Bolsonaro chama Moraes de "ditador" e pede que Senado coloque "freio" no ministro
Em discurso na Avenida Paulista, o ex-presidente defendeu que sua vitória em 2018 foi resultado de “falha no sistema” eleitoral. Ele pediu anistia aos presos do 8/1
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu neste sábado (7) para que o Senado Federal coloque um “freio” no ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, a quem chamou de “ditador”.
Em um discurso emocionado, sete meses depois de ter reunindo uma multidão na Avenida Paulista, o ex-presidente voltou a um dos cartões-postais da cidade, relembrou a facada que sofreu em 2018 e defendeu, novamente, a tese de que sua vitória na eleição daquele ano foi resultado de uma “falha no sistema” eleitoral.
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Bolsonaro ainda acusou Moraes de conduzir as eleições de 2022 de maneira “parcial” e de “escolher seus alvos” em inquéritos.
“Devemos botar freio, através dos dispositivos constitucionais, naqueles que saem, que rompem o limite das quatro linhas da nossa Constituição. E eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador que faz mais mal ao Brasil que o próprio Luiz Inácio Lula da Silva”, discursou o ex-presidente, que criticou a condenação que levou à sua inelegibilidade.
“Eles, para evitar que eu tivesse chance de voltar, decretaram a minha inelegibilidade. Uma das razões foi porque me reuni com embaixadores. Eu não me reuni com traficantes no Morro do Alemão, como o Lula fez. Esses inquéritos, que dali derivam outros, em cima de ditas petições, deram amplos poderes a Alexandre de Moraes, que escolheu seus alvos, incluindo meu filho Eduardo Bolsonaro. Isso foi ratificado nos áudios vazados na operação conhecida como Lava Toga”, declarou Bolsonaro.
O ex-presidente acusou Alexandre de Moraes de conduzir as eleições de 2022 de forma parcial, enquanto presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Segundo Bolsonaro, ele não podia “fazer nada”, como “transmitir lives de casa”, “exibir imagens do 7 de setembro” ou “associar Lula a ditadores da América do Sul”, enquanto “o outro lado podia tudo”, inclusive chamá-lo de “genocida”.
O ex-presidente chamou os atos golpistas do 8 de janeiro de “armação” e pediu a anistia aos presos. “Quis Deus que eu me ausentasse do País no dia 30 de janeiro. Algo ia acontecer. Eu tinha esse pressentimento, mas não sabia que seria aquilo”, afirmou Bolsonaro, classificando o episódio como uma “catarse”.
“Aquilo jamais foi um golpe de Estado e estamos vendo pessoas ainda serem julgadas e condenadas como integrantes de um grupo armado que visava mudar o nosso estado democrático de direito. E eu lamento por essas pessoas presas.”
Além do ex-presidente e de Silas Malafaia, que organizou o evento, diversos outros bolsonaristas marcaram presença no ato, incluindo o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), os senadores Marcos Pontes (PL), Magno Malta (PL-ES), Cleitinho (Republicanos-MG), Eduardo Gomes (PL-TO), Marcos Rogério (PL-RO), e os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Zé Trovão (PL-SC) e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
O prefeito de São Paulo e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB), também participou do ato.
Aliados partem para o ataque
Antes de Jair Bolsonaro discursar na Avenida Paulista, seus aliados fizeram falas inflamadas contra o ministro Alexandre de Moraes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.
Eduardo Bolsonaro abriu os discursos pedindo o fim das prisões de aliados por atos antidemocráticos, a anistia para os presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro, o encerramento dos inquéritos das fake news e das milícias digitais no Supremo.
Já a deputada federal Julia Zanatta (PL-SC) chamou Pacheco de “covarde” e criticou as “prisões políticas”. Nikolas Ferreira (PL), também deputado, se referiu ao ministro do STF como um “tirano” e “criminoso”, enquanto o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se restringiu a pedir anistia aos presos no 8 de janeiro.
Na manifestação, há desde cartazes improvisados com pedidos de “Fora STF”, camisas com imagens simulando o ministro preso e pedidos de anistia para os presos pelos atos golpistas de 8 de Janeiro, quando os prédios dos Três Poderes foram invadidos e destruídos. Também há pedidos de “voto impresso”.