Aliado de um governo pressionado por CPI e manifestações, o deputado federal pelo Espírito Santo, Evair de Melo (PP), saiu em defesa da gestão Bolsonaro, e criticou o que ele chama de “ataques sem consistência”. O parlamentar é um dos vice-líderes do governo na Câmara dos Detapudos, e garante que segue 100% alinhado ao presidente
Ele defende que os áudios divulgados nessa segunda-feira (06) que apontam envolvimento direto do presidente em esquema de “rachadinha”, quando era deputado federal, não passa de uma tentativa de desestabilizar a base bolsonarista no Congresso Nacional.
“Estão tentando ressuscitar defunto. Isso já foi alvo de denúncia, investigação. Todos os dias estão tentando arrumar um defunto novo para tumultuar a base do governo. Não vão conseguir porque a base está sólida”.
O parlamentar é crítico da CPI da Covid, que tem concentrado os trabalhos nas suspeitas de corrupção envolvendo negociação de vacinas por parte do Ministério da Saúde.
“Essa CPI é uma vergonha, dinheiro público jogado pelo ralo para fazer palanque para uma quadrilha que sempre se beneficiou da vida pública. A CPI não sabe por que existe, o que está fazendo e para onde vai. É como um barco à deriva”.
O deputado ainda minimiza as manifestações contra o presidente. Ele aponta que o objetivo é provocar “tumulto” para travar a agenda de reformas.
“São manifestações orquestradas por corporações, não tem adesão popular. As manifestações a favor de Bolsonaro são adesões voluntárias e infinitamente superiores. Isso não passa de uma clara manobra corporativa para impedir a votação da Reforma Administrativa”.
Em conversa com a reportagem do Folha Vitória, o parlamentar afirmou que deve ser candidato à reeleição para a Câmara dos Deputados, e que seu objetivo é chegar à presidência da Casa em 2023.
Ele faz críticas à condução da pandemia no Espírito Santo pelo governador Casagrande, de quem já foi próximo, e disse que vai estar ao lado de Manato em 2022.
Veja a entrevista com o deputatado:
A CPI da Covid tem avançado na investigação de suspeitas de irregularidades envolvendo a compra de vacinas pelo Ministério da Saúde..
Essa CPI é uma vergonha, dinheiro público sendo jogado pelo ralo para fazer palanque para uma quadrilha que sempre se beneficiou da vida pública e quer jogar todo mundo na lama com eles. A CPI não sabe por que existe, o que está fazendo e para onde vai. É um barco à deriva. Eu acho até graça de quem está considerando irregularidades na compra de vacina porque isso não tem sustentação, trabalham no campo das suposições.
Nessa segunda-feira foram divulgados áudios que ligam o presidente à prática de “rachadinha” quando ele era deputado federal..
Estão tentando ressuscitar defunto. Isso já foi alvo de denúncia, investigação. Todo dia estão tentando arrumar um defunto novo para tumultuar a base do governo. Amanhã vai ser coisa nova. Eles não vão conseguir desestabilizar a base do governo na Câmara para não votarmos a Reforma Administrativa. É uma vergonha a publicidade que estão dando às manifestações orquestradas por corporações. Não tem adesão popular. As manifestações a favor de Bolsonaro são adesões voluntarias e infinitamente superiores.
O senhor segue 100% alinhado ao presidente Bolsonaro?
Estou alinhado e acredito no governo. Eu sou o vice-líder que toca o Plenário pelo governo. Os nossos resultados no Parlamento são extraordinários. Aprovamos a Previdência, autonomia do Banco Central, avançamos com novo Marco do Licenciamento Ambiental. Agora vamos aprovar as reformas Administrativa e Tributária.
Quais são seus planos para 2022?
As eleições de 2022 estão longe. Eu estou 100% focado em Brasília. No que depender do deputado Evair de Melo, da sua família e dos seus amigos, eu sou candidato a deputado federal para a reeleição. Se eu posso ter um sonho neste momento é ser candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Eu acho que o Espírito Santo tem que se apresentar. Nós estamos em águas turbulentas. O navio pode balançar. Eu estou preparado para toda e qualquer missão. Mas meu projeto em 2022 será continuar na Câmara para que eu possa na próxima legislatura chegar com candidatura competitiva para presidir a Casa.
E o governo estadual?
O Espírito Santo tem um quadro qualificado. Nós temos de 8 a 10 bons nomes para ser governador. Não cabe vaidade nesse momento. É cada um dando o seu melhor. Eu e Manato estaremos juntos no projeto 2022. Nesse momento nós não estamos discutindo nomes. Nós não somos contra ninguém, somos a favor do projeto Jair Bolsonaro no Espírito Santo.
Considerando que o PP é aliado de Casagrande aqui no Estado, como se daria uma eventual candidatura do senhor ao governo?
Você está olhando sob a ótica do Espírito Santo. Em Brasília o PP é a principal base do governo federal. Eu não posso olhar a política local em detrimento da nacional. O presidente pode ainda vir para o PP, que é o partido de origem dele. Tem muita água ainda para passar debaixo da Terceira Ponte. As eleições serão em outubro de 2022, então o cenário atual não significa nada.
O senhor era aliado do governador. O que o fez mudar de posição tão drasticamente?
Eu sempre fui aliado do Espírito Santo. Eu trabalho para o Estado e não para o governador A ou B. Eu trabalhei no governo Paulo Hartung e no governo Casagrande. E o governo Casagrande se equivocou nas posições em relação ao governo federal. Tudo aquilo que eu achar que prejudica o Espírito Santo eu vou combater.
O senhor mudou de tom nas redes sociais. Antes fazia críticas duras ao governador e agora prioriza a distribuição de vacinas. Por quê?
Toda vez que o Casagrande mentir ou omitir uma ação do governo federal ele vai ter de mim uma resposta. Não sou de ficar fazendo pirraça todo dia, não. No meu papel de vice-líder cabe a mim levar a verdade.
Houve recomendação do governo federal para o senhor priorizar a divulgação de vacinas?
De forma alguma. Eu sou um defensor de vacinas desde a febre amarela. Desde o primeiro momento eu falo de vacina. Como sou vice-líder tenho acesso em primeira mão às informações e, imediatamente, publico nas minhas redes sociais.
Na visita ao Espírito Santo, o presidente polemizou ao entrar em um avião e dizer que quem o critica deveria estar andando de jegue. O senhor concorda com essas atitudes do presidente?
O presidente tem um jeito próprio de ser que se identifica muito com o capixaba. Ele não foge das ruas, não foge do povo. Ele não se omite, bota a cara pra bater, faz o debate e se comprota como brasileiro autêntico, trabalhador, dedicado, que não foge do debate e tem respostas prontas e objetivas. Por isso que ele tem essa grande aceitação no Espírito Santo, porque o capixaba o vê com um modus operandi muito parecido com a gente. Quem conhece Venda Nova , Santa Teresa, Linhares, Aracruz, Rio Bananal, Jaguaré, São Gabriel da Palha, Iconha, Rio Novo do Sul, quem conhece o capixaba que levanta cedo e trabalha se identifica com o presidente.
Como seria esse jeito capixaba de ser que o senhor falou?
O capixaba é um cara autêntico, que se posiciona, que não se omite. São características do capixaba fazer o enfrentamento, o debate, não se omitir. É muito melhor um presidente que faz o enfrentamento como Bolsonaro do que outros que ficam fazendo simulações, fazendo fantoche. O presidente bota a cara para bater, se posiciona. Eu tenho esse tipo de comportamento, ando no meio do povo. Não tenho escritório e não despacho de gabinete.