O juiz da 2ª Vara Criminal de Cariacica deu uma decisão confirmando a prisão preventiva da advogada Lídia Rangel Rodrigues, investigada no âmbito da “Operação Luxor”, do Ministério Público Estadual (MPES), deflagrada em março deste ano.
Lídia é acusada de usar a sua profissão para atuar em benefício do tráfico de drogas no Espírito Santo, conforme o processo, mantendo ligação com grupos criminosos como o Primeiro Comando de Vitória (PCV) e a Tropa do B.I.
Para fundamentar sua decisão de confirmação da prisão da advogada, o juiz detalha, no processo, os indícios que confirmam a participação de Lídia no esquema. O magistrado destaca que a acusada e os demais integrantes da organização criminosa “se associaram, de forma estável e permanente, em comunhão de esforços e acordo de vontades, para fomentar o tráfico de drogas e todas as movimentações relacionados a ele nos municípios da Grande Vitória”.
O texto também ressalta ter sido encontrado, durante as investigações, um caderno com dados pessoais da advogada, lista de clientes, lista de atendimentos e visitas feitos nas unidades prisionais, informações sobre processos e audiências judiciais e até mesmo anotações manuscritas feitas pela própria acusada.
Sobre as anotações encontradas no caderno, o magistrado afirmar que “em que se observa conteúdo completamente distinto do legítimo exercício de direitos defensivos, restando clara a inserção da advogada na associação criminosa existente entre os denunciados (traficantes)”.
As análises do material pela Justiça ainda apontaram a existência de anotações com valores sobre atendimentos específicos de alguns presidiários por parte da advogada. Os registros indicam que os pagamentos eram feitos por detentos que possuem posição de destaque em organizações criminosas que atuam no Estado.
Por fim, o juiz reforça: “Nas citadas mensagens constam, dentre outras condutas ilícitas, os acertos de contas acerca da venda de drogas, possibilitando identificar o modus operandi dos investigados, havendo fortes indícios de que os denunciados atuavam de forma concertada para a consecução de um objetivo em comum: a prática de tráfico de drogas”.
A reportagem procurou a defesa da advogada, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Operação Luxor no Espírito Santo
Em março deste ano, MPES, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Central), com o apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES e da Polícia Militar (PMES), deflagrou a segunda fase da = “Operação Luxor”. A investigação foi instaurada pelo Gaeco com o objetivo de apurar e coletar provas das atividades dos integrantes de uma organização criminosa que, de forma organizada e contínua, estaria se dedicando ao tráfico de entorpecentes e a crimes a ele conexos, no município de Cariacica e regiões próximas.
Na ocasião, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão nos municípios de Serra, Vitória, Cariacica, Vila Velha, Viana e Guarapari. Os mandados de busca e apreensão estavam relacionados a três advogadas e dois advogados foram cumpridos com o acompanhamento de representantes da Comissão de Prerrogativas da OAB-ES, em cumprimento de decisão judicial da 2ª Vara Criminal de Cariacica-ES.