Política

VÍDEO| Delator acusa ex-deputado capixaba de receber R$ 1 milhão em troca de blindagem

Ex-presidente da Fecomércio-RJ afirmou que entregou dinheiro a ex-deputado capixaba em troca de nomeação no conselho fiscal do Sesc Nacional

Foto: Agência Brasil

Um esquema de R$ 151 milhões que envolve bancas de advogados e políticos do País. Foi o que revelou o ex-presidente da Fecomércio-RJ, Orlando Diniz, em acordo de delação premiada. O empresário detalha as estratégias que usou para se garantir no cargo e confessou que procurou parlamentares em Brasília e pagou propina. Um desses parlamentares, segundo ele, é o ex-vice-governador e ex-deputado federal Lelo Coimbra (MDB). A delação em vídeo e todo o conteúdo foram publicados com exclusividade pela Revista Veja.

Segundo Diniz, em 2016 um lobista o aproximou do então deputado Lelo Coimbra, que era líder da maioria na Câmara e tinha ligação com o então ministro do Desenvolvimento Social do governo Temer, Osmar Terra. Essa aproximação teve como objetivo nomear uma pessoa de confiança para o conselho fiscal do Sesc Nacional e assim dar proteção a Orlando Diniz. O empresário afirmou que a ajuda de Lelo foi retribuída com R$ 1 milhão em espécie, dinheiro que foi transportado em avião fretado.

"Lelo por sua vez tinha estreitas relações com o ministro do Desenvolvimento Social do governo Temer, o ministro Osmar Terra, chegamos a fazer uma reunião com o ministro no ministério. E esses movimentos tinham como objetivo fazer uma parceria que nos envolvia, o deputado Lelo e o ministro Osmar Terra pra que, para me fortalecer politicamente junto aos conselhos fiscais, já que o ministério tinha acento no conselho. Isso começou a acontecer em 2016 e fruto dessa parceria o ministro indicou um representante no conselho fiscal do Sesc", disse Orlando Diniz em depoimento gravado em vídeo e também divulgado com exclusividade pela Revista Veja. 

Confira abaixo o trecho em que o ex-deputado capixaba é citado:

O deputado disse que recebeu a informação divulgada pela Veja com "repugnância". 

"Tal fato é recebido com indignação e repugnância, pelos seguintes motivos:  A Procuradoria Geral da República (PGR) já investigou o relato e o arquivou por absoluta falta de provas. No ES, já passaram por situações idênticas o Governador Renato Casagrande, o ex-Governador Paulo Hartung, o Prefeito de Vitória Luciano Rezende, o ex-Senador Ricardo Ferraço, dentre outras lideranças respeitadas e honradas. Se houvesse um mínimo de verdade em tais relatos, seria fácil de provar com os atuais instrumentos tecnológicos do MP", disse por meio de nota.

As explicações continuam: "Nesse caso, ao contrário do que diz o acusado, o ex-deputado Lelo Coimbra sequer era líder da maioria em 2016. A verdade é que esse relato não têm lógica alguma: o acusado só fala de 'ouviu dizer', não teve contato com Lelo e não prova nenhum benefício para si. E mais: desafia-se qualquer um a achar qualquer benefício ao acusado, em qualquer dos órgãos citados, vindo de Lelo Coimbra. Cabe frisar que o acusado já teve várias delações anteriores rejeitadas pelo próprio MPF do Rio, por falta de provas e má-fé, conforme amplamente noticiado pela imprensa. Embora possa ter contribuições a dar em outras frentes da investigação, é fato que acusado se perdeu no desespero de obter benefícios penais a qualquer custo".

O ex-deputado conclui a nota chamando a atenção para a forma com a delação premiada é usada no País. "Por fim, apesar da importância do instituto da delação no País, é preciso aprimorá-lo, sob pena de virar prêmio para quem mente mais e melhor. A qualidade das provas é mais importante do que a quantidade de sensacionalismo vazio. Separar o joio do trigo, portanto, é missão que exige prudência e senso de justiça, sob pena de achincalhar-se a honra alheia a troco de nada".

O parlamentar capixaba não foi o único citado pelo ex-presidente da Fecomércio-RJ. Ele também disse em delação que recorreu à ajuda de outros parlamentares para emplacar um aliado no conselho regional do Senac. Com isso, Diniz disse que pretendia se fortalecer politicamente. Em troca, foram repassados R$ 1,5 milhão em espécie a esses parlamentares.

Mesmo com apoio político e a contratação de escritórios de advocacia, Diniz acabou sendo acusado de desvios de recursos e foi preso. Fechou acordo de delação premiada e suas revelações resultaram num processo em que 26 pessoas se tornaram réus. Dentre os acusados, estão os advogados Cristiano Zanin, que defende o ex-presidente Lula, e Eduardo Martins, filho do ministro Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça. Ambos negam qualquer relação com dinheiro ilícito pago por Diniz.

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