Política

Contarato será vice-presidente da comissão que investiga mortes de Dom Phillips e Bruno Pereira

A comissão do Senado será responsável por investigar o aumento da criminalidade e de atentados contra povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos

Foto: Reprodução/Agência Senado

A Comissão Externa Temporária que irá investigar os assassinatos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira no Senado se reuniu pela primeira vez nesta segunda-feira (20). O senador do Espírito Santo, Fabiano Contarato (PT), foi escolhido como vice-presidente.

A comissão sobre a criminalidade na Região Norte terá como relator o senador Nelsinho Trad (PSD-MS). O grupo será responsável por investigar o aumento da criminalidade e de atentados contra povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. 

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Entre os casos investigados está o de Bruno e Phillips, que foram mortos no Vale do Javari, no Amazonas. Os dois desapareceram em 05 de junho e os restos mortais  foram encontrados dez dias depois.

“O assassinato do indigenista e do jornalista britânico evidenciam a total ausência do Estado na região do Vale do Javari, marcada por conflitos entre indígenas e organizações criminosas envolvidas com o tráfico de drogas, a caça e a pesca ilegais, o garimpo e a extração ilegal de madeira”, destacou Contarato. 

Durante a sessão, Contarato apresentou um voto de pesar e de envio de condolências à família de Bruno Pereira e à família de Dom Phillips. 

“Como titular da comissão que apura o caso, deixo o mandato de portas abertas aos que defendem as bandeiras destes heróis. Não vamos aceitar impunidade. Bruno e Dom foram brutalmente assassinados numa região de altíssima violência ligada a crimes ambientais. O mundo cobra justiça e celeridade na investigação, e sem descartarmos ter havido mandantes”, alertou o senador.

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O senador capixaba também apresentou à comissão reinvindicações feitas por entidades de servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) como contribuições ao plano de trabalho.

Um dos pedidos é o envio imediato de forças de segurança pública específicas para a garantir a integridade física dos servidores em todas as Bases de Proteção do Vale do Javari (Quixito, Curuçá e Jandiatuba) e nas sedes das CRs do Vale do Javari e CFPE-VJ.

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O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), autor do requerimento e presidente da comissão, destacou que vai trabalhar em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos (CDH). 

“Nosso trabalho necessariamente terá de ser feito em conjunto com a Comissão de Direitos Humanos, não só pelas atribuições da CDH, como pelos seus recursos disponíveis, por ser um colegiado permanente do Senado”, explicou Randolfe.

Ministro da Justiça deve ser ouvido na próxima quarta

Durante a sessão desta segunda-feira, também foram aprovados requerimentos e plano de trabalho da comissão. Entre os pedidos, está a oitiva do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres. 

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Os senadores devem ouvir o ministro na tarde da próxima quarta-feira (22). A oitiva será realizada em conjunto com a CDH. No mesmo dia, os senadores também irão ouvir representantes da União dos Povos indígenas do Vale do Javari (Univaja).

Dom e Bruno: mortes geram repercussão internacional

A confirmação da morte de Dom Phillips e Bruno Pereira na manhã do último sábado (18) gerou grande repercussão nacional e internacional.

Bruno Pereira tinha 41 anos e era servidor federal da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). O trabalho desenvolvido por ele o levou a ser reconhecido como um defensor ativo dos direitos indígenas. Bruno também atuava dando suporte à Univaja em projetos e ações pontuais.

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Já Phillips tinha 57 anos. Ele morava em Salvador e fazia reportagens sobre o Brasil há mais de 15 anos para veículos como Washington Post, New York Times e Financial Times, além do The Guardian. 

Apaixonado pela Amazônia, o jornalista estava trabalhando em um livro sobre preservação ambiental e desenvolvimento local, com apoio da fundação Alicia Patterson, quando foi morto.

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Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Gabriel Barros Produtor web
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Graduado em Jornalismo e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Ufes. Atua desde 2020 no jornal online Folha Vitória.