A quarta edição do programa Sabatina, da Rádio Vitória, trouxe à tona questões sobre as necessidades imediatas e gargalos da saúde pública no Espírito Santo. Para debater o tema, o convidado nesta quinta-feira (14) foi o médico sanitarista, mestre em Ciências Fisiológicas e especialista em Saúde Pública Coletiva e Vigilância Epidemiológica, Romildo Luiz Monteiro Andrade.
“Precisamos de mais escolas de saúde pública para formar gestores e criar diagnósticos da saúde no Estado. Em Vitória ela existe, mas a rede estadual não possui. Poderíamos ter melhores diagnósticos se elas existissem. Na Universidade Federal do Espírito Santo existe apenas uma pós-graduação de enfermagem com foco na saúde pública regional”.
Os maiores desafios que o Estado têm para alcançar um serviço de saúde universal, segundo o médico, são a capacitação da gestão pública municipal, a regionalização do sistema de saúde estadual especializada, “sem que o indivíduo se desloque para ter um serviço especializado” e estimular e acompanhar os fatores de risco e de violência.
As doenças crônicas não transmissíveis (cardiovasculares, hipertensão, diabetes) são as principais causas de mortes e de internações no Estado e dependem de profilaxia, de prevenção. As pessoas devem ficar atentas e procurar atendimento e remédios no sistema de saúde.
Para o médico, a unificação do sistema de saúde foi benéfica, porém, é necessário cada gestor cuidar da sua parte. “Ao governo federal, cabe as tarefas fundamentais de financiamento e processo administrativo do sistema, com repasse de responsabilidades do setor primário – prevenção e consultas, por exemplo – ao município e a parte hospitalar ao Estado, incluindo os serviços de emergência e urgência”, explicou.
“A Saúde é um direito de todos e um dever do Estado, em todos os seus entes, promover e cuidar dela. Todos os níveis de governo têm responsabilidades com o setor”, declarou Romildo.
O telhado de vidro de todo governo é a saúde
Para o especialista, existem três pontos que devem ser vistos pelos governantes: dar atenção de qualidade ao usuário, atendimento integral e equânime, além de “dotar o Sistema de um conceito que é a equidade: fornecer mais a quem mais precisa”, enfatizou.
Romildo aconselhou ao eleitor a “queimar a etapa das falsas promessas. Nenhum deputado estadual pode construir um hospital em sua área eleitoral. Há uma grande legislação acima dele para isso”.
Andrade considera que o repasse de R$ 106 bilhões para a saúde pode aumentar, mas que outras questões sociais também têm que ser aprimoradas em conjunto. “Saúde, educação e segurança devem trabalhar juntas para que seja trilhado um caminho para que nossos netos vivam num país saudável”, declarou.