Política

“Já trabalhei em comissões de transição e não há tempo de trabalhar todos os dados”, diz Guilherme Pereira

Diretor-presidente do Bandes também é responsável por fornecer dados do atual governo à equipe de transição do governador eleito Paulo Hartung (PMDB)

Guilherme Pereira é diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo Foto: Divulgação

Atual diretor-presidente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo, Guilherme Pereira também é responsável por fornecer dados do atual governo à equipe de transição do governador eleito Paulo Hartung (PMDB). Foi o próprio governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), quem delegou tal função ao diretor.

Em entrevista ao Folha Vitória, Guilherme rebate críticas feitas pela equipe de Hartung, fala da relação entre os grupos, e também explica dados da situação financeira do Estado. Confira:

Folha Vitória: Como o senhor avalia o atual governo?

Guilherme Pereira: Acho que é uma gestão de muitos feitos, com grandes obras em todas as áreas.  Acho que há muito tempo o Espírito Santo não tinha uma carteira de investimentos tão grande, boa parte com recursos próprios. Há uma construção institucional importante, com formação de grupos de gerenciamento de projetos, que precisam prestar contas de tudo o que está sendo realizado no Estado. Podemos destacar várias mudanças em diversos setores, como por exemplo, a criação da rede de prevenção de acidentes climáticos, a desburocratização do orçamento, além de questões relacionada à transparência do governo.

FV: O senhor afirmou que o Estado tem uma grande carteira de investimentos, e que muitos são realizados com recursos próprios. Na semana passada, o coordenador da equipe de transição do governador eleito Paulo Hartung, Haroldo Correa, disse ao Folha Vitória que o Estado perdeu capacidade de investimentos com recursos próprios, nos últimos anos. Como o senhor avalia essas críticas?

GP: É uma frase de efeito para jogar uma ideia errada para a população. Na visão de um economista, ao realizar capacitações para médicos ou professores, por exemplo, você está realizando um investimento, já que vai melhorar a vida das pessoas. Mas quem tem uma visão estreita pode querer classificar isso como um custo. É uma crítica sem fundamentos. 

FV: Quanto o governo deverá deixar em caixa para a próxima gestão?

GP: Tudo o que for falado agora é previsão. É preciso fechar o ano. Não dá para fazer estimativa.

FV: Recentemente, a equipe de transição de Hartung também criticou a peça orçamentária, apresentada pelo atual governo. Existiam duas peças de fato? O que justificaria a diferença superior a R$ 200 milhões, apontada pela equipe de transição?

GP: Não existem duas versões do orçamento. Só existe uma versão, a que foi protocolada na Assembleia. Se ele (Haroldo) viu algo a mais, deve ter visto algum rascunho, mas isso não vale. Nem tem como fazer duas versões no sistema, é fisicamente impossível.

FV: Em uma análise preliminar do orçamento enviado à Assembleia, a equipe de transição do governador eleito já informou que as despesas estariam subestimadas. Houve alguma falha na previsão?

GP: O que posso te garantir é que estimar receita é algo muito complexo. Existe um grupo técnico que faz essa previsão, e que foi validada pelo secretário. Eu, particularmente, acho que pode haver um superávit de receita, tanto de impostos, quando nos empréstimos já aprovados, e que constam no orçamento. 

FV: A equipe de transição criticou ainda o atraso nas respostas das demandas. O governo estaria encontrando dificuldades em responder aos pedidos? O que estaria provocando esse atraso?

GP: Não foi combinado data. Foi entregue uma lista de pedidos de dados estatísticos, e agendadas reuniões sobre temas específicos, como por exemplo, o início das aulas e doenças de verão. As datas das reuniões estão sendo cumpridas rigorosamente.  Da relação de dados estatísticos, dois pacotes já foram entregues. Independente de ser mudança de governo, todo exercício de final de ano é apertado. São muitas pessoas que precisam ser articuladas para que sejam enviadas as respostas. O que combinamos é que vamos nos esforçar para terminar tudo até 15 de dezembro.

FV: O senhor considera que existem pedidos exagerados?

GP: Já trabalhei em três comissões de transição, duas estaduais e uma municipal, e sei que não há tempo para trabalhar todos os dados. Se eu tivesse tudo pronto, não haveria tempo para ele (Haroldo) processar tudo isso. Existem coisas repetidas. Vai gerar um “pacotão” impossível de trabalhar.

FV: Essas críticas feitas pela equipe de transição não geram mal estar entre os grupos? O senhor também já foi secretário de Hartung, como é a relação com o atual governador?

GP: A relação é boa. Não afeta a relação pessoal. Quando fui secretário, foi um acordo com o PSB.