Atual vice-governador do Espírito Santo, Givaldo Vieira (PT) tem boa parte de sua vida dedicada à política. Formado em Direito, Givaldo já foi vereador, secretário de Direito Humanos e Cidadania, secretário de Educação, secretário de Coordenação Política, deputado estadual, secretário de Estado do Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social (Setades). Givaldo também é o coordenador do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Estado.
Eleito deputado federal, com 50.928 votos, Givaldo é um dos dois petistas na bancada federal. Ao analisar a situação do PT no Espírito Santo, Givaldo refuta a ideia defendida por outros partidos de que o Governo Federal tenha esquecido do Estado. Sobre a rejeição da presidente Dilma nas urnas capixabas, o terceiro entrevistado da série especial do Folha Vitória acredita que a derrota tenha sido fruto do que ele chama de “antipetismo” criado pela oposição. Confira:
Folha Vitória: Quais serão as principais bandeiras que o senhor pretende defender na Câmara dos Deputados?
Givaldo Vieira: Projetos voltados para a educação profissional, regularização fundiária, agricultura familiar, microempreendedorismo, escolas em tempo integral, soluções para a melhoria da saúde pública e mobilidade urbana.
FV: O senhor é vice-governador de Renato Casagrande (PSB). Nesta eleição, os partidos de vocês não ficaram no mesmo palanque. Como o senhor avalia a relação PT/PSB? Acha que está estremecida?
GV: Na eleição, quando se teve de escolher um lado, o PSB nacional optou por lançar uma candidatura própria e no 2º turno apoiar a chapa do PSDB, e isso faz parte do movimento democrático em período eleitoral. Por parte do PT estadual, não há indisposição com os socialistas, e até o dia 31 de dezembro represento o partido no Governo do Estado, liderado por Casagrande, que é do PSB.
Folha Vitória: O PT tem sido criticado duramente no Estado pelos adversários que afirmam que o Estado tem sido esquecido pelo Governo Federal. O que o senhor acha sobre as críticas envolvendo a relação entre o governo federal e o Espírito Santo. O senhor acredita em isolamento? Faltou mais atenção da presidente Dilma ao ES?
GV: Não há isolamento. O Governo Federal oportuniza importantes investimentos ao Estado, e temos como exemplo o Contorno do Mestre Álvaro, na Serra, com recursos liberados, por meio do PAC 2, e licitação autorizada para as obras iniciarem esse ano. Também ampliou e recuperou o cais comercial do Porto de Vitória, sem contar os investimentos em políticas públicas de educação profissional, como o Pronatec, com mais de 180 mil matrículas no Estado, e o programa Mais Médicos, que abrange 1,4 milhão de capixabas. Portanto, foram muitos os avanços, mas, lutar por mais é fundamental, e nesse contexto, pretendo trabalhar por maior unidade na bancada.
Folha Vitória: Nas eleições deste ano, a presidente Dilma saiu derrotada das urnas nos dois turnos no Estado. Quais fatores teriam contribuído para isso?
GV: Nessa eleição, foi criado um clima de “antipetismo”, construído pela oposição e espalhado por todo o País. Embora tenha surgido esse ambiente desfavorável aos candidatos do PT, e aqui no Estado a maioria das lideranças políticas de peso tenha apoiado o Aécio no 2º turno, a presidenta Dilma foi bem votada aqui, com mais de 911 mil votos, sendo que o mercado político esperava uma vitória esmagadora do candidato do PSDB no Espírito Santo. Ou seja, um número considerável de capixabas reconhece as conquistas que tiveram, com o apoio das políticas públicas dos Governos do PT, nos últimos 12 anos.
Folha Vitória: O governador eleito pelo Espírito Santo, Paulo Hartung, apoiou o candidato derrotado Aécio Neves. O que o senhor espera da relação de Dilma com o Espírito Santo nesse novo mandato ?
GV: O Governo Dilma age de forma republicana, tratando de forma igual os estados liderados por governadores do PSDB e do DEM, por exemplo, que são opositores históricos ao PT. No Estado, Paulo Hartung, que tem boa relação com o ex-presidente Lula, foi eleito pelo PMDB, que é aliado nacional do partido da presidenta, e é inclusive a sigla do vice Michel Temer. Esse novo mandato da Dilma tem tudo para solucionar os gargalos logísticos e consolidar mais melhorias sociais na vida dos capixabas.
Folha Vitória: Por pertencer o partido da presidente, o senhor pensa em entrar na disputa para ser o coordenador da bancada?
GV: Ainda não houve uma conversa entre a bancada nesse sentido. Por enquanto, estou focado nas minhas atribuições no Governo do Estado e no planejamento do meu mandato de deputado federal, a partir de fevereiro de 2015.
Folha Vitória: Sobre a reforma política. Qual a sua posição sobre o assunto?
GV: Sem dúvidas, é a primeira das grandes reformas que o Brasil precisa fazer, para que o sistema político se torne mais justo com todos os cidadãos. Sou a favor e defendo que seja feita em forma de consulta à população, com temas bem definidos, como, por exemplo, o fim do financiamento de empresas às campanhas e o fim das coligações.