Política

Magno Malta rebate Manato e sinaliza que vaga de Senado do PL será de Gilvan

Senador ainda mandou recado para ex-deputado sobre sua permanência na sigla. Em 2022, Manato disputou o governo pelo partido

Magno Malta preside o PL no Espírito Santo (foto: divulgação)
Magno Malta preside o PL no Espírito Santo (foto: divulgação)

Se for por falta de adeus do senador Magno Malta (PL), o ex-deputado Carlos Manato (PL), que ameaçou deixar o partido alegando falta de diálogo, já pode se considerar fora. O senador, que preside o PL no Estado, sinalizou que já não considera o ex-deputado como integrante do partido, embora Manato ainda esteja filiado.

E mais: Magno ainda pontuou que a vaga de Senado da legenda para a disputa do ano que vem, pleiteada por Manato, deve ficar com o deputado Gilvan da Federal que “vem sendo nosso pré-candidato há dois anos”.

Em nota encaminhada à coluna De Olho no Poder, por sua assessoria de imprensa, o senador informou que o PL, nas eleições de 2026, terá chapa completa – incluindo a possibilidade de ter um nome disputando o governo do Estado.

“O Partido Liberal terá chapa completa para as eleições de 2026, com candidatos a deputado estadual, deputado federal e senador. Além disso, temos estrutura e capacidade para lançar um nome ao governo do Estado”, disse Magno, na nota.

Sobre a vaga de Senado, especificamente, Magno até ponderou que a decisão final ainda será tomada, mas deixou bem claro quem tem a preferência dele: “A vaga para o Senado será preenchida e o deputado Gilvan da Federal vem sendo nosso pré-candidato há dois anos. A decisão final sobre os candidatos será tomada internamente”.

Na última sexta-feira (21), em entrevista à coluna, Manato disse que está tentando se viabilizar para disputar o Senado no ano que vem, porém, tem encontrado pouco espaço no partido onde está filiado. Ele chegou a cogitar a possibilidade de deixar a legenda e citou que tem conversado com outros dirigentes partidários.

“Estou filiado ainda ao PL. O projeto para 2026 é me viabilizar para o Senado. Se sentir que não tem espaço, tenho que procurar outro caminho. Não gostaria de sair (do PL), mas não tem tido diálogo com o comando no partido no Estado”, disse Manato à coluna, na ocasião.

As divergências com Magno Malta vão desde a falta de diálogo até um “passivo eleitoral” (dívidas) da campanha de 2022, quando Manato foi candidato ao governo do Estado pelo PL.

Questionado sobre o pleito e a reclamação de Manato, o senador mandou um recado: “Quanto aos filiados que, no processo eleitoral de 2024, apoiaram candidatos de outros partidos em detrimento do PL, estes já não fazem parte da legenda. Não há necessidade de expulsão formal, pois, ao virarem as costas para o partido, eles próprios se excluíram”.

No ano passado, Manato se envolveu discretamente nas eleições, mas apoiou alguns candidatos a prefeituras. Em Guaçuí apoiou Vagner Rodrigues (PP), que venceu a eleição. O pleito contava com um candidato do PL, Carlos Gouvea, que ficou em quarto lugar.

Em Marataízes, apoiou Toninho Bitencourt (Podemos). Na Terra do Abacaxi, o PL também tinha candidato: Jaiminho Machado, que ficou em terceiro lugar.

Em Venda Nova do Imigrante, onde o PL tinha como grande aposta a candidatura de Rafael Monteiro, Manato apoiou Dalton Perim (Republicanos), que foi eleito.

Delmaestro ao microfone, ao lado de Manato na filiação de Audifax ao PP

Na Grande Vitória, Manato apoiou publicamente Audifax Barcelos (PP) na disputa pela Prefeitura da Serra. Muito em retribuição ao apoio que Audifax lhe deu no segundo turno de 2022 e também porque sua esposa, Soraya Manato, é filiada ao PP.

A questão é que na Serra, o PL também tinha nome na disputa: era o ex-vereador Igor Elson, que ficou em 4º lugar. Audifax ficou em terceiro.

Em Vila Velha, onde a candidatura de Coronel Ramalho também era uma das grandes apostas do partido, Manato não se envolveu e em Vitória ele disse não ter feito campanha para ninguém em respeito à candidatura do Capitão Assumção (PL). “Respeitosamente a Assumção, não fizemos campanha em Vitória, mas Soraya é filiada ao PP, votamos em Pazolini”.

Manato também diz ter apoiado candidatos do PL em outros municípios, como Dr. Luis Pancoti, em Ibatiba; e Tiago Rocha, em São Gabriel da Palha. Mas, ao que parece, o partido esperava mais empenho do ex-deputado, que se defende:

“Não me convidaram para nenhuma convenção do PL, não me deixaram participar, nem gravar para os candidatos. Foi complicado. Não é que eu não queria, eu não pude participar. E na Serra, eu tinha dado minha palavra ao Audifax, não tinha Igor na época (2022). Como eu iria descumprir?”, disse Manato.

Vai ter aliança?

O senador Magno Malta também informou, na nota, que para 2026 o PL vai dialogar com outras legendas. A decisão representa uma mudança com relação à postura tomada no ano passado. O PL foi para as urnas praticamente isolado, em chapas puro-sangue, após Magno vetar alianças até com partidos de centro-direita.

“Dialogaremos com todos os partidos do espectro de direita e centro-direita, mas não estaremos a reboque de ninguém”, diz o comunicado do presidente estadual da legenda.

Um desses partidos pode ser o Republicanos. Na esfera federal, PL e Republicanos caminham juntos e fazem dobradinhas em vários estados País afora. No Espírito Santo, porém, as duas legendas se estranharam no ano passado, disputando os mesmos políticos – coronel Ramalho, em Vila Velha, e Leandro Sperandio, em Aracruz – e até o título de qual partido é o mais conservador do País.

Passado o pleito municipal e às vésperas das eleições gerais, um movimento de aproximação já é visto entre Republicanos e PL e é grande a possibilidade das duas legendas do campo da direita estarem juntas numa frente contra o projeto do governo do Estado. Do lado da situação, também terá chapa completa na majoritária, com candidato ao governo do Estado e dois nomes na disputa pelo Senado.

Embora tenha dito que o PL tem “estrutura e capacidade” para ter candidatura ao governo do Estado, é o Republicanos que tem hoje o nome mais forte na oposição para disputar o Palácio Anchieta: trata-se do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini.

Daqui até o fechamento das convenções partidárias no ano que vem, uma das missões do Republicanos será a de convencer o PL a selar uma aliança e apoiar Pazolini ao governo do Estado.

Algumas ações já foram tomadas, como por exemplo, abrigar algumas indicações políticas de lideranças do PL em cargos comissionados da Prefeitura de Vitória, e reuniões com mandatários do Partido Liberal. Agora se o aceno do Republicanos vai se transformar em parceria com o partido de Magno Malta no ano que vem, só o tempo dirá.

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Fabiana Tostes
Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.