Em busca de apoio para uma possível pré-candidatura à presidência da República em 2022, o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), chegou ao Espírito Santo nesta sexta-feira (20).
Na segunda passagem pelo Espírito Santo desde que foi eleito governador de São Paulo, João Doria quer convencer as lideranças e a militância da legenda no Estado de que é a melhor opção entre os outros três nomes para disputar as prévias.
Em entrevista à reportagem da TV Vitória, o governador falou sobre a expectativa para a disputa interna no partido, e lembrou que venceu as duas últimas prévias realizadas em 2016 e 2018 para a prefeitura e o governo de São Paulo.
“Não sou pretensioso, mantenho sempre com muita humildade toda e qualquer disputa. Nós temos três bons candidatos no PSDB, além da minha própria pessoa. Portanto são quatro candidatos. Mas eu entro em disputa para ganhar”, disse.
O deputado discordou que o tucanato esteja dividido, e defendeu a consolidação de uma via única para o Brasil. “Ao meu ver será não o candidato da terceira via, será o candidato da melhor via para o Brasil: uma via democrática, de equilíbrio, de paz, com propósitos concretos”.
Doria ainda disse que se for o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto em 2022, não deixará de dialogar com o governador Casagrande, de quem disse ser amigo, mas sempre respeitando as decisões do partido no Estado.
“Se pudermos avançar, avançaremos, mas sempre respeitando as características locais. Quem conhece a política do Espírito Santo são os políticos do Espírito Santo, são as lideranças do PSDB, partido que pertenço e eu respeitarei as decisões que forem tomadas aqui.
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Essa está sendo sua segunda visita ao Estado depois de eleito governador de São Paulo. Por que vir ao Espírito Santo neste momento? ´Já faz parte dos seus trabalhos como pré-candidato a presidência da República?
Sim, nós temos as prévias do PSDB. E pelas prévias, aos finais de semana eu tenho visitado os estados e as suas capitais para dialogar com as lideranças do PSDB e com a militância. São eles que votam nas prévias. São quatro candidatos, eu sou um deles, respeito muito as prévias. Eu disputei as duas únicas prévias realizadas até hoje do Brasil foram do PSDB. Para a capital de São Paulo, em 2016, e depois em 2018 para o governo do Estado de São Paulo. Prévias fortalecem, estabelecem um bom diálogo, um bom debate democrático e é o que nós temos feito com muita humildade, visitado todos os estados brasileiros e agora chegou o momento do Espírito Santo que motiva a minha visita aqui a Vitória. E também um contato com o governador José Renato Casagrande, meu amigo, meu colega, também integrante do Fórum de Governadores.
A sua disposição para ser candidato à presidência da República está consolidada? É inegociável?
O PSDB sempre teve candidato à presidência da República nos últimos 33 anos e terá em 2022. E isso se fortalece exatamente ao meu ver pela realização das prévias porque permite aquilo que estou fazendo hoje. Estou em Vitória, dialogando com lideranças, com a sociedade civil, com integrantes do governo, deputados, prefeitos, vereadores, pessoas que gostam e amam o estado do Espírito Santo e que conhecem evidentemente seus problemas e apontam suas soluções. Isso tudo ajuda o candidato a conhecer melhor o Estado, os seus problemas, e os seus caminhos para as soluções. Com isso você vai integrando o Brasil. Ao meu ver será não o candidato da terceira via, será o candidato da melhor via para o Brasil: uma via democrática, de equilíbrio, de paz, com propósitos concretos para a educação, para a saúde, para habitação, para o meio ambiente e para o densenvolvimento econômico do Brasil.
O modelo das prévias não te favoreceu, já que aqueles com mandato eletivo terão um peso maior do que o dos filiados. O senhor acha que algumas lideranças do partido tentaram mandar um recado para o senhor, e até mesmo desencorajar sua candidatura?
