Política

Ferraço assume que pode disputar reeleição na Ales e diz que faltou empenho do DEM para eleger Norma Ayub

Deputado estadual não confirma se será candidato à reeleição na Assembleia Legislativa, mesmo com a aprovação da PEC que permite a reeleição de membros da Mesa Diretora

Ferraço nega interesse em ser reeleito Foto: Divulgação/Assembleia

Prestes a iniciar mais um mandato como deputado estadual na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) – o terceiro consecutivo – Theodorico Ferraço (DEM) ainda não sabe qual será seu papel no Legislativo capixaba, pelo menos nos próximos dois anos. Após a aprovação do Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 9/2014, que permite a reeleição de membros da Mesa Diretora da Assembleia na legislatura seguinte, o discurso de Ferraço, que antes era de negar qualquer chance de concorrer à reeleição, passou a ser de considerar a possibilidade de continuar comandando a Casa pelos próximos anos, dependendo da vontade da maioria dos deputados.

Sobre a expectativa de sua esposa, a ex-prefeita de Itapemirim Norma Ayub (DEM), assumir uma das vagas na Câmara dos Deputados, com a indicação de um dos eleitos para assumir uma secretaria no governo de Paulo Hartung, Ferraço diz que não tem o que fazer. Ele acredita que, se houvesse mais empenho de seu partido, Norma poderia ser eleita já em outubro.

Folha Vitória: O senhor foi reeleito deputado estadual e atuará, na próxima legislatura, ao lado de um novo governo, comandado por Paulo Hartung. Como o senhor espera que seja a relação da Assembleia Legislativa com o Palácio Anchieta nesses próximos quatro anos?

Theodorico Ferraço: Esperamos que a Assembleia Legislativa mantenha o mesmo relacionamento que teve com o governo atual, que é um relacionamento de respeito e muito diálogo. E que o novo governo, por sua vez, tenha um tratamento harmônico recíproco com os deputados, no cumprimento dos principais pontos de interesse da população capixaba.

FV: Nessas últimas eleições, tivemos uma renovação de mais da metade da Assembleia Legislativa, com 16 novos deputados eleitos. O que o senhor acha dessa renovação?

TF: Naturalmente vão fazer falta vários valores políticos do Estado, que engrandecem o nosso parlamento. Mas acredito que a renovação deve ser respeitada e é bem vinda. Espero que esses novos deputados, eleitos pelo povo, deem o mesmo caráter e brilhantismo à Assembleia que os atuais.

FV: Antes da votação da chamada PEC da Reeleição o senhor negava qualquer chance de se candidatar à reeleição da presidência da Assembleia. Mas após a aprovação da matéria, o discurso do senhor passou a ser de considerar essa possibilidade. O senhor será candidato à reeleição?

TF: Antes da aprovação da PEC, o pensamento não poderia ser diferente, já que eu não poderia ser candidato. Mas eu continuo com a mesma opinião. Embora possa ser candidato, só o serei se for a vontade da maioria da Assembleia. Se dependesse só da minha vontade, não seria (candidato). O candidato não pode ser candidato de si mesmo. Tem que ter a vontade de, no mínimo, a maioria dos deputados. Mas torço e luto para que possamos encontrar um candidato de bom senso e que seja intérprete do desejo da maioria.

FV: Na última semana, a Comissão de Finanças da Assembleia rejeitou as contas do governador Renato Casagrande, mesmo com parecer favorável do Tribunal de Contas. O senhor acredita que os demais deputados devem seguir o parecer da comissão?

TF: Não posso opinar sobre uma decisão que não depende de mim, mas da maioria dos deputados. As opiniões na Assembleia estão bem divididas, mas a decisão final cabe à consciência de cada deputado. Mas antes de a sessão acontecer, o governador precisa se pronunciar sobre o caso. Não se pode rejeitar as contas sem antes ele ter direito de defesa. Não é uma questão de favor ao governador, mas um direito constitucional a que ele tem direito, embora haja omissão do Regimento Interno quanto a isso.

FV: Há uma expectativa de que o governador eleito Paulo Hartung nomeie um dos deputados federais eleitos na coligação em que estava sua esposa, a ex-prefeita de Itapemirim Norma Ayub, fazendo com que ela assuma uma das cadeiras na Câmara dos Deputados. Ela será mesmo deputada?

TF: Durante a campanha eu trabalhei para cumprir um compromisso com a diretoria do partido (DEM) e eleger um deputado federal da nossa legenda. Ela teve uma expressiva votação, cerca de 65 mil votos, e ajudou a eleger quatro deputados, ficando como primeira suplente. Se agora ela vai assumir ou não (o cargo de deputada), não compete a mim dar opinião. Porque não depende nem de mim nem dela, mas da conjuntura se haverá vaga através da convocação de deputados ou não. Agora é aguardar o futuro.

FV: Mas o senhor acha que faltou empenho de alguns líderes do partido dentro de seus redutos eleitorais para que ela ficasse entre os eleitos?

TF: Não gostaria de ficar tocando em nome de prefeitos. Nosso partido tem três prefeitos aqui no Estado: em Vila Velha, Atílio Viváqcua e Barra de São Francisco. Em Atílio Vivácqua, com menos de 6 mil eleitores, conseguimos 1,2 mil votos. Enquanto em Vila Velha, com muito mais eleitores, conseguimos pouco mais de mil. E em Barra de São Francisco, nenhum. O partido não funcionou. Acho que ele não quis uma deputada. Se quisesse, teria se empenhado mais, já que faltou apenas 2 mil votos. Mas não tenho nada a reclamar ou discutir. Assunto encerrado.