Casagrande e Marcel
Casagrande e Marcel

O empresário Marcel Carone pediu sua desfiliação do Avante. Numa carta endereçada à direção nacional da legenda, ele lamentou algumas dificuldades que enfrentou na eleição e abriu mão da direção estadual e de militar nas fileiras do partido.

“O processo político em 2022 foi muito duro, difícil, desde a formação das chapas até as eleições. A concorrência foi grande e, às vezes, desleal, fazendo frente ao nosso trabalho com promessas de mais estrutura, recursos financeiros, etc. Fomos valentes até o fim”, disse Marcel na carta que enviou à direção nacional.

Marcel foi o primeiro suplente na candidatura ao Senado do pastor Nelson Junior, que terminou em quinto lugar, alcançando 11.787 votos. Durante a pré-campanha, o partido negociava ainda com quem iria fechar o apoio – havia a possibilidade de ficar com o deputado federal Felipe Rigoni (União) –, quando houve uma interferência de cima para baixo.

A Executiva nacional do Avante fechou com a Rede para apoiar o então candidato ao governo Audifax Barcelos (ex-Rede). E foi aí que os problemas do Avante começaram. No começo, segundo Marcel, houve uma promessa de apoio a Nelson Junior, com estrutura, recursos, pedidos de votos, mas depois isso não teria se concretizado na medida esperada pelo partido.

Marcel então, no final de setembro, rompeu com Audifax e declarou apoio informal a Casagrande. Foi informal porque o Avante estava na coligação de Audifax e o tempo de TV do partido não passou para o governador. Marcel voltou a atuar no governo, por meio de um cargo comissionado na Casa Civil.

“Vou decidir com o governador”

Questionado para qual partido iria, Marcel fez mistério, mas disse que vai decidir com o governador até a primeira semana de janeiro. “Casagrande é o meu líder, é a minha grande referência na política”, disse. Ele também disse que continua atuando no governo e sinalizou que sua preferência é para atuar na Secretaria das Mulheres, que ainda será criada e comandada pela atual vice-governadora, Jacqueline Moraes (PSB).

Marcel disse já ter feito uma primeira conversa com Jacqueline e que conta com uma espécie de “carta de recomendação” para atuar na nova pasta. Ele apresentou à coluna uma carta da advogada Andreza Colatto, ex-secretária nacional de Políticas para as Mulheres e ex-presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, que teria sido endereçada a Jacqueline, indicando Marcel para atuar na secretaria.

“Creio que sua participação direta na Secretaria da Mulher enviaria uma importante mensagem à sociedade capixaba e brasileira, sem contar com a técnica e o amor com que conduzirá a pauta, será uma importante contribuição à senhora e ao seu estado”, diz trecho da carta.

Prioridade para elas

A vice-governadora Jacqueline Moraes, futura herdeira da pasta, confirmou ter conversado com Marcel e elogiou sua atuação com projetos envolvendo mulheres. Mas, sinalizou que a pasta deve ser preenchida por quadros femininos.

“Ele conversou comigo, sim. É bem relacionado e articulado com vários projetos bacanas de empoderamento da mulher. É sensível à causa do combate à violência de gênero. E me apresentou o projeto ‘Eles pos Elas’. Ele está na Casa Civil e podemos elaborar parcerias fortes. Na Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, a ser instituída, temos uma solicitação dos segmentos e coletivos para nomear só mulheres”, disse Jacqueline.

Jacqueline não cravou que irá atender totalmente a solicitação dos segmentos e coletivos, mas a simples menção do pedido de nomear apenas mulheres na pasta já joga um balde de água fria nos planos de Marcel. Ao menos por enquanto.

Fabiana Tostes
Jornalista graduada pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e acompanha os bastidores da política capixaba desde 2011.