Política

Moraes compara contestação do resultado das urnas a choro de derrotado no futebol

Presidente do TSE diz que até hoje ele reclama da derrota do Corinthians para o Internacional em 1976 e que tribunal vai tratar do mesmo jeito quem reclamar do resultado da apuração, sinalizando que é reclamação é mero descontentamento pessoal

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Neste domingo (02), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, minimizou eventuais tentativas contestação dos resultados da eleição por candidatos e autoridades públicas, como as Forças Armadas. 

De acordo com conteúdo publicado pelo jornal Estadão, o  ministro recorreu à uma analogia futebolística para defender que questionamentos às informações registradas nas urnas eletrônicas devem ser tratadas pela Justiça Eleitoral como reclamações de torcedores cujos times foram derrotados em campo – ou seja, sem relevância ou capacidade de mudar o final da disputa. Segundo Moraes, eleitores e candidatos descontentes com o resultado do processo devem guardar as queixas para si. 

“Sou Corintiano, todos sabem. Até hoje contesto a vitória do Internacional, em 1976, com aquela bola que bateu na trave e foi dado gol. Eu fico com minha contestação para mim mesmo e é assim que o TSE vai tratar quem contestar as eleições”, afirmou.

A possibilidade de os resultados das urnas serem contestados publicamente por candidatos derrotados paira sobre o TSE. Ainda segundo texto do Estadão, as Forças Armadas realizam em cerca de 300 urnas espalhadas pelo País uma espécie de “contagem paralela” dos votos, que consiste em comparar os boletins impressos contendo os votos em cada candidato com os dados divulgados ao final da apuração pela Justiça Eleitoral. 

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem dado indicativos de que utilizará o relatório elaborado pelos militares para questionar os sistemas de votação. Como antecipou o Estadão, diante dos riscos que se apresentam, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu ampliar em 50% o número de técnicos designados para fazer auditoria nas urnas eletrônica, que tem sido chamada nos bastidores de fiscalização da “apuração paralela dos militares”. 

Mesmo diante da possibilidade de crises institucionais decorrentes da contestação dos resultados, Moraes tem evitado dar declarações mais enfáticas sobre como reagirá. Durante a entrevista no TSE, Moraes garantiu que a Justiça Eleitoral não terá de lidar com o “problema” das contestações. Ele explicou que o procedimento previsto nesses casos é o de confrontar as alegações dos eleitores e candidatos que apontam fraudes com os resultados registrados nos boletins enviados aos Tribunais Regionais Eleitorais e e ao TSE.

Moraes ainda comentou um dos pontos mais sensíveis das eleições deste ano: a proibição ao porte de armas. Segundo Moraes, a Corte obteve relatórios s de impressões de usuários no Twitter sobre a decisão que vetou a circulação de cidadãos armados no dia da eleições e os resultados apontam cerca de 88% de aprovação da medida.

“Dia de eleição não é dia de arma. Eu digo e repito, a arma do eleitor é o voto. Nada justifica que no dia da votação, quando há uma aglomeração maior de pessoas, alguns saiam com armas para ir praticar tiro. Tem outros dias para isso e os próprios CACs (Caçadores, Atiradores e Colecionadores) parecem ter entendido muito bem isso. Eles entenderam a importância da tranquilidade, da segurança e da democracia justificava essa medida”, afirmou.