Política

Evair de Melo diz que vai fortalecer políticas públicas no interior para evitar migração

Em entrevista ao Folha Vitória, Evair comenta as expectativas para o primeiro mandato, a relação com Paulo Hartung (PMDB) e Renato Casagrande (PSB), além de projetos para o Sul do Estado

Evair de Melo se prepara para assumir seu primeiro cargo eletivo Foto: Divulgação/Governo

Eleito com 48.829 votos, o deputado federal Evair de Melo (PV) se prepara para assumir o seu primeiro cargo eletivo. Ex-diretor do Incaper, Evair é apontado no meio político como herdeiro político do atual deputado federal Camilo Cola (PMDB), e promete trabalhar para o desenvolvimento do interior do Espírito Santo.

Segundo deputado a participar da série de entrevistas especiais do Folha Vitória, Evair comenta as expectativas para o primeiro mandato, a relação com Renato Casagrande (PSB) e Paulo Hartung (PMDB), além de projetos para o Sul do Estado. Confira: 

Folha Vitória: Como o senhor nunca ocupou cargo eletivo, um primeiro mandato na Câmara não dever ser mais complicado?

Evair de Melo: Em hipótese alguma. Embora eu nunca tenha tido mandato, a minha ligação sempre foi muito próxima com a política. Fui diretor de cooperativa, fui secretário de Agricultura, em Venda Nova, tenho uma militância muito próxima ao Executivo e ao Legislativo. Também estou estudando muito as questões regimentais. Tem também a assessoria técnica da Câmara que é muito boa, e outros deputados estão sendo solidários comigo para passar as experiências. Trago uma bagagem técnica de gestão da minha área, e posso enriquecer a bancada com essa experiência. 

FV: Como o senhor pretende contribuir com o Espírito Santo quanto ao repasse de recursos públicos? Quais as principais bandeiras que o senhor pretende defender?

EM: Em toda a minha trajetória defendi o segmento do interior do Estado. Agricultura e termos de cooperativismo são as bandeiras que eu carreguei no processo eleitoral. Fui chamado de deputado da ciência e tecnologia, do café e da agricultura, e espero criar pautas para ajudar o Espírito Santo.
Quero apresentar o Espírito Santo ao Brasil. Vou atuar a partir dessas áreas, e que vão rebater em saúde e educação, infra-estrutura, saúde do trabalhador rural. Também quero o fortalecimento do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes). Sou o único deputado que mora no interior, moro em Venda Nova, e quero evitar a migração do interior para as cidades.

FV: Atualmente discutem-se questões relacionadas à seca no país. Como ex-diretor do Incaper, o senhor acredita que o Espírito Santo também pode enfrentar grandes problemas em relação à falta d’água? O senhor pretende apresentar projetos específicos em relação ao assunto? Quais?

EM: O Espírito Santo tem uma adversidade climática. São temas novos e debates contemporâneos, e quero fortalecer o debate e envolver a academia, universidade e institutos de pesquisa. A falta de água prejudica vários locais. Foi preciso um espaço urbano sofrer para relatar o drama que já vivem muitos brasileiros. Quero aperfeiçoar políticas públicas e privadas. Sobre o caso das enchentes, o mundo todo tem enchente. O que não posso admitir é que as enchentes sejam consequência da nossa incompetência técnica. Ao longo dos anos temos que nos prevenir. Precisamos trabalhar com reservatório e irrigação, a seca causa danos irreparáveis. É preciso conhecer a história, para que possamos fazer intervenções.

FV: Para a agricultura, o senhor teria algum projeto em especial?

