"As instituições envergaram, mas não quebraram", diz Casagrande em discurso no Palácio Anchieta
Governador empossado neste domingo ainda brincou dizendo que " a eleição foi pesada, mas que sua vitória foi gostosa"
Após ter sido empossado governador do Estado durante sessão solene na Assembleia Legislativa (Ales), na tarde deste domingo (01), Renato Casagrande (PSB), reeleito para o segundo mandato consecutivo - o terceiro como chefe do Executivo estadual -, seguiu para o Palácio Anchieta, onde cumpriu os ritos de sua recondução ao posto.
Na ocasião, o governador discursou por cerca de quarenta minutos, para um Salão São Tiago lotado de apoiadores e autoridades estaduais. Na primeira fileira, a família de Casagrande, alvo de algumas brincadeiras por parte do mandatário, cujo ponto alto da fala foi resistência das instituições democráticas, mesmo em um ambiente fortemente polarizado, segundo ele.
Veja o vídeo de Casagrande sendo reconduzido ao cargo:
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"Nós passamos, nesse país, o maior teste para as nossas instituições, depois da redemocratização brasileira. As instituições nunca tinham sido envergadas como neste processo. As instituições capitularam em 1964 (período em que foi instituído o golpe militar no Brasil). Agora, as instituições envergaram mas não quebraram", disse o governador empossado.
O socialista, assim como tem afirmado em todas as suas falas públicas após o resultado das eleições, voltou a ressaltar que o pleito deste ano foi o mais difícil e polarizado pelo qual passou. Só que, diferente das outras vezes em que falou sobre o assunto, Casagrande deu um tom de revanche à sua colocação na tarde deste domingo.
"A eleição foi pesada, mas a vitória foi gostosa", brincou o governador, que foi longamente aplaudido e ovacionado pelo público presente na solenidade.
Balanço da gestão
O governador reeleito também abriu espaço para fazer uma rápido balanço de sua gestão à frente do Palácio Anchieta nos últimos quatro anos.
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“Realizamos o maior investimento em infraestrutura da nossa história. Entregamos novas rodovias, construímos hospitais e reconstruímos cidades destruídas pelas chuvas. Também enfrentamos de forma definitiva problemas históricos, como obras de macrodrenagem em áreas importantes que sofriam por décadas com fortes alagamentos e destruição", lembrou.
Objetivos do novo mandato
Em relação aos desafios da futura gestão, Casagrande destacou que os próximos anos serão uma temporada de oportunidades para o Espírito Santo.
“Assumo aqui o compromisso de trabalhar duro para que essas oportunidades aconteçam e sejam usufruídas por todo o nosso povo, especialmente por aqueles que mais precisam do nosso empenho para viver uma vida mais digna. Serei o governador de todos. [...] Não se trata de começar do zero, mas de acelerar as políticas públicas que já temos, ampliá-las, aperfeiçoá-las e criar outras novas formas para encarar velhos e novos desafios”, afirmou.
Leia o discurso na íntegra:
"Há quatro anos estive nesta mesma casa para tomar posse em meu segundo mandato conferido pelo povo capixaba através do voto popular e democrático. Um mandato que carregava as esperanças do início de um novo momento para o Espírito Santo, que expressou nas urnas seu desejo de voltar a crescer e se desenvolver.
O fato de estar aqui hoje para renovar este mandato popular é para mim, ao mesmo tempo, uma enorme honra e uma grande responsabilidade. Uma honra por saber que a renovação desse compromisso sinaliza que esse projeto, construído com participação ampla da nossa sociedade, tem apresentado resultados positivos e significativos na vida das pessoas. E uma grande responsabilidade por ter a clareza de que, nos próximos quatro anos, serei instrumento dos avanços e das transformações que nossa sociedade exige e a chegada de novos tempos e desafios nos impõe. Recebo este novo mandato, portanto, com a firme certeza de que, por mais que tenhamos crescido economicamente e socialmente, mesmo em um momento tão desafiador da vida brasileira e mundial, precisamos avançar ainda mais, nesses próximos anos.
E se para enfrentar os novos desafios e defender nossos valores, a experiência é importante, é preciso reconhecer e afirmar que as velhas fórmulas já não bastam. Para encarar os desafios que temos à frente é preciso renovar na forma de pensar, inovar na maneira de agir e reunir o melhor que nossa sociedade oferece para ousar na busca por novos resultados. Além disso, é preciso liderar, apontar um caminho, ter objetivos bem claros, saber exatamente onde queremos chegar. Foi isso que nós propusemos ao povo capixaba.
