O deputado federal Gilson Daniel, presidente estadual do Podemos, colocou um ponto final nas negociações para uma eventual participação do partido no primeiro escalão do governo Casagrande. O Podemos não vai indicar nenhum nome e ficará de fora do secretariado.
A decisão foi tomada pelo deputado após ter o nome barrado, pelo próprio governador, para retornar ao secretariado. Antes de ser deputado federal, Gilson ocupou duas pastas na gestão Casagrande: a de Planejamento e a de Governo. Mas, agora, sua ida para o governo abriria vaga para que Coronel Ramalho, que virou oposição a Casagrande, ocupasse uma cadeira na Câmara Federal.
Mesmo assim, Casagrande deixou a porta aberta e ainda ontem (06), em conversa com a coluna, disse que ficaria feliz com uma indicação do partido. “Estamos à disposição do Podemos para receber as indicações. Elas poderão ocorrer na hora que o Podemos desejar. Se tiver, nós ficaremos felizes com a representação no Governo”, disse o governador com exclusividade à coluna.
Casagrande iniciou o ano fazendo uma reforma no secretariado. Já fez cinco mudanças e aguardava o posicionamento do Podemos para fechar o novo time, conforme noticiado pela coluna mais cedo.
Mas, Gilson deu por encerrada a questão. “Foi uma opção do partido, até porque o nosso interesse, a todo momento, não era ocupar cargo, não era estar presente no governo com cargo, mas sim com entrega de política pública. Nossa opção foi de não participar, porque até então nós não víamos essa possibilidade de estar no governo para entregar política pública”, disse Gilson na manhã desta sexta-feira (07) à coluna.
Ele enfatizou, porém, que o partido continua na base aliada e com aliança firmada junto ao governo para 2026. “Nós temos uma aliança com o governador do Estado desde o começo do mandato dele, desde o primeiro mandato, e vamos manter essa aliança”.
Gilson também falou sobre a relação com o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), cotado para deixar o partido, e com a possibilidade de filiação do agora ex-secretário de Turismo Philipe Lemos. Citou os projetos do partido para 2026 e sobre a possibilidade de suceder Casagrande na disputa pelo governo do Estado.
Veja abaixo a entrevista completa:
DE OLHO NO PODER – O senhor definiu que o Podemos não indicará mais um nome ao secretariado de Casagrande?
GILSON DANIEL – Sim, está definido isso.
Por quê?
Foi uma opção do partido, até porque o nosso interesse, a todo momento, não era ocupar cargo, não era estar presente no governo com cargo, mas sim com entrega de política pública. E a nossa opção foi de não participar, porque até então nós não víamos essa possibilidade de estar no governo para entregar política pública.
Então foi uma opção de continuar aliado do governador, de ter proximidade com o governo – eu tenho relação pessoal com o governador, de amizade e de parceria –, mas nós não queremos só cargos. Podemos em nenhum momento almejou ter cargo público para indicar alguém só para dizer que está no governo. Nós sempre estivemos no governo, nunca saímos.
Mas vocês tiveram conversas a respeito, soube que o senhor chegou a indicar o seu próprio nome…
Tivemos sim, estivemos várias vezes com o governador, conversamos com algumas pessoas, com o vice-governador, mas no caso de uma opção de indicação de um dos deputados federais, nós tínhamos um impeditivo, que é o impeditivo da suplência. E isso acabou fazendo que a gente tivesse uma dificuldade de ter um dos nomes no governo, por causa da suplência, do suplente Coronel Ramalho.
Então o governador te falou de forma bem direta que era por conta desse motivo?
É, isso vocês também já noticiaram.
Eu falei com o governador ontem (06) e ele disse que continua aberta a possibilidade do Podemos indicar um nome para o secretariado. O senhor não pensa em indicar um outro nome sem ser o do senhor?
Olha só, como eu te disse no início, o interesse do Podemos sempre foi participar do governo na condição de entrega de políticas públicas. Nosso interesse em nenhum momento foi ter um cargo no governo do Estado. De participar do governo só pra ter um emprego ou um cargo. Essa não é a opção e nunca foi a opção do Podemos. Desde que nós iniciamos uma relação com o governo, desde que eu fui pro governo como secretário, a relação dos nossos prefeitos com o governo sempre foi pra entregar políticas públicas, pra poder fazer a diferença na vida das pessoas. E esse é o nosso interesse. E é com isso que a gente trabalha o tempo todo, com essa perspectiva.
Então vimos que não existe essa possibilidade. Para compor o governo a gente já compõe, com a relação de amizade com o governador.
O governador chegou a citar seu nome como um dos cotados para sucedê-lo em 2026. Gostaria de saber se o senhor teria interesse em disputar o governo. O senhor se coloca como um pré-candidato na disputa ao governo?
Esse foi um gesto muito bacana do governador para comigo, para com o Podemos, porque ele indicou dois nomes do Podemos, é o único partido que tem dois nomes na indicação do governador. Então, claro, nós ficamos muito felizes com isso. Mas o candidato prioritário hoje é o Ricardo Ferraço, que tem sido colocado constantemente pelo próprio governador. A prioridade é a candidatura do vice-governador.
Sim, mas tem o “plano B”. O senhor e outros nomes estão colocados no plano B. Se o senhor fosse escalado, teria essa disposição?
