Política

PF vai intimar Marcos do Val para depor sobre suposta coação de Bolsonaro por golpe

O senador anunciou sua renúncia ao mandato e disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe para seguir no Palácio do Planalto

Foto: Agência Senado

A Polícia Federal vai intimar o senador Marcos do Val (Podemos-ES) para depor na investigação aberta para apurar os ataques golpistas ocorridos após o segundo turno das eleições e que desaguaram nas invasões aos prédios do três Poderes, em 8 de janeiro.

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O senador anunciou na madrugada desta quinta-feira (02) sua renúncia ao mandato e disse que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou coagi-lo a dar um golpe para seguir no Palácio do Planalto. Marcos do Val será chamado para depor na condição de testemunha.

"Eu ficava p* quando me chamavam de bolsonarista. Vocês me esperem que vou soltar uma bomba. Sexta-feira vai sair na Veja a tentativa de Bolsonaro de me coagir para que eu pudesse dar um golpe de Estado junto com ele, só para vocês terem ideia. E é logico que eu denunciei", disse o senador.

A declaração foi dada durante uma live em suas redes sociais. Marcos do Val, eleito em 2018 com 863 mil votos para um mandato de oito anos (2019-2027), não deu mais nenhum detalhe sobre o que teria sido essa pressão do ex-presidente sobre o tema.

Senador disse que se afastaria do cargo

Horas após a live em que falou sobre a tentativa do ex-presidente de envolvê-lo na suposta trama golpista, do Val publicou um comunicado em sua conta no Instagram, afirmando que apresentaria seu afastamento ao cargo de senador.

"Após quatro anos de dedicação exclusiva como senador pelo Espírito Santo, chegando a sofrer um princípio de infarto, venho através desta comunicar a todos os capixabas a minha saída definitivamente da política", escreveu do Val.

A decisão, de acordo com o comunicado, foi tomada em razão de ataques e ofensas sofridas durante o mandato. O pedido de afastamento deve ser apresentado nos próximos dias, segundo afirma o próprio senador, que disse pretender retomar sua carreira nos EUA.

Ataques golpistas: PF atua em quatro linhas de investigação

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a Polícia Federal atua em quatro linhas de investigação para apurar todos os fatos e pessoas relacionados aos ataques golpistas e vandalismo realizados por apoiadores de Bolsonaro.

Estão na mira dessas investigações o ex-presidente, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e autoridades que atuaram ou se omitiram durante a investida golpista. 

LEIA TAMBÉM: Marcos do Val diz que Bolsonaro pressionou por golpe e que vai renunciar

No caso de Bolsonaro, a Polícia Federal mira os autores intelectuais dos ataques e o depoimento de Marcos do Val pode fortalecer as suspeitas de que as seguidas investidas golpistas do ex-presidente contribuíram para os ataques.

Bolsonaro, além de estar na mira das investigações sobre os ataques de 8 de janeiro, também é alvo do inquérito das milícias digitais por causa de sua atuação na live de 29 de julho de 2021 - quando levantou sem provas suspeita de fraude nas eleições por meio de falhas nas urnas eletrônicas - e pelo vazamento de um inquérito sigiloso sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral.

Na manhã desta quinta, o ex-deputado federal e apoiador do ex-presidente, Daniel Silveira, foi preso em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Ele também é acusado de promover ataques ao STF e ao TSE. A prisão acontece um dia após Silveira perder o foro privilegiado, após não se eleger. 

A prisão foi motivado por ele descumprir medidas cautelares, como a proibição do uso de redes sociais e a obrigatoriedade do uso de tornozeleira eletrônica determinadas pelo STF.

Enquanto as declarações do senador do Espírito Santo e a prisão de Silveira geram repercussões, Bolsonaro continua nos Estados Unidos e não se manifestou.

Nesta semana, ele pediu visto de turista e deve permanecer mais tempo fora do país. "Estou há 30 dias aqui, pretendo ficar por mais algum tempo. Não tenho certeza quanto tempo ainda. Estou com muita saudades do meu país."

*Com informações da Agência Folha Press (Reportagem de Fábio Serapião) e Estadão Conteúdo.