Eleições 2026

Manato: “Vou trabalhar para viabilizar a candidatura de Pazolini ao governo do Estado”

Entrada de Soraya Manato na gestão de Pazolini vem após a construção de uma aliança entre o prefeito e o ex-deputado, visando às eleições de 2026

Erick, Soraya, Pazolini, Manato e Cris em encontro na Prefeitura de Vitória (foto: divulgação)
Erick, Soraya, Pazolini, Manato e Cris em encontro na Prefeitura de Vitória (foto: divulgação)

A ex-deputada federal e médica Soraya Manato (PP) foi nomeada secretária de Assistência Social de Vitória nesta terça-feira (18), segundo publicação no Diário Oficial do município. Ela entra no lugar de Cintya Schulz que, segundo o Diário, foi exonerada a pedido.

A chegada de Soraya ao primeiro escalão de Pazolini vem após uma articulação política liderada pelo seu esposo, o ex-deputado federal Carlos Manato (PL), e pelo presidente estadual do Republicanos, Erick Musso.

Sua nomeação não foi para preencher cota partidária. Ela não entra como indicação do PP (seu partido) ou do PL (sigla do esposo), mas sim como fruto de uma aliança selada entre o prefeito e o ex-deputado visando às eleições de 2026. “A aliança é com Manato, CPF”, disse Manato.

Essa aliança tem dois objetivos. O primeiro é dar visibilidade a Soraya, permitindo que ela tenha realizações concretas para apresentar na campanha do ano que vem. Soraya é pré-candidata à deputada federal, mas está sem mandato desde 2022.

À frente da Semas, uma pasta com diversas atribuições, incluindo a gestão de programas sociais voltados para públicos variados – de famílias vulneráveis a migrantes, de crianças a idosos –, Soraya terá a chance de transformar a pasta em uma vitrine para sua candidatura à Câmara dos Deputados.

Segundo Manato, a estrutura da secretaria deverá ser mantida, mudando apenas uma subsecretaria e poucos comissionados. “Não haverá caça às bruxas, nem uma mudança completa na secretaria.”

O segundo objetivo da aliança é incluir Manato na construção de pontes para Pazolini em redutos onde o ex-deputado domina. O prefeito é cotado para disputar o governo do Estado e já é tratado por seu partido como pré-candidato. Para fortalecer sua posição, tem feito incursões pelo interior, buscando ampliar sua visibilidade e dialogar com lideranças regionais.

A missão de Manato passaria por ajudar nessa jornada, conforme ele mesmo revelou à coluna De Olho no Poder: “Vou trabalhar para viabilizar a candidatura de Pazolini ao governo do Estado. Soraya vai fazer a parte técnica e eu vou fazer a parte política”.

Manato disse que partiu dele o primeiro gesto de aproximação, embora o convite para assumir a Semas tenha partido do prefeito.

Há três grupos: o de Casagrande, o do PT e o do Pazolini, que está reunindo o Republicanos, o Novo, o PSD e iniciou conversas com o PL. Então, de quem vou me aproximar? É questão de lógica. É nesse grupo que tem espaço pra mim. Claro que vou contribuir e tenho que mostrar serviço, mas já me coloquei à disposição para atuar junto a lideranças do interior, a grupos de direita, para viabilizar o nome de Pazolini ao governo. Se a direita for inteligente, junta todo mundo”, disse Manato.

Disputa ao governo descartada

Ao selar sua entrada no grupo de Pazolini, Manato automaticamente descarta qualquer possibilidade de disputar o Palácio Anchieta. Pelo menos na eleição de 2026.

Nas últimas duas eleições para o governo do Estado, Manato foi candidato e, em 2022, chegou a levar a disputa para o segundo turno, perdendo para o atual governador, Renato Casagrande (PSB).

“Desde julho, quando eu comecei a conversar com o Erick, eu perguntei qual era o projeto do Republicanos. E ele disse que seria reeleger Pazolini, se possível no primeiro turno, para ele se habilitar para ser governador. Então, ao entrar nesse grupo, não faria sentido eu querer ser candidato a governador. Vou trabalhar para ser senador, são duas vagas”.

Sobre uma possível mudança de legenda, dele e da esposa, Manato disse que o assunto não foi colocado na mesa. Ainda. A situação de Manato no PL não é das melhores. No partido comandado pelo senador Magno Malta, ele não terá legenda para disputar.

Já no PP, a chapa de federal deve vir forte e pesada, o que poderia dificultar a eleição de Soraya. Ela corre o risco de servir como escada para outros candidatos, principalmente mandatários – o partido tem hoje duas cadeiras na Câmara Federal, a de Da Vitória e a de Evair de Melo.

Por ora, os dois devem permanecer em seus partidos. “Não vou desfiliar do PL, não. Pelo menos até março (do ano que vem), eu vou continuar no PL. Estou filiado e vou continuar lá”, disse Manato.

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Fabiana Tostes
Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.