Para tentar resolver a sensação de insegurança que toma conta das ruas capixabas, além do aumento do número de homicídios, saques e assaltos, o governador em exercício, César Colnago (PSDB), informou que pretende aumentar o efetivo das Forças Armadas no Estado.
“Estamos providenciando o aumento do efetivo da Força Nacional e Forças Armadas para que tenhamos mais segurança neste momento em que a sociedade se encontra, quase em cárcere privado. É lamentável o que está acontecendo, mas não concordamos com ilegalidade e inconstitucionalidade do movimento”, disse.
Colnago também afirmou que, no momento, todos os servidores, inclusive os militares, permanecerão sem reajuste, em função da crise econômica e queda de receitas enfrentada pelo Estado.
Na manhã desta quarta-feira (07), o governador em exercício concedeu entrevista coletiva, ao lado governador Paulo Hartung e do secretário de Segurança, André Garcia. Hartung desembarcou em Vitória na terça-feira (7), após passar por uma cirurgia para retirada de um tumor na bexiga, em São Paulo. Por enquanto, ele continua afastado e quem assume as funções é o vice-governador César Colnago.
Reajuste
De acordo com Colnago, o último reajuste no salário da Polícia Militar aconteceu há três anos. No entanto, familiares e amigos dizem que isso não acontece há sete anos. “Estamos reduzindo homicídios, conseguimos equipar, profissionalizar e aumentar o efetivo da Polícia Militar. O último reajuste aconteceu em três anos, e não em sete como está sendo falado. Agora, nós vamos fazer tudo o que for preciso para recolocar a PM na rua”, pontuou.
Ainda na coletiva, ele deixou claro que um possível reajuste aos policiais militares não será concedido neste momento. “Nós estamos no limite de remuneração do pessoal. A economia está, boa parte dela, paralisada no Brasil. O governo está à disposição e estamos conversando. Não temos condições de dar agora, não somos governo populista, que cede e depois atrasa. Que se cumpra a lei para conversar e mostrar a realidade. Pedimos bom senso, pois tem gente querendo destruir a imagem do governo”, declarou.
Negociação
O governo garante que tem negociado com as mulheres dos policiais militares, mas o diálogo não tem surtido efeito. Dentre as ações para retornar com efetivo militar nas ruas é que sejam adotadas providências judiciais, de acordo com o governador em exercício.
“Todas as ações devem ser feitas dentro da lei. Já pedimos para aumentar o efetivo para o interior e Grande Vitória, enquanto se estabelece a normalidade. Sentamos e conversamos com as mulheres, elas se comprometeram a assinar a ata. O governo quer obediência à Constituição, respeitando a lei de responsabilidade fiscal. Todas as medidas no âmbito da Justiça têm sido tomadas”, contou.
Interferência política
Para o governador em exercício e o secretário de Segurança Pública, as negociações com as mulheres falharam porque estariam ocorrendo interferências políticas por trás do movimento. Durante a coletiva, André Garcia chegou a afirmar que a negociação foi sabotada por “atores políticos”.
“Voltamos a estaca zero exatamente pela interferência que está tendo agora e que prejudica. São atores políticos por trás disso. Estávamos no processo de negociação com a tropa saindo para servir a sociedade capixaba e esse processo foi sabotado”.
E continuou: “O que era um movimento espontâneo, nós vimos que não tinha nada disso. ‘Viralização’ é a palavra da moda, mas não se faz ‘viralização’ de forma organizada, com apoio logístico. O movimento começou em um dia e no outro já tinha barraca e todos os batalhões tinham sido fechados. Isso causa muito estranhamento”, revelou.
O discurso de André Garcia foi reiterado pelo governador em exercício, que confirmou a desconfiança de interesses políticos por trás do movimento realizado pela família e amigos dos militares.
“Existe um movimento para desorganizar nossa administração e aquilo que parecia ser realizado por mulheres, rapidamente se espalhou pelo Estado com interesses políticos menores. É desumano, inadmissível. Pagamos os salários dos servidores em dia. Todos os servidores estão sem qualquer tipo de reajuste em função da crise que estamos vivenciando. O estado do Rio de Janeiro e outros estados estão atrasando ou parcelando o salário. Nós vamos resolver essa crise com a ajuda do Governo Federal, Força Nacional e Forças Armadas. Os militares não podem ficar nessa posição”, garantiu.
Exoneração
Boatos de uma possível exoneração do secretário surgiram nas últimas horas, o governador em exercício elogiou o desempenho de André Garcia e disse que o tema não passa de boato. “Isso não tem discussão, ele é nomeado pelo governador Paulo Hartung. Homem compromissado e competente e que conseguiu melhorar a eficiência da polícia, equipar e profissionalizar e reduzir o índice de homicídios. Demonstra lealdade”, disse.
O secretário prometeu divulgar um balanço da atuação das Forças Armadas no Espírito Santo nos próximos dias.