O Espírito Santo registrou “panelaços” em alguns bairros da Grande Vitória durante a entrevista do presidente da República e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), ao Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite desta segunda-feira(22).
A reportagem do Folha Vitória apurou que foram registradas manifestações em Jardim Camburi e Jardim da Penha, na capital capixaba. Os protestos, no entanto, foram discretos.
Já nos primeiros minutos da entrevista, Bolsonaro foi indagado sobre temas como segurança das urnas eletrônicas, combate à pandemia da covid-19 e ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao responder as perguntas sobre sua postura de constantes questionamentos ao processo eleitoral brasileiro, Bolsonaro afirmou que tem motivos para levantar dúvidas em torno da segurança do voto por meio de urnas eletrônicas.
Em seguida, o mandatário respondeu às perguntas sobre a atuação dele no combate à pandemia da covid-19.
Bolsonaro foi cobrado como um dos responsáveis por dificultar o acesso às vacinas contra o coronavirus no Brasil. O Presidente, entretanto, rebateu dizendo que só não se vacinou quem não quis.
“A primeira dose da vacina, no mundo, foi dada em dezembro. Em janeiro, já tínhamos vacina no Brasil”, afirmou.
Entrevista de Bolsonaro tem panelaços em outras capitais do país
Em São Paulo, houve atos nos bairros Barra Funda, Paraíso, Pompeia, Santa Cecília e Vila Madalena. No Rio de Janeiro, panelaços foram registrados em Copacabana, Cosme Velho, Flamengo e Laranjeiras.
Em Brasília, houve atos na Asa Norte e no Jardim Botânico. Em Salvador, panelaços foram registrados no Bairro do Bonfim.
Bolsonaro chama de ‘mentira’ visão do Brasil como destruidor de florestas
O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) se defendeu, em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, das críticas internacionais ao aumento do desmatamento da floresta Amazônica.
O chefe do Executivo chamou de “mentira” a visão de que o Brasil seria destruidor de floresta e disse que o País “não merece ser atacado dessa forma”.
“É uma mentira, ninguém quer destruir floresta por livre e espontânea vontade. O Brasil preserva dois terços da sua área verde. O Brasil não merece ser atacado dessa forma. Porque, no fundo, há um interesse no agronegócio, em deixar o Brasil de fora. A própria presidente da OMC (Organização Mundial do Comércio) há dois, três meses atrás, disse que, sem o agronegócio do Brasil, o mundo passa fome”, afirmou o presidente ao responder questionamentos sobre a deteriorada imagem ambiental do Brasil no exterior.
Bolsonaro também reclamou que países que criticam o desmatamento na Amazônia sofrem hoje com queimadas. “Quando se fala em Amazônia, por que não se fala também na França? Está pegando fogo há mais de 30 dias. Da mesma forma, está pegando fogo na Espanha e em Portugal. Califórnia pega fogo todo ano.”
O presidente acusou órgãos ambientais como o Ibama de cometerem “abusos” contra produtores rurais da Amazônia ao ser questionado sobre a declaração do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles de que o governo deveria usar a atenção da imprensa à pandemia para “passar a boiada” na derrubada de leis ambientais.
“Há um abuso de uma parte. Há abuso por parte do Ibama. O pessoal do Ibama toca fogo no trator mesmo podendo tirar (madeira) lá”, reclamou. O presidente também respondeu a uma pergunta sobre ter desautorizado o Ibama a destruir maquinário usado em desmatamento.
“Minha orientação é cumprir a lei. A lei fala que, se o material puder ser retirado de lá, assim como entrou, não é para ser destruído”, disse.
“Não é pra queimar ninguém, nada né, ninguém não, nada, maquinário, trator, caminhão, seja o que for, não é esse procedimento, não é essa a nossa orientação”, disse o presidente durante viagem a Rondônia em 2019.
Bolsonaro reluta em aceitar resultado da eleição durante entrevista no ‘JN’
Bolsonaro manteve durante a entrevista o discurso de questionamento às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral brasileiro. Pressionado a assumir o compromisso de aceitar o resultado das eleições, Bolsonaro relutou. Disse que respeitaria, mas impôs uma condição: “Desde que as eleições sejam limpas e transparentes.”
Logo no começo da entrevista, o candidato citou supostos dados de um inquérito da Polícia Federal sobre as urnas que, até agora, não encontrou indício relevante de fraude. Mesmo assim, Bolsonaro afirmou:
“Eu quero é transparência nas eleições. Vocês, com toda a certeza, não leram o inquérito de 2018 da Polícia Federal que está, inclusive, inconcluso. Se você pode colocar uma tranca a mais na sua casa para evitar que ela seja assaltada, você vai fazer ou não? Esse é o objetivo do que eu tenho falado sobre o Tribunal Superior Eleitoral.”
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse defender eleições transparentes.
Bolsonaro também acusou o jornalista William Bonner de “fake news”. O apresentador disse em sua primeira pergunta que o presidente xingou ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) em seus mais recentes ataques ao sistema eleitoral. “Você não está falando verdade quando fala xingar ministros, isso não existe. É fake news da sua parte”, disse.
Ao longo dos primeiros minutos de sabatina, Bolsonaro pôs em dúvida a legitimidade do ciclo eleitoral das eleições de 2014 e 2018 sem apresentar provas e disse que quem irá decidir a questão da transparência na auditoria das urnas eletrônicas no Brasil será as Forças Armadas e afirmou que o resultado das urnas será respeitado, desde que o resultado seja “limpo e transparente”.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) afirma que “nenhum caso, até hoje, foi identificado e comprovado” e que órgãos como o Ministério Público e a Polícia Federal “têm a prerrogativa de investigar o processo eleitoral brasileiro e já realizaram auditorias independentes”.
Em comparação com a sabatina de 2018, os âncoras William Bonner e Renata Vasconcelos foram menos aguerridos nas perguntas e mais cordiais no tratamento ao entrevistado. Mas mantiveram o tom enfático e a constância crítica nos questionamentos. Bolsonaro trazia uma cola na palma da mão esquerda.
Bolsonaro: Não errei nada no que falei sobre a pandemia
O presidente e candidato à reeleição afirmou que não errou “em nada” do que falou sobre a pandemia da covid-19.
“Não errei nada no que falei. Lockdown serviu para atrapalhar nossa economia e contaminar mais em casa”, disse o chefe do Executivo ao ser questionado pelos apresentadores do telejornal sobre episódios em que desestimulou a vacinação contra a doença, imitou pacientes com falta de ar e chegou a dizer “E daí?” sobre vítimas da doença.
O presidente ainda chamou a defesa do tratamento precoce para a covid, que nunca teve eficácia confirmada pela ciência, de “liberdade do médico”. Em contraponto, destacou que pagou o auxílio emergencial “imediatamente”, apesar de ter defendido inicialmente o valor de R$ 200, e não de R$ 600 aprovado posteriormente pelo Congresso Nacional.
Bolsonaro também classificou como “circo” a CPI da Covid, encabeçada por nomes como os senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O relatório final da comissão propôs o indiciamento do presidente por crimes cometidos na gestão da pandemia.
No ‘JN’, Bolsonaro elogia ex-ministros candidatos como Tarcísio, Tereza e Pontes
O presidente Jair Bolsonaro (PL) aproveitou a entrevista para elogiar ex-ministros que vão concorrer às eleições deste ano. Dentre os atuais integrantes da Esplanada, citou Joaquim Leite (Meio Ambiente), mas deixou de mencionar Paulo Guedes (Economia), mesmo quando exaltou indicadores econômicos do País.
Ao dizer que só fez indicações técnicas, o candidato à reeleição mencionou o ex-titular da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vai disputar o governo de São Paulo, a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP), que concorre ao Senado pelo Mato Grosso do Sul, o ex-titular de Ciência e Tecnologia Marcos Pontes (PL), candidato ao Senado por SP, o ex-ministro Onyx Lorenzoni, que ocupou várias pastas e agora disputa o governo do Rio Grande do Sul, e o ex-titular do Turismo Gilson Machado, que almeja uma vaga no Senado por Pernambuco.
Na semana passada, durante a primeira live de quinta-feira na campanha eleitoral, Bolsonaro pediu votos para candidatos ao Senado e a governos estaduais, mas evitou endossar nomes específicos nos Estados onde há palanque duplo.
*Com informações Estadão Conteúdo