O debate da Rede Vitória, realizado nesta quinta-feira (20), com os candidatos ao governo do Estado no segundo turno das eleições deste ano, marcou mais um encontro entre Renato Casagrande (PSB), atual governador e candidato à reeleição, e o ex-deputado federal Carlos Manato (PL).
E, assim como tem acontecido em todas as oportunidades que o dois políticos têm de debater propostas para os capixabas, sobraram acusações de ambos os lados, com o tema do crime organizado sendo o protagonista do embate entre os candidatos. Os projetos de governo acabaram virando coadjuvantes no debate desta quinta-feira.
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Manato foi o responsável por dar início à artilharia, já que começou sua participação no debate chamando Casagrande de ‘centroavante’, em referência ao suposto apelido dado ao socialista no escândalo da Odebrecht, em que, durante delação premiada feita em mais um desdobramento da Operação Lava Jato, em 2017, foi revelada uma planilha com nomes e apelidos de políticos que teriam recebido propina por parte da empreiteira.
“Você tem falado que eu pertenço ao crime organizado. Pergunte quantos crimes eu cometi na Le Cocq. Depois pesquise “centroavante na Odebrecht” e veja quem pertence ao crime organizado”, disse Manato, ao destacar que a equipe de Casagrande, segundo ele, tem tentado ligá-lo à Scuderie Le Cocq, apontada como um dos principais grupos de extermínio a atuar no Estado.
Em resposta, Casagrande reforçou a pauta da suposta participação de Manato na Le Cocq, além de afirmar que o ex-deputado nunca contribuiu para a reconstrução do Estado por meio do combate ao crime organizado.
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“Acho que nem você acredita naquilo que está falando. Você nunca participou da reconstrução desse Estado. Sempre esteve na parte pior e no pior lado político. Você se filiou à Le Cocq. Isso está registrado. A sua ficha de filiação. Enquanto eu trabalhava para combater o crime, o candidato estava filiado e fazendo aquilo que a gente tem que combater, que é convivendo com o crime organizado”.
Veja os principais pontos do debate:
Casagrande aponta que Manato esteve na coordenação da greve de 2017
Renato Casagrande: “Você conviveu com o crime organizado. Não tem prova maior. Você peca por ação ou omissão. Pecou por omissão de ter convivido e nunca combatido o crime organizado. Quer prova maior como essa? