Política

Fundador do Novo, João Amoêdo anuncia desfiliação do partido

Amoêdo estava suspenso da agremiação desde outubro, após declarar voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O empresário João Amoêdo anunciou nesta sexta-feira, 25, sua desfiliação do Novo, partido que ajudou a fundar. Ele estava suspenso da agremiação desde outubro, após declarar voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial. “Seria incoerente permanecer em um partido com o qual tenho diferenças de visão, de propósito e de conduta”, afirmou.

“Ao longo dos últimos 33 meses, sob a atual gestão, o Novo foi sendo desfigurado e se distanciou da sua concepção original de ser uma instituição inovadora que, com visão de longo prazo, sem culto a salvadores da pátria, representava a esperança de algo diferente na política”, afirmou. “O Novo atual descumpre o próprio estatuto, aparelha a sua Comissão de Ética para calar filiados, faz coligações apenas por interesses eleitorais, idolatra mandatários, não reconhece os erros, ataca os Poderes constituídos da República e estimula ações contra a democracia”, disse. Amoêdo concorreu à Presidência pelo partido em 2018 e terminou a disputa em quinto lugar.

Fundador do partido, o empresário foi muito criticado por diversos correligionários após declarar voto no petista, em oposição à candidatura de Jair Bolsonaro (PL). Quadros importantes da legenda, como o ex-presidenciável Felipe d’Avila, pediram abertamente a expulsão de Amoêdo.

Após a derrota de d’Avila no primeiro turno, o partido anunciou neutralidade e divulgou nota liberando o voto de seus filiados na segunda rodada de votação. Contudo, após a declaração de Amoêdo, o presidente da agremiação, Eduardo Ribeiro, afirmou ao Estadão que não estava liberado apoiar o candidato do PT. Segundo ele, na legenda há quem vote em Bolsonaro, mesmo que de forma crítica, e quem anule o voto.

A relação entre Amoêdo e o Novo vinha se deteriorando havia algum tempo. Nos corredores do partido, a interpretação é de que o apoio ao PT foi apenas a “gota d’água”, dado que o “casamento” ia mal havia meses. O fundador da legenda divergiu dos parlamentares eleitos em diversas ocasiões, como quando se manifestou publicamente contra a soltura do deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), enquanto toda a bancada foi contra a prisão.