Eu sou Executivo, né, Fabi?! Minha vida foi toda no Executivo. Eu gosto de executar política pública, eu gosto de fazer entrega à sociedade. É isso que me move na política, fazer a diferença na vida das pessoas. Foi assim que eu produzi todo o meu processo político, partidário, eleitoral e de mandato.
É claro que isso me agrada muito, mas vamos esperar para o tempo certo. Esse momento agora é um momento muito antecipado para a eleição de 26. Eu vejo como uma antecipação muito grande desse processo eleitoral. Até lá tem muita coisa para poder rodar ainda, tem muita coisa para acontecer.
Então hoje o senhor seria pré-candidato à reeleição?
Naturalmente. Naturalmente quem está no mandato de deputado federal é candidato à reeleição. Isso é natural. É claro que eu estou à disposição e tenho disposição para disputar qualquer cargo.
Então, pelo que o senhor já me falou até agora, o partido confirma o apoio ao governo do Estado, ao projeto para o ano que vem, correto?
Eu confirmo a aliança com o governador do Estado. Nós temos uma aliança com o governador desde o começo do mandato dele, desde o primeiro mandato, e vamos manter essa aliança com o governador. Nós somos orientados pelo governador, sempre estamos juntos com o governador e em nenhum momento estivemos fora disso.
Foi falado também, nesses dias, sobre a possibilidade do Arnaldinho deixar o partido. Ele foi até convidado pelo prefeito Euclério para se filiar ao União Brasil. Tem essa conversa dele sair do Podemos?
Eu só tenho essa fala pela imprensa. Nunca foi comunicado nem a mim nem a Nacional com relação a isso. O Arnaldinho é um ativo do partido, é um grande gestor, é um nome importante, tem o nome hoje colocado com a possibilidade de ser candidato. A gente gostaria muito que esse nome fosse homologado, se for homologado dentro do Podemos, entendeu? Então, se a escolha do governador, lá no futuro, não for o Ricardo, se chegar ao nome do Arnaldinho, gostaria muito que fosse dentro do Podemos.
Como está a sua relação com o Coronel Ramalho? Existe alguma relação?
Claro, existe. O Ramalho é meu amigo, sempre foi. Ele foi meu secretário. Tenho uma excelente relação com ele. É claro que nesse período eleitoral aí, a movimentação dele foi equivocada e ele sabe disso. Eu fui contra, a todo momento quis que ele fosse candidato à Prefeitura de Vitória e não conflitasse com a candidatura do Podemos em Vila Velha, mas foi uma opção pessoal dele. Uma opção que, infelizmente, pra mim, foi um equívoco dele. E hoje, eu acho que ele reconhece isso.
Ele estaria arrependido das movimentações que fez?
Isso teria que perguntar a ele. Eu estive com ele recentemente, conversando um pouco com ele até pra poder amadurecer essa questão, porque as escolhas dele foram escolhas equivocadas. Ele fez um movimento contra o governador, sendo que ele foi secretário do governador.
Movimento que acabou refletindo, impactando no senhor…
É, mas é aí que tá. Eu não posso pagar, nem eu e nem o Podemos, essa fatura, Nós não temos nada a ver com a escolha do Coronel Ramalho. Opção dele, não foi opção do partido. Muito pelo contrário. Sempre fomos aliados do governador.
O senhor sente que o partido acabou “pagando” pelo fato do senhor não poder entrar na secretaria por conta do Ramalho?
Não, eu não posso dizer que está pagando ou não. Isso é da política, né? A gente tem que saber aceitar que os movimentos políticos às vezes criam impossibilidades. Então, a gente aceita bem essa questão, e isso não tira nada da nossa vontade de ajudar o governador, de ajudar o projeto dele, de ajudar o movimento em prol da população.
E sobre os projetos do Podemos para 2026, quais são os planos do partido?
Nós estamos trabalhando para poder ter as chapas de deputado estadual e deputado federal. Nós temos dois nomes colocados aí que podem ser candidatos na majoritária. É claro, com aliança e com a relação com os demais partidos. Esse vai ser o nosso trabalho pra 26. Mas, como eu te disse, esse movimento de 26 é muito antecipado. O que a gente tem que fazer agora é ter um pensamento mais voltado para a sociedade. A população quer a entrega de política pública. Ninguém da sociedade está preocupado com eleição, não. Quem está preocupado com eleição são os políticos. Então, nós temos que ter um cuidado com relação a isso, entendeu?
Quando o senhor fala dois nomes majoritários, está falando do Arnaldinho e do senhor?
Sim, sim. E nós temos ainda o Marcos Do Val, que nós estamos conversando, inclusive, tem uma reunião na semana que vem pra conversar com ele.
Ele é candidato à reeleição no Senado?
Eu vou saber disso semana que vem. Tenho uma agenda com ele pra saber o que ele está pensando.
O senhor chegou a conversar com o Philipe Lemos? Teve também uma especulação de que ele poderia ir para o partido, disputar vaga de federal ano que vem…
O Philipe é um amigo pessoal que eu ganhei na política. Ele acabou de ser exonerado e ainda está fazendo uma reflexão. Mas ele ainda não tem definição nenhuma partidária. É claro que o Podemos já fez não foi um convite só, não. Foram vários convites e a porta está escancarada pra ele. Mas a gente respeita o momento que ele está passando também dessa questão de ter deixado o governo.
LEIA TAMBÉM:
Indicação do Podemos (se houver) irá encerrar reforma do secretariado de Casagrande