Faltando cinco dias para o segundo turno das eleições municipais, oito candidatos disputam quatro prefeituras nos maiores municípios da Grande Vitória.
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Com debates, pesquisas e o retorno da propaganda eleitoral no rádio e na televisão, os candidatos apostam todas as fichas para conquistar o eleitorado deixado por oponentes derrotados no primeiro turno.
“Temperatura altíssima em todas as eleições, nos quatro municípios. Mesmo nos municípios em que há uma diferença maior, como na Serra, o atual prefeito Audifax foi para o tudo ou nada apostando as fichas do Fábio contra o Vidigal e a campanha se mostra bem acirrada”, afirma o mestre em sociologia política, Hudson Siqueira.
No segundo turno, a disputa por apoios está se esvaziando com a maioria dos candidatos e personagens políticos não se manifestando publicamente para evitar desgastes, apesar de alguns agirem nos bastidores.
“É importante entender que o segundo turno é uma espécie de ‘outra eleição’. Em Vitória, por exemplo, o primeiro turno foi marcado pela adoção de estratégia de confronto entre as candidaturas de Pazolini e Gandini que, até certo ponto, disputavam o mesmo público. A disputa que definirá a eleição em Vitória, será pelos eleitores que optaram pelos outros candidatos no primeiro turno”, afirma a comentarista de política, Gabriela Cuzzuol.
Já em Vila Velha, Gabriela destaca que a disputa está entre experiência em gestão e renovação política. “Os nichos ideológicos não são tão definidos e a narrativa se estabelece em torno do eixo experiência em Gestão, representada pelo candidato Max Filho, versus renovação política, representada pelo candidato Arnaldinho Borgo”, pondera.
Para Siqueira, o fato de o Partido dos Trabalhadores ter chegado ao segundo turno em dois municípios é uma novidade nesta eleição. “O fato novo que chama atenção e torna a disputa nacionalizada é a presença do PT. Isso faz com que parte do discurso de 2018, de rejeição ao partido, se mostre presente. Ainda assim, há duas candidaturas muito competitivas em Cariacica e Vitória”, conclui.
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Confira a análise da comentarista Gabriela Cuzzuol das campanhas até aqui:
É importante entender que o segundo turno é uma espécie de “outra eleição”. Em Vitória, por exemplo, o primeiro turno foi marcado pela adoção de estratégia de confronto entre as candidaturas de Lorenzo Pazolini e Fabricio Gandini que, até certo ponto, disputavam o mesmo público.
Embora Pazolini tenha apontado críticas a Coser, o alvo da campanha era outro: o candidato do Cidadania, que dialogava, em termos ideológicos, com parte do eleitor dele. Algumas propostas se assemelhavam e o candidato Gandini, posicionado em um partido de Centro, comunicava-se com eleitores de ambas as orientações políticas.
Embora a política municipal tenha um caráter personalista, o eleitor do candidato Lorenzo Pazolini dificilmente irá se identificar com o discurso, propostas e histórico do candidato João Coser. Aliás, este foi um fator que, inclusive, preservou o candidato do PT de estratégias mais combativas tanto de Gandini quanto de Pazolini, no primeiro turno.
O eleitor de Coser, por sua vez, encontra-se em nicho específico e, mesmo em segundo turno, dificilmente optará pelo voto em Pazolini. Há um distanciamento ideológico grande e, também, uma diferença consistente entre os planos de governo. Quem vota é Coser é quem, via de regra, aprova não apenas os projetos atuais como as realizações passadas e também um discurso.
A disputa que definirá a eleição em Vitória, será pelos eleitores que optaram pelos outros candidatos no primeiro turno, por isto, a opção pela campanha negativa não traria resultado tão eficiente.
Há um ponto importante acerca das campanhas negativas, não apenas relacionada ao município de Vitória. Na tradição política brasileira, é comum observarmos a adoção de estratégias de destruição reputacional.
As atuais campanhas no segundo turno, não tem optado por estratégias focadas em destruição de reputações, algo positivo para a cidade, contudo, especialmente em Vila Velha e na Serra, verificam-se estratégias incisivas de confronto dos candidatos em relação às realizações.
Em Vila Velha, a situação é um pouco diferente do que na Serra. Os nichos ideológicos não são tão definidos e a narrativa se estabelece em torno do eixo experiência em Gestão, representada pelo candidato Max Filho, versus renovação política, representada pelo candidato Arnaldinho Borgo. A diferença de votos foi expressiva e surpreendente, uma vez que o oponente histórico do atual prefeito, Neucimar Fraga, ficou fora do segundo turno.
Outro fator importante para a definição das estratégias em Vila Velha é o crescimento de Borgo, que vinha em situação de estabilidade nos primeiros 15 dias de campanha. Favorecido pelo afastamento de Max Filho e Neucimar, Borgo parece ter conseguido associar sua imagem à bandeira da renovação política e escalou. Além disso, a coligação do candidato (PTC, SDD e Podemos) dialoga com público que por questões ideológicas, também se comunica com a coligação de Max, em virtude de algumas siglas cujo discurso é, via de regra, parecida (PSDB, PP, DC, PSB, DEM e PSC).
Para contrapor a associação de Borgo à renovação política, Max Filho busca associá-lo à figura do ex-vereador Ivan Carlini, que atuou na Câmara de Vila Velha durante 28 anos, e como Presidente, tinha acesso – e inclusive, controle de pauta – sobre todas as votações da política municipal de Vila Velha durante todo este tempo.
O que se configura em Vila Velha é o embate entre a experiência e a renovação; entre quem aprova o que se configura atualmente, em uma situação de pandemia, atípica e inusitada, em que a atuação do estado é percebida pela população de forma clara e incisiva e; entre quem busca conceder uma chance a um novo projeto que declara ter condições de resolver os problemas estruturais da cidade e que atuou como fiscalizador atuante da atual gestão que, se reeleita, completará 16 anos à frente da administração da cidade.