divulgado nesta segunda-feira (23). Um dos mais cotados é o deputado estadual Roberto Carlos, mas também está colocado o nome da deputada federal Iriny Lopes.

No entanto, Roberto Carlos já fala como candidato, disse os motivos que o levaram a tomar essa decisão de colocar seu nome à disposição do partido e fala sobre quais seriam suas principais bandeiras de campanha.

Confira a entrevista na íntegra:

Folha Vitória: O PT errou ao não apoiar Casagrande quando ele ainda estava neutro na nacional?

Roberto Carlos: O PT não errou. Estávamos fazendo conversas com o PSB, que nos apresentou a proposta da neutralidade. Mas como o PMDB lançou uma pré-candidatura (com Paulo Hartung) e por termos afinidades com o PMDB na nacional nós também conversamos. Mas aí o PSB deixou a neutralidade e aí acabou fechando as portas.

FV: O senhor acha então que o PSB deveria ter aguardado mais tempo para anunciar que não ficaria neutro?

RC: Eu acho que seria difícil uma liderança como o governador Casagrande, que é secretário-geral (do PSB), se manter na neutralidade. Além disso, a direção nacional do PT não via com bons olhos a neutralidade

FV: O PT caminhou até agora com governo, inclusive com o Givaldo Vieira como vice. Por que apostar em projeto próprio?

RC: Isso é natural. O PSB participou do governo Vidigal na Serra também na vice (Madalena Santana) e, no entanto, o partido lançou candidatura própria com o Audifax (Barcelos). O Givaldo ser vice não impede que o PT analise uma candidatura própria. O PT quer garantir um palanque para Dilma (Rousseff) no Estado e vimos que o momento (de lançar candidatura) era esse. Teríamos dois partidos aliados disputando a eleição, e isso é legítimo.

FV: Por que ser candidato ao governo numa eleição com um governador e um ex-governador no páreo se as chances de reeleição do senhor eram grandes na Assembleia?

RC: Eu me filiei ao PT em 1987 e só fui ser candidato em 2004. Fiquei 17 anos sem cargos públicos, sem disputar uma eleição. É provável que haja boas chances de eu ser reeleito, mas eu coloco o projeto coletivo à frente dos meus projetos pessoais. Tenho disposição (para ser candidato ao governo) e temos de ter energia para o PT não decepcionar nessa campanha.

FV: O senhor não acha que estaria indo para o sacrifício?

RC: Não! Eu enxergo isso como uma tarefa nobre. Nesse momento qualquer militante do partido queria estar disputando uma eleição. O palanque para Dilma é importante no Espírito Santo. O partido também vai colocar as suas propostas para o Espírito Santo.

FV: O Eleitorado capixaba é pequeno com relação ao Brasil. Faz diferença assim para a Dilma um palanque no Estado?

RC: Faz diferença, sim, o Espírito Santo. São quase 2% dos votos e nós entendemos que não será uma eleição fácil. Nossa candidatura deve levar as eleições para o segundo turno assim como é provável que a Dilma também vá para o segundo turno. E aí se aqui no Estado não tivermos no segundo turno  nós poderemos ter a capacidade para conversar com os outros partidos para garantir um palanque para a Dilma também no segundo turno.

FV: O PDT nacional já definiu na convenção que apoiará o PT. O que falta para essa aliança se repetir no Estado?

RC: Eu acho que o PDT está fazendo a reflexão dele, que é legítima. Pelo que eu vi o atual governo já ofereceu a vice, vaga no Senado, mas nós também estamos conversando com o PDT. Teríamos uma boa coligação para estadual e federal com o PDT. Nós respeitamos o tempo deles, mas tenho convicção que o PDT vai caminhar com o PT.

FV: Como andam as conversas com o PR? 

RC: O PR também nos interessa, mas tem a pré-candidatura do Magno (Malta) à presidência e eles colocam também um nome para o Senado (Fabiano Contarato) e isso pode dificultar. O nosso presidente, o João Coser, está conversando com o PR e seria interessante fecharmos uma aliança PR, PDT e PT.

FV: Acha que uma aliança com o PR vai depender da nacional?

RC: Acho que sim. Se a nacional do PR definir apoio a Dilma acho que a coisa muda, e pode facilitar o apoio também no Espírito Santo. Mas se o nome for mesmo o do Magno para a presidência, aí acho que fica mais difícil.

FV: Quais os outros partidos o PT está procurando?

RC:  O PT busca outros apoios, mas eu não posso falar com quais partidos. Esse é um momento que os partidos estão sofrendo muito assédio e hoje a atividade são maiores dos dois principais nomes (para o governo, Paulo Hartung e Renato Casagrande). Mas se tivermos de fechar aliança isso será mais para frente. Na proporcional o PT é atrativo.

FV: O senhor já disse que não vai atacar A ou B na campanha. Mas houve falhas nos governos de Casagrande e Hartung?

RC: Quando falo que não vou atacar, me refiro a ataques pessoais. Mas vamos mostrar o PT, o modo petista de governar. Na educação, por exemplo, nós somos a favor da eleição direta para diretores de escolas e isso nem Paulo Hartung nem Casagrande fizeram. Na época da CPI da Rodosol o partido na Assembleia  apoiou e o governo não quis. Agora, com a suspensão do pedágio, o governo está dando razão ao que nós já queríamos lá atrás. Existem diferenças e essas diferenças vão aparecer. Não vou fazer ataques pessoais. Há convergências nos nossos programas, mas as divergências nós vamos apresentá-las.

FV: Quais serão as bandeiras do PT na campanha?

RC: Na segunda-feira (hoje) vamos apresentar as diretrizes do programa de governo que já estavam apresentadas quando o PT ainda não pensava em lançar a candidatura própria. O PT tem de governar onde mais se precisa, que é trabalhar para reduzir a miséria. Temos de ter políticas públicas, principalmente na educação. O Governo do Estado deve dar mais incentivo à educação infantil, que é de responsabilidade dos municípios, mas que o governo pode ajudar. A marca do PT também é o combate à violência e não só repressiva, mas também com a prevenção.

FV: O que acha das comparações que estão ocorrendo entre o senhor e o ex-governador Albuíno Azeredo?

RC: Eu respeito muito a trajetória do Albuíno profissionalmente, não necessariamente como político. Ele, por exemplo, em sua campanha teve o apoio da máquina, com o ex-governador Max Mauro. Eu nunca tive apoio de ninguém, só dos companheiros de partidos, quando fiz campanhas para vereador e deputado. Os espaços na política eu construí com o meu esforço. O Albuíno teve apoio e eu vou ser a zebra nesta eleição. Admiro o Albuíno mais pela trajetória dele como técnico, não como político.