Eleições 2022

Política

Candidatura de mulheres no ES teve aumento de apenas 3% em comparação a 2018

Segundo especialista, ambiente machista reflete na pouca participação feminina na política

Tiago Alencar

Redação Folha Vitória
Foto: Divulgação/Pexels

De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), dos 740 pedidos de registro de candidaturas enviados ao Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES), 251 são de candidatas mulheres, o que representa 34 %  do total. 

Em comparação com o pleito de 2018, nas eleições deste ano, o percentual de candidaturas femininas teve um aumento de 3%, mesmo com o número de candidatas sendo menor que o das eleições gerais de quatro anos atrás, quando a Justiça Eleitoral recebeu 261 (31%) pedidos de registro de candidaturas de mulheres.

Por outro lado, o quantitativo de candidatos do sexo masculino retrocedeu em números totais e percentuais, em comparação com os dados de 2018, quando a Justiça Eleitoral registrou 572 (69%) pedidos de análise de candidatura. Este ano, foram 489 (66%) solicitações.

A base de dados do TSE ainda mostra que o TRE-ES recebeu 166 pedidos de registro de candidatura de mulheres postulantes ao cargo de deputada estadual e outros 74 visando a uma das 10 vagas para deputado federal na Câmara dos Deputados.

Já na disputa para o Senado, a senadora Rose de Freitas (MDB) é a única mulher no páreo com outros oito concorrentes do sexo masculino. Rose, inclusive, busca a reeleição e chegou a defender, durante discursos em eventos políticos realizados durante as convenções partidárias, que irá lutar para evitar que um homem ocupe a única cadeira disponível para o Espírito Santo na Casa.

Por outro lado, as chapas dos candidatos ao Senado trazem sete mulheres registradas como primeira e segunda suplentes, respectivamente. A chapa da própria Rose, por exemplo, é inteiramente feminina, com a ex-prefeita de Viana Solange Lube (MDB) como sua primeira suplente, e a engenheira Vera Costa como a segunda.

Governo

Diferentemente do que aconteceu no pleito de 2018, quando Rose de Freitas e Jackeline Rocha (PT) concorreram ao governo do Estado, este ano, o Espírito Santo não registrou candidaturas femininas na disputa pelo comando do Palácio Anchieta.

Dessa vez, o espaço dado às mulheres no principal cargo disputado em âmbito estadual, que é o de governador do Estado, foi como vice em chapas de candidatos  do sexo masculino. É o caso da jornalista Camila Domingues (Novo), candidata a vice-governadora na chapa de Aridelmo Teixeira (Novo), da Tenente Andresa (Solidariedade), vice de Audifax Barcelos (Rede), e de Soraia Chiabai, que compõe chapa com Capitão Vinícius Sousa (PSTU).

Machismo

A reportagem do Folha Vitória conversou com Paulo Edgar Resende sobre o raio-x das candidaturas femininas no Espírito Santo. Segundo o especialista, as mulheres ainda ocupam pouco espaço no política, apesar de alguns avanços nesse sentido.

"Temos um longo caminho pela frente, no que se refere à maior participação das mulheres na política, uma vez que o Brasil tem uma cultura patriarcal e machista. As mulheres ainda não possuem o percentual ideal de participação em cargos de chefia, por exemplo", disse.

Ainda de acordo com Edgar, por ser majoritariamente masculino, o ambiente político acaba sendo hostil para as mulheres, o que, segundo, pode explicar a pouca adesão feminina nas disputas eleitorais.

 "Algumas ações comportamentos tóxicos nesses espaços, o que envolve vários tipos de assédios praticados contra as mulheres, acabam por tornar a política pouco atraente para as mulheres. Por isso, temos muito a vencer ainda, para que a participação feminina na política seja mais efetiva", afirmou.