Foi para isso que fomos eleitos. É por isso que estamos aqui hoje. O que construímos até aqui nos ajudou a posicionar o Espírito Santo entre os estados que mais crescem no Brasil. Realizamos, nos últimos quatro anos, o maior investimento em infraestrutura da nossa história. Entregamos novas rodovias, construímos e recuperamos hospitais, reconstruímos cidades destruídas pelas chuvas e enfrentamos de forma definitiva problemas históricos, como a construção da macrodrenagem em áreas importantes, que por décadas sofreu com fortes alagamentos e destruição.
Somos hoje líderes na atração de novos negócios, capacitamos mais de 400 mil pessoas pelo Qualificar ES e estamos entre os estados que mais geram empregos neste país. Saltamos de 32 para 132 escolas em tempo integral e nosso trabalho na Educação, que vai avançar em larga escala, já é apontado hoje como referência para formulação de políticas públicas nacionais. Definitivamente, colocamos o Espírito Santo no mapa como uma referência positiva em várias áreas, um exemplo de gestão para o país. Tudo isso durante uma das maiores crises econômica e social que já vivemos, enfrentando ainda uma pandemia que vai deixar sua marca por gerações, e em meio a um dos momentos de maior polarização política da vida brasileira.
No entanto, tenho a clareza de que nossa tarefa não estará concluída enquanto todas as nossas crianças, da capital ao interior, e de todas as classes sociais, não tiverem acesso à educação de qualidade e às mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento. Nossa tarefa não estará completa enquanto tivermos irmãos e irmãs vivendo na extrema pobreza. Nossa tarefa não estará terminada enquanto todo capixaba não tiver sua dignidade assegurada.
Superar todos esses desafios e entregar tantos resultados só foi possível pela soma de esforços e a união de muitos homens e mulheres, de norte a sul deste estado, a quem quero aqui prestar uma sincera homenagem e expressar todo meu reconhecimento. Ninguém faz nada sozinho. E muito pouco se produz em uma sociedade dividida. Mas não quero aqui falar apenas do que foi feito. Afinal, se o passado nos credencia, é o futuro que nos anima e estimula.
Quero aproveitar esta ocasião para falar do que será este novo mandato, que se inicia hoje. Tenho fé que os próximos anos serão uma temporada de oportunidades para nosso estado e para o povo capixaba. E assumo aqui o compromisso de trabalhar duro para que essas oportunidades aconteçam e sejam usufruídas por todo o nosso povo, especialmente por aqueles que mais precisam do nosso empenho para viver uma vida mais digna. Como disse lá atrás, governarei para todos.
Sabemos das oportunidades que existem na economia verde, na produção agroindustrial, na economia do conhecimento, nas novas tecnologias, no turismo e em diversas áreas de comércio e serviços. Sabemos também do potencial do nosso capital humano para desenvolver novos projetos e iniciativas em nosso estado. E sabemos, sobretudo, que não faltará vontade política, nem muita energia deste governo para que tudo isso, de fato, aconteça.Termina aqui o tempo das disputas ideológicas.
O Espírito Santo não vai simplesmente seguir mudanças que são inexoráveis e, muitas vezes, urgentes para a sociedade brasileira. Nós vamos liderar essas mudanças e dar, mais uma vez, o exemplo ao país. Porque é isso que estamos fazendo ao longo desses anos: colocando o Espírito Santo no mapa, através do exemplo de eficiência que oferecemos ao Brasil. Não se trata de começar do zero, mas de acelerar as políticas públicas que já temos, ampliá-las, aperfeiçoá-las e criar outras novas formas para encarar velhos e novos desafios.
Continuaremos trabalhando com todo empenho e dedicação, que já são a nossa marca. Mas precisaremos do esforço de todos para aproveitar as oportunidades em busca de um novo tempo de união e prosperidade. E quando falo do esforço de todos é para deixar bem claro que para avançarmos juntos, em muitas áreas, não precisamos pensar todos da mesma forma. Precisamos apenas nos concentrar naquilo que nos une. Porque muita gente ainda pode desafiar os que a ciência nos ensina, mas ninguém pode evitar as consequências das enchentes, que devastam nossas cidades e ameaçam nosso futuro.
