Magno Malta sobre caso Vini Jr.: "Cadê os defensores da causa animal que não defendem o macaco?"
Em sua fala, senador pelo Espírito Santo chega a comparar a figura do animal com o ser humano: "A única diferença é o rabo"
Durante uma audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal, em Brasília, o senador capixaba Magno Malta (PL) questionou a atuação dos "defensores dos direitos dos animais" no caso de racismo envolvendo o jogador brasileiro Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid, na Espanha.
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No decorrer de uma das falas, o senador tenta, de alguma forma implícita, tornar o crime de racismo, descrito no Código Penal Brasileiro no artigo 20 da Lei 7.716/1989, passível de ser algo comparado a um veneno.
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As falas de Magno Malta foram precedidas por um discurso do senador Angelo Coronel (PSD), que prestou total solidariedade da Casa sobre o trágico episódio sofrido pelo jogador brasileiro.
"Neste momento, eu quero prestar toda a minha solidariedade em nome inclusive de toda a CAE ao jogador Vini Jr. que foi realmente vítima em um ato de racismo muito grande no exterior, ele que também está representando o Brasil e é importante que a casa fiquei solidária ao Vini Jr. e todos os negros atingidos por aí", disse.
Na tentativa de se resguardar sobre aquilo que seria dito em seguida, Magno inicia o trecho da fala com a frase: "Assim, é um assunto que eu nem posso falar em público". Porém, a explicação do senador começa logo em seguida sem qualquer preocupação ou pudor.
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Senador equipara crime a veneno de cobra
Ao microfone, Magno levanta uma rápido questionamento sobre o uso de "injeções" para o tratamento de pacientes que tenham sido picados por cobra.
"Quando o cara é picado de cobra, quando ele corre para tomar uma injeção, aquela injeção foi feita de quê? [De cobra, respondem] Então você só pode matar alguma coisa, com o próprio veneno de alguma coisa. Tá bem?", afirmou no Senado.
"A única diferença é o rabo", diz Magno Malta
Logo após a provável explicação, Malta continua a apresentar seu conceito aos demais presentes na sessão e questiona a atuação dos "defensores dos direitos dos animais" no caso de racismo que envolveu o jogador brasileiro.
"Cadê os defensores da causa animal, que não defendem o macaco? O macaco está exposto, veja quanta hipocrisia, certo? E o macaco é inteligente, é bem pertinho do homem a única diferença é o rabo, ágil, valente, alegre, tudo que você possa imaginar ele tem, ele tem. Sabe?", disse.
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Magno Malta também apresentou supostamente uma solução para o problema. Segundo ele, que novamente equipara o racismo a um veneno, deve ser combatido com "veneno".
"Eu se fosse um jogador negro, eu entrava em campo com uma leitoinha branca nos braços e ainda dava um beijo nela e dizia assim 'Ó como não tenho nada contra branco eu ainda como se tiver'. Veneno se faz com veneno", reforçou o senador no discurso.
O que diz o senador Magno Malta sobre as falas?
Procurado pela reportagem do Folha Vitória, Magno Malta disse que alguns veículos de comunicação fizeram um recorte inadequado da fala dele. Em nota enviada à redação, ele afirma:
"Em primeiro lugar, gostaria de ressaltar que sou negro e, portanto, minha fala não foi racista. Meu objetivo era chamar a atenção para uma questão séria. Acharam meu discurso estranho? Essa é minha reflexão sobre o racismo. É inadmissível, no século XXI, termos uma história tão ilógica como o racismo. Não deveríamos categorizar as pessoas por raça, mas sim enxergá-las como seres humanos, reconhecendo suas características e habilidades no mundo.
Num mundo em constante evolução, é fundamental reconhecer que o racismo ainda é uma questão real e relevante em nossas sociedades, o que é lamentável. Apesar dos avanços significativos que fizemos em relação à igualdade e à justiça, parece que o racismo é uma narrativa desconexa e ultrapassada. É uma triste metáfora para aqueles que são extraordinários, mas sofrem devido à cor da pele ou origem étnica."