Candidatura de mulheres no ES teve aumento de apenas 3% em comparação a 2018
Segundo especialista, ambiente machista reflete na pouca participação feminina na política
De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 740 pedidos de registro de candidaturas enviados ao Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES), 251 são de candidatas mulheres, o que representa 34 % do total.
Em comparação com o pleito de 2018, nas eleições deste ano, o percentual de candidaturas femininas teve um aumento de 3%, mesmo com o número de candidatas sendo menor que o das eleições gerais de quatro anos atrás, quando a Justiça Eleitoral recebeu 261 (31%) pedidos de registro de candidaturas de mulheres.
Por outro lado, o quantitativo de candidatos do sexo masculino retrocedeu em números totais e percentuais, em comparação com os dados de 2018, quando a Justiça Eleitoral registrou 572 (69%) pedidos de análise de candidatura. Este ano, foram 489 (66%) solicitações.
A base de dados do TSE ainda mostra que o TRE-ES recebeu 166 pedidos de registro de candidatura de mulheres postulantes ao cargo de deputada estadual e outros 74 visando a uma das 10 vagas para deputado federal na Câmara dos Deputados.
Já na disputa para o Senado, a senadora Rose de Freitas (MDB) é a única mulher no páreo com outros oito concorrentes do sexo masculino. Rose, inclusive, busca a reeleição e chegou a defender, durante discursos em eventos políticos realizados durante as convenções partidárias, que irá lutar para evitar que um homem ocupe a única cadeira disponível para o Espírito Santo na Casa.
Por outro lado, as chapas dos candidatos ao Senado trazem sete mulheres registradas como primeira e segunda suplentes, respectivamente. A chapa da própria Rose, por exemplo, é inteiramente feminina, com a ex-prefeita de Viana Solange Lube (MDB) como sua primeira suplente, e a engenheira Vera Costa como a segunda.
Governo
Diferentemente do que aconteceu no pleito de 2018, quando Rose de Freitas e Jackeline Rocha (PT) concorreram ao governo do Estado, este ano, o Espírito Santo não registrou candidaturas femininas na disputa pelo comando do Palácio Anchieta.
Dessa vez, o espaço dado às mulheres no principal cargo disputado em âmbito estadual, que é o de governador do Estado, foi como vice em chapas de candidatos do sexo masculino. É o caso da jornalista Camila Domingues (Novo), candidata a vice-governadora na chapa de Aridelmo Teixeira (Novo), da Tenente Andresa (Solidariedade), vice de Audifax Barcelos (Rede), e de Soraia Chiabai, que compõe chapa com Capitão Vinícius Sousa (PSTU).
Machismo
A reportagem do Folha Vitória conversou com Paulo Edgar Resende sobre o raio-x das candidaturas femininas no Espírito Santo. Segundo o especialista, as mulheres ainda ocupam pouco espaço no política, apesar de alguns avanços nesse sentido.
"Temos um longo caminho pela frente, no que se refere à maior participação das mulheres na política, uma vez que o Brasil tem uma cultura patriarcal e machista. As mulheres ainda não possuem o percentual ideal de participação em cargos de chefia, por exemplo", disse.
Ainda de acordo com Edgar, por ser majoritariamente masculino, o ambiente político acaba sendo hostil para as mulheres, o que, segundo, pode explicar a pouca adesão feminina nas disputas eleitorais.
"Algumas ações comportamentos tóxicos nesses espaços, o que envolve vários tipos de assédios praticados contra as mulheres, acabam por tornar a política pouco atraente para as mulheres. Por isso, temos muito a vencer ainda, para que a participação feminina na política seja mais efetiva", afirmou.