ATUALIZAÇÃO: Durante entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (12), o Ministério Público Estadual (MPES) informou que as investigações, que apuram o esquema de fraude fiscal milionária na comercialização de vinho no Espírito Santo, transcorreram no período em que o ex-secretário de Estado da Fazenda Rogélio Pegoretti, preso na tarde desta terça-feira, ainda estava à frente da pasta. No entanto, segundo o MPES, ele só virou alvo da investigação após sua saída do cargo, momento em que o nome do servidor foi relacionado às ações criminosas.
As investigações no âmbito da Operação Decander, do Ministério Público Estadual (MPES), e que apura fraude fiscal milionária na comercialização de vinho no Espírito Santo, começaram a ganhar força no final de 2020, quando o ex-secretário de Estado da Fazenda, Rogélio Pegoretti, preso na manhã desta terça-feira (12), ainda estava no cargo.
Entretanto, o MPES chegou ao nome de Pegoretti quando ele já não chefiava a pasta, tendo em vista o seu pedido de exoneração, em agosto de 2021. À época, o secretário alegou razões pessoais para se desligar do governo estadual.
De acordo com informações da Secretaria do Estado da Justiça (Sejus), ele deu entrada no Centro de Detenção Provisória de Viana durante a manhã desta terça.
Ao todo, sete mandados de prisão temporária e outros 24 de busca e apreensão foram cumpridos durante a operação deflagrada pelo MPES. A ação investiga um esquema de fraude no comércio de vinhos que gerou um prejuízo de cerca de R$ 120 milhões aos cofres públicos do Estado nos últimos quatro anos.
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Durante a operação, foram apreendidos R$ 239.899,15 e 545 euros em espécie e R$ 142.200,48 em cheques.
A operação
A Operação Decanter é realizada pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal (Gaesf), em parceria com a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e com o Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES.
De acordo com o MPES, a investigação visa desarticular uma organização criminosa composta por empresários, contadores, “laranjas” e agentes públicos que atuavam em todo o Espírito Santo.
Ao todo, 38 policiais militares, seis auditores fiscais da Receita Estadual, dois promotores de Justiça do Gaesf e quatro promotores de justiça do Gaeco participam da operação.
Fraude gera prejuízo ao Espírito Santo
Na prática, segundo as investigações, os empresários sonegavam em torno de 25% do ICMS devido, enquanto os contadores e intermediários responsáveis pelas operações simuladas recebiam comissões em torno de 4% do valor de cada nota fiscal.
O esquema, segundo o MPES, gerou um prejuízo irreversível à livre concorrência e à economia como um todo, já que os empresários que cumprem suas obrigações tributárias não conseguem competir com os preços praticados pelos sonegadores.
As investigações do órgão apontaram ainda indícios de que agentes públicos receberam vantagens financeiras indevidas para resguardar os interesses dos empresários envolvidos no esquema.
O MPES informou que detalhes sobre a operação serão divulgados somente na tarde desta terça-feira (12) durante uma coletiva de imprensa.
O que diz o Governo do ES?
Em nota, o Governo do Estado informou que, por meio da Secretaria de Estado da Fazenda, participou das investigações que resultaram na “Operação Decanter”, deflagrada na manhã desta terça.
O governo destacou o compromisso com a transparência, responsabilidade administrativa e o combate permanente a qualquer tipo de irregularidade.