Se tentaram não conseguiram, porque aumentou o meu ímpeto e a minha coragem. Aliás todas as vezes que fazem movimentos contra a renovação da política no PSDB eu devolvo com bons resultados, eu devolvo com voz. Em 2016 eu disputei as prévias do PSDB pela primeira vez. Foram as primeiras prévias. E só foram criadas porque eu insisti muito que nós tivéssemos a oportunidade de disputar a Prefeitura de São Paulo. Eu tinha tudo para perder. Aliás, disputando com quatro nomes históricos e importantes no PSDB, inclusive Bruno Covas. Eu venci e convidei o Bruno em chapa pura para disputar a prefeitura comigo em 2016, e ganhamos contra o PT. Não foi diferente em 2018. Mais uma vez eu disputei as prévias, venci e vencemos as eleições para o governo. Sou fruto, filho das prévias.
Acredita na terceira vitória?
Não sou pretencioso, mantenho sempre com muita humildade toda e qualquer disputa. Nós temos três bons candidatos no PSDB, além da minha própria pessoa. Portanto são quatro candidatos. Mas eu entro em disputa para ganhar.
Analistas políticos apontam que o PSDB chega para as prévias mais dividido do que nunca. O senhor concorda com isso?
Não concordo. O PSDB faz democracia. A democracia não separa, não divide, não fraciona. A democracia soma, agrega, fortalece, é isso que o PSDB está fazendo.
O senhor apoiou o presidente Bolsonaro em 2018, o famoso “bolsodoria”. O senhor já disse que errou, que se arrependeu. Segue com essa convicção? Acha que esse apoio pode te prejudicar em 2022?
Creio que não. Errei como milhões de brasileiros erraram. Milhões de brasileiros estão arrependidos porque acreditaram nas propostas do então candidato Jair Bolsonaro, que não as cumpriu. Aliás como eu Sergio Moro, general Santa Cruz, Gustavo Bebianno, Luiz Henrique Mandetta. Bolsonaro traiu o Brasil e traiu os seus eleitores, eu errei mas eu não erro duas vezes.
Nas suas entrevistas o senhor tende a minimizar o discurso da polarização. O senhor acha que vai conseguir apoio suficiente para ser o protagonista dessa via única que mencionou?
Com humildade, com diálogo, com entendimento e com boas propostas. É assim que você conquista apoio político e é assim que você conquista também o apoio popular. Primeiro falando a verdade e, depois, dando exemplos de verdade, trabalhando com sinceridade e com muita humildade, com discernimento para levar essa plataforma de um novo Brasil. Após as prévias do PSDB, a partir do dia 21 de novembro, vamos procurar os partidos desse chamado polo democrático, ou centro democrático, que poderão dialogar e convergir para uma candidatura que atenda aos anseios da população brasileira. Pesquisa Datafolha publicada há seis semanas indica que 52% dos brasileiros não querem nem Lula e nem Bolsonaro. Não querem nem horror, nem terror. Querem um bom gestor para o país, querem paz para o país para poderem retomar os seus empregos, retomar a sua perspectiva futura.
Qual sua avaliação do enfrentamento da pandemia pelos governos estaduais e pelo governo federal, e o que o senhor pensa de um governo pós-pandemia?
Os governadores na sua maioria são os defensores da ciência e da vida. Graças a eles, inclusive ao governador aqui do Espírito Santo, é que nós conseguimos ter uma política de saúde para proteger as pessoas, viabilizar vacinas e dar as orientações corretas, obrigatoriedade do uso de máscara, distanciamento social, recomendação para uso de álcool gel. A estes governadores que agiram corretamente em nome da ciência, saúde e da vida os meus parabéns. Se há algo que o presidente Bolsonaro – divisionista, negacionista e que quebrou o pacto federativo, não respeitando os governo estaduais – proporcionou foi a união dos governadores.
Consolidando seu nome como candidato à presidência, pretende estreitar os laços políticos com o governador Casagrande?
Já estão estreitados. Se pudermos avançar, avançaremos, mas sempre respeitando as características locais. Quem conhece a política do Espírito Santo são os políticos do Espírito Santo, são as lideranças do PSDB, partido que pertenço e eu respeitarei as decisões que forem tomadas aqui.