Afinal, liderança, em democracias, se constrói com diálogo. Com capacidade de ouvir lados opostos, de construir consensos para garantir crescimento e prosperidade. Liderança, em democracias, se constrói com responsabilidade pelo presente e pelo futuro de gerações que estão chegando. Com humildade para corrigir erros e entender que quando a sociedade muda, nós também precisamos mudar. Liderança, em democracias, se constrói defendendo a democracia. Foi assim que chegamos até aqui. É assim que vamos avançar.
Faremos um governo amplo, onde ninguém será questionado ou elogiado pelo que pensa, mas sim pelo desempenho em sua função. Desta forma seguiremos como uma fonte de esperança e transformação para quem precisa, muitas vezes, apenas de uma oportunidade para crescer e se desenvolver. Uma fonte de esperança e transformação para inspirar as gerações de hoje e as que vêm pela frente a fazerem o seu melhor por este Estado.
Começa agora o tempo do diálogo, da tolerância e do entendimento em torno de objetivos comuns. Esse é o melhor exemplo que podemos oferecer às futuras gerações de líderes, a melhor forma que temos de indicar um caminho para que elas construam um projeto para os próximos vinte anos como fez a nossa geração, vinte anos atrás. Tínhamos e temos pensamentos políticos diferentes, posições ideológicas distintas, mas um objetivo em comum muito claro: construir de um Espírito Santo mais forte, justo e equilibrado. O Espírito Santo que estamos construindo hoje e pelos próximos anos. Muito obrigado e feliz ano novo a todos e todas".
Renato Casagrande é empossado governador do ES pela 3ª vez
O governador do Espírito Santo reeleito, Renato Casagrande (PSB), tomou posse na tarde deste domingo (01) para o terceiro mandato, sendo o segundo consecutivo. A primeira parte da cerimônia aconteceu na Assembleia Legislativa do Estado (Ales).
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O socialista foi reeleito no segundo turno, com 53,80% dos votos válidos. Essa foi a primeira vez em 28 anos que o governado do Estado foi definido em segundo turno.
No último dia 19 de dezembro, Casagrande foi diplomado para o novo mandato no Tribunal Regional Eleitoral, em Vitória. Na ocasião, ele destacou que ainda há muito o que fazer pelo Estado e pelos capixabas.
"Chegou olhando para a frente, com foco no futuro e no tanto que ainda temos que fazer para melhorar a vida de nossa gente. Consciente dos desafios que temos pela frente, mas também com a certeza de que unidos somos capazes de vencê-los e chegar sempre mais longe", disse.
Em seu primeiro discurso já no novo mandato, Casagrande agradeceu aos seus aliados de trajetória política, à esposa e aos filhos pelo apoio recebido durante o processo eleitoral deste ano.
Ele também ressaltou a importância do Legislativo como poder central da democracia. "Preciso agradecer a Assembleia, porque, apesar das diferenças, tudo que era de interesse dos capixabas foi discutido e decido", frisou.
Veja quem são os secretários do ES no novo mandato
Chefia de Gabinete — Valésia Perozini
Comunicação — Flávia Mignoni
Casa Civil — Davi Diniz
Direitos Humanos — Nara Borgo
Recursos Humanos — Marcelo Calmon
Casa Militar — Coronel Aguiar
Controle e Transparência — Edmar Camata
Saneamento e Habitação — Marcus Vicente
Educação — Vitor de Ângelo
Governo — Maria Emanuela Pedroso
Planejamento — Álvaro Duboc
Fazenda — Marcelo Altoé
Cultura — Fabrício Noronha
Mobilidade Urbana — Fábio Damasceno
Trabalho, Assistência e Desenvolvimento Social — Cyntia Grillo
Desenvolvimento — Ricardo Ferraço
Agricultura — Ênio Bergoli
Justiça — André Garcia
Saúde — Miguel Paulo Duarte Neto
Políticas para as Mulheres — Jacqueline Moraes
Segurança Pública e Defesa Social — Alexandre Ramalho
Esportes — José Carlos Nunes
Meio Ambiente — Felipe Rigoni
Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional — Bruno Lamas
Turismo — Weverson Meireles
Procuradoria-Geral do Estado — Jasson Amaral