O banco à espera de algum visitante despreocupado com o tempo, o verde que traz paz e leveza e contrasta com a vida agitada que corre logo ao lado. As praças e parques estão espalhados pelos cantinhos das cidades e fazem toda a diferença, não só para o visual, como também para a vida dos moradores. Por isso a importância de construir e manter esses espaços bem cuidados, uma responsabilidade que cabe ao prefeito de cada município.
No entanto, a realidade é que nem sempre a administração pública consegue entregar espaços de qualidade. Lixo, pichação e rachaduras são um retrato comum do descaso e da falta de cuidado com esses locais. Outro grande desafio é garantir espaços de convívio social de forma igualitária aos moradores.
“Tem um agravamento de desigualdades que, muitas vezes, vem do investimento público concentrado em áreas que já são bem estruturadas. Então a gente precisa produzir esses espaços, mas ter o cuidado de tratar com mais atenção e com maior oferta as áreas onde tem justamente maior carência. Muitas vezes isso não acontece”, destacou a professora de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Daniella Bonatto.
No Morro do Jaburu, em Vitória, por exemplo, a praça da comunidade não chegou pelas mãos da prefeitura. Pequeno e simples, cada detalhe do espaço tem o esforço dos moradores. O que antes era lixo e abandono hoje é o orgulho da comunidade.
“A gente precisava de um espaço e essa parte da comunidade, em especial, era carente de áreas de lazer. Foi uma mobilização grande, de aproximadamente 20 a 30 pessoas. Teve pedreiro, jardineiro, teve a ‘Dona Maria’ que trouxe um café, teve ‘fulano’ e ‘beltrano’ que trouxeram uma água e um refrigerante. Diretamente ou indiretamente foram umas 40 pessoas que participaram”, contou o líder comunitário do bairro, Carlos Jhonnys de Melo Gomes.
Se dependesse do entusiasmo de Carlos, a comunidade inteira ganharia outro visual. “Nós gostaríamos que cada espaço desse, que é um ponto crítico na comunidade, fosse uma área de lazer, uma área de convivência e de socialização”, afirmou.
Na Grande Vitória, existem aproximadamente 500 praças e quase 30 parques. A capital capixaba conta com 197 praças e 20 parques; na Serra, são mais de 160 praças e um parque; em Vila Velha, 85 praças e quatro parques; e em Cariacica, 58 praças e três parques.
De acordo com o sociólogo Carlos Lopes, investir nesses pedacinhos de paz e calmaria na cidade é muito mais que só uma questão de lazer. “Na medida em que se tem mais espaços públicos e coletivos de convivência social, você está fortalecendo laços sociais, está fortalecendo a coesão social de uma determinada comunidade. E, na medida em que você fortalece essa coesão social, você, de certo modo, inibe que determinados indivíduos dessa comunidade possam transgredir e adotar práticas criminosas em suas condutas diárias”, frisou
Já Daniella Bonatto ressalta a importância desses espaços também para a saúde dos cidadãos. “Tem estudos que mostram que pessoas que moram próximas de praças e parques têm maior probabilidade de desenvolver atividades físicas, atividades sociais e coletivas no espaço público que levam a uma melhor saúde, porque se tem uma vida menos sedentária”.
Com informações da repórter Luana Damasceno, da TV Vitória/Record TV