EM: Temos grandes desafios para a agricultura, alguns mais fáceis e outros a longo prazo. Vou trabalhar para fortalecer os serviços de pesquisa e extensão rural, construir conhecimento. Existem muitos capixabas que possuem na atividade agrícola a fonte de renda, e há alguns gargalos para enfrentar. Vou trabalhar muito o caso da insegurança na área rural, a política de crédito, o seguro agrícola, a segurança alimentar, a estrutura de armazenagem, a pecuária de leite, e fortalecer a disponibilidade do milho. É preciso fortalecer a logística, melhorar as estradas, e diminuir as distâncias. Trabalhar fortemente para que eles tenham estrada, celular e internet, para que as tecnologias no interior sejam as mesmas das cidades. O homem do campo vai sair de produtor de alimento, para ser um produtor de conceito. Vou ser o soldado de plantão para defesa da agricultura.

FV: O fato de o senhor ter disputado a eleição no palanque de Casagrande não pode interferir na relação com o governador eleito Paulo Hartung, e até comprometer os interesses do Estado?

EM: Em hipótese alguma. O regime democrático permite que tenhamos liberdade de escolha. Estava na base de Casagrande, somos candidatos a deputado federal, é outro poder, não tem compadrio direto. Os capixabas fizeram uma opção, era preciso renovar na Câmara Federal, por isso, fui conduzido.
Respeito o governador Casagrande, vida que segue, respeito ele. O debate acabou. É hora de desarmar o palanque e cada um fazer sua parte, e apresentar soluções para o Brasil e Espírito Santo. 

FV: Recentemente, o deputado empresário Camilo Cola (PMDB), pediu que o senhor assumisse o compromisso de repassar todo ano R$ 8 milhões de suas emendas individuais ao Orçamento Geral da União (OGU) para os hospitais filantrópicos do Sul do Estado. O senhor confirma esse pedido? Como pretende fazer para cumpri-lo?

EM: O que o Seu Camilo me fez foi um pedido. Fui o único eleito federal do Sul do Estado, e isso foi muito ruim. Seria bom que mais deputados fossem eleitos no Sul. Precisamos respeitar a história dele como deputado e empresário. Ele me pediu que não abandonasse a saúde, temos hospital em Guaçuí, Iúna, Venda Nova, Jerônimo Monteiro, então ele me pediu que metade das emendas fosse  para a saúde, e agora estou visitando todas essas unidades. A saúde precisa de atenção. Não vou medir esforços para ajudá-los, é uma bandeira regional. Minha bandeira nacional é a agricultura em todo o Estado. Seu Camilo me passou o diagnóstico dele, para me colocar nessa função de porta voz da região. Eu espero convencer outros colegas a ajudar a cuidar da saúde.

FV: O senhor já foi apontado pelo meio político e pela imprensa como herdeiro político de Camilo Cola. Como o senhor avalia isso?

EM: Isso é uma avaliação regional. Seu Camilo tem uma historia empresarial respeitada, teve a oportunidade de exercer a política. Camilo foi um adversário regional, ele tentou e não ganhou. Mas com muita humildade, ele me convidou a assumir esse papel regional, e vou pedir a experiência dele.

FV: O senhor pensa em entrar na disputa para ser o coordenador da bancada?

EM: Esse é um processo de maturidade. Os parlamentares devem fazer uma conversa, e ouvir as partes, e ouvir o governador. A liderança não pode ser alimentada de desejo e vaidade, é uma liderança legitimada. A liderança vai ser dada para aquele que tenha perfil e disponibilidade. Isso não é um título, é uma função a mais.

FV: O que o senhor espera da relação do governo federal com o Espírito Santo neste novo mandato da presidente Dilma?

EM: As nossas relações precisam ser mais republicanas. Precisamos debater o aeroporto, portos e as rodovias. A duplicação da BR 259 é uma agenda que quero levar. Prefiro olhar as oportunidades. O nosso Estado precisa ser olhado com mais carinho. A Dilma teve um mandato de debutante, e agora ela viu que existem muitos brasileiros não estão satisfeitos com a gestão dela. Eu preciso acreditar que ela vá fazer a correção dos equívocos que cometeu no primeiro mandato, e que faça os investimentos necessários em território capixaba.