Política

"Não adianta só comprar armas e viaturas", diz vice-prefeita de Vitória

Capitã Estéfane (Republicanos) foi a entrevistada do programa De Olho no Poder com Fabi Tostes, na Pan News Vitória, e falou sobre temas relacionados ao papel das forças de Segurança Pública no combate e prevenção à violência

Capitã Estéfane (Republicanos) foi a convidada desta quinta-feira (03) no programa  “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, na Rádio Pan News Vitória

Com 11 anos de atuação na Polícia Militar, instituição de onde saiu quando aceitou o convite para entrar para a política, a vice-prefeita de Vitória, Capitã Estéfane (Republicanos), acredita que o combate ao crime deve ser uma construção coletiva, que não deve ficar restrita apenas à melhoria de estrutura das forças de segurança. 

“Não adianta eu só comprar arma, viatura e melhorar o salário do policial sem ter investimento na educação, no desenvolvimento econômico e social e não ter uma repaginação da infraestrutura, da arquitetura urbana”, declarou, durante entrevista nesta quinta-feira (03), ao programa “De Olho no Poder com Fabi Tostes”, da Rádio Jovem Pan News Vitória (90.5 FM), comandado pela jornalista Fabi Tostes.

Na visão da vice-prefeita, o combate à violência passa pela união de todos. “Se eu tenho uma sociedade em que as pessoas entendem que podem contribuir com a segurança, isto é um reforço. Preciso desse conjunto para que a segurança seja efetiva”, destacou. 

“Claro que tem que investir em equipamento, em servidor. Não é só isso. Mas a gente precisa integrar com outras intervenções estatais. Essa intervenção tem que ser propositiva. Se o Estado não intervém para aquele resultado, dificilmente de uma forma coletiva haverá uma mudança significativa”, explicou.

“A segurança, hoje, trabalha com emergência. O policial deve sempre atender quando chega a demanda e resolver aquele problema crônico, que envolve a troca de tiros, mas somente isso não é tratar de segurança pública. Ela deve ser pensada também para isso não acontecer”, reforçou.

A avaliação da vice-prefeita é que a presença de forças policiais nas ruas, de maneira ostensiva, também é importante. Daí a sua aprovação pelo crescimento do papel das guardas municipais nos últimos anos no cotidiano das cidades brasileiras. 

“O agente de segurança fardado e uniformizado impacta muito no resultado para todas as pessoas. Muda o ambiente. Ninguém vai querer cometer um crime na frente de uma viatura”, comentou. 

Estéfane acredita que os agentes da Polícia Militar estão, hoje, mais envolvidos com a visão humanista no trabalho das forças de segurança. 

“Passei por duas formações: a de soldado e a de oficial, em 2009 e em 2012. Nas minhas duas formações, essa visão humanizada já estava nas grades curriculares. Eu via nas ruas muitas pessoas com essa visão também. Sempre há pessoas que pensam diferente e, às vezes, você vê policiais novos que querem pegar vícios antigos, espelhando em coisas do passado que hoje não se aplicam mais, até mesmo por uma questão constitucional. Eu vejo essa parcela como minoria na polícia”, apontou.

Na entrevista, ela também falou sobre o relacionamento com o governo do Estado, com o prefeito Pazolini e com a Câmara de Vitória e sobre seus projetos políticos. Além disso, contou um pouco sobre o drama familiar que sofreu com a perda do pai, assunto abordado na coluna De Olho no Poder desta quinta-feira (03). 

Em janeiro de 2021, o pai, Denevaldo Franca, de 50 anos, foi assassinado pela namorada.

Apesar da dor e pelo luto precoce por ter perdido o pai de forma tão violenta, Estéfane diz, um ano depois do crime, que perdoa a mulher que matou seu pai. 

“Sim, eu consegui perdoar. Eu desejo do fundo do meu coração que ela entenda o que ela fez, que ela se arrependa. Porque, na verdade, acho que ela é quem está mais sofrendo com isso. Porque meu pai não está mais aqui, eu e minha família, com a ajuda de Deus, conseguimos superar. Ela que está tendo que lidar com isso, ela que vai sofrer”, disse Estéfane.

A vice-prefeita contou que a mulher está respondendo a processo. Segundo ela, o crime ocorreu sem ter um motivo aparente, em meio a uma briga entre Denevaldo e a namorada. Os dois, segundo Estéfane, tinham problemas com alcoolismo. 

“Meu pai teve uma vida um pouco difícil, não teve escolaridade, trabalhou em subemprego a vida inteira, como minha mãe, e desde a infância ele se envolveu com alcoolismo. Ele teve esse conflito com a namorada, ela também era envolvida com bebida, foi uma briga sem motivo aparente”, explicou Estéfane.