Política

Saiba como funcionava o esquema de desvio de fundo eleitoral alvo da PF no ES

Entre os alvos da operação Freeloader estavam pessoas e empresas que prestaram serviços para o vice-prefeito da Serra, Thiago Carreiro (União Brasil)

Aline Dias

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução TV Vitória

A Operação Freeloader, que foi realizada nesta quinta-feira (08) pela Polícia Federal (PF) para combater crimes eleitorais e lavagem de dinheiro, começou porque os juízes cíveis perceberam o crime eleitoral. Ao todo, foram cumpridos nove mandados de busca e de apreensão

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Entre os alvos da operação estavam pessoas e empresas que prestaram serviços ou trabalhavam com o vice-prefeito da Serra e atual candidato a vereador Thiago Carreiro (União Brasil).

O delegado da Polícia Federal Fernando Amorim explica que as investigações estavam apurando empresas de marketing político que tinham sido contratadas por candidatos por um valor, mas aceitavam receber outro valor por fora.

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Foto: Reprodução TV Vitória
“Essas empresas faziam artifícios: o candidato pagava uma parte e se comprometia a pagar outra parte por fora. As empresas topavam esse expediente, só que quando chegava na hora de cobrar o candidato falava ‘não vou pagar você está errado, eu também estou”, explicou. 

O delegado avalia que o candidato tinha a expectativa de que a empresa não ia procurar a Justiça para cobrar os valores devidos pelo serviço, só que elas procuraram, fazendo reclamações cíveis.

“Os juízes que receberam essas reclamações cíveis perceberam que tinha um crime eleitoral e mandaram esses fatos para a gente e foram instaurados dois inquéritos”, continuou o delegado Fernando Amorim.

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Ele ainda conta que durante as investigações eles perceberam que uma pessoa estava agindo nos dois casos e estava trabalhando com valores mais altos ainda.

A Polícia Federal foi aos endereços dos investigados, em Vitória, Serra e Cariacica. Foram apreendidos telefones celulares, documentos, e R$ 6,7 mil em dinheiro. Ninguém foi preso.

A investigação é relacionada a supostos crimes cometidos quando Carrero era candidato a deputado federal, em 2022. Segundo o inquérito, ele teria contratado serviços para a campanha eleitoral com valores até 1.200% acima dos praticados pelo mercado.

Duas empresas foram contratadas para atividades de marketing eleitoral. Mas segundo a Polícia Federal, apenas uma prestou efetivamente os serviços. A outra teria recebido R$ 225 mil sem atuar na campanha.

Além disso, a Polícia Federal destacou que ao menos quatro assessores do próprio gabinete de Carrero teriam sido contratados para atuarem como coordenadores de campanha, por um pagamento que variava entre R$ 35 mil e R$ 60 mil.

Para a Polícia Federal, as provas colhidas até agora na operação são suficientes para indicar que houve crime eleitoral, de lavagem de dinheiro, caixa dois, e apropriação de recursos.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, em 2022, a campanha de Carrero recebeu mais de R$ 1,7 milhão (R$ 1.705.682) repassados pelo partido União Brasil, do Fundo Eleitoral. Ele não foi eleito.

Carrero se manifestou nas redes sociais. Ele publicou um vídeo com agentes da Polícia Federal na casa dele, realizando as buscas. O vice-prefeito alegou que a operação é motivada por perseguição política. O União Brasil não se manifestou.

A Prefeitura da Serra informou que a investigação não tem ligação com a administração municipal e se colocou à disposição das autoridades. Uma das empresas investigadas foi localizada pela TV Vitória. 

A empresa LD Consultoria e Gestão negou irregularidades, afirmou que os serviços tiveram nota fiscal emitida e que vai prestar os esclarecimentos à Justiça.

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