Governo federal notifica Butantan por vender vacinas a estados. ES comprou 500 mil doses
Ministério da Saúde alega que acordo para entrega de 100 milhões de doses ao governo previa uma cláusula de exclusividade até a conclusão do contrato
O Ministério da Saúde afirmou que notificou o Instituto Butantan pelo fato de o laboratório ter anunciado a venda de doses da vacina Coronavac aos estados antes de concluir o contrato que tem com o governo federal.
Segundo a pasta, o instituto não entregou todas as doses previstas e, mesmo assim, está vendendo vacinas para entes da federação. O acordo para a entrega de 100 milhões de doses ao governo previa uma cláusula de exclusividade até a conclusão do contrato.
Segundo o governo, o laboratório está considerando que entregou à União imunizantes que não foram autorizados pela Anvisa e que, portanto, não podem ser utilizados. Diante disso, o contrato ainda não foi concluído.
Nesta quarta-feira (22), o instituto anunciou a venda direta de 2,5 milhões de doses a cinco estados: Ceará, Espírito Santo, Pará, Piauí e Mato Grosso.
As vacinas já começaram chegar ao estado capixaba. No último sábado (18), 200 mil doses foram entregues e outras 300 mil doses estão previstas para chegar ainda nesta semana.
COMPRA DE DOSES
No dia 3 de setembro, o governador Casagrande anunciou a compra das 500 mil doses de Coronavac. Foi a primeira vez que um Estado da federação fez uma compra direta com a instituição paulista.
"Tivemos a oportunidade de comprar e estamos comprando. Usaremos as vacinas que chegarem ao Estado vindas do Ministério da Saúde. É o direito que temos na conta do Ministério", disse Casagrande reafirmando que o Estado continuaria no Plano Nacional de Imunização (PNI).
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, acompanhou o evento por videoconferência e deu mais detalhes da negociação. Na ocasião, ele foi questionado sobre a venda direta aos estados e as críticas recebidas por parte do governo federal.
"Nós estamos abertos para atender aos estados. O Butatan trabalha para fornecer o maior quantitativo de vacinas para o Brasil. O Brasil precisa de vacinas, precisa de adiantar a segunda dose. Precisamos imunizar a nossa população principalmente diante essa ameaça da variante Delta", disse na ocasião.
Casagrande complementou que a compra pelos estados também ajuda no fortalecimento do PNI.
QUATRO MILHÕES DA BUTANVAC
"Assim que tiver a aprovação pela Anvisa do uso emergencial vamos adquirir também, caso seja necessário. Vamos precisar continuar vacinando os brasileiros, por isso é importante essa produção", afirmou.
O diretor do Instituto Butantan falou sobre os estudos feitos com a vacina.
"Estamos otimistas com a vacina. Apresentou resultados de imunogenicidade superior as vacinas que estão sendo usadas atualmente. É uma esperança de que possamos ter uma vacina barata produzida no Butantan. Neste momento, temos mais de 10 milhões de doses produzidas aguardando o desfecho dos estudos clínicos", explicou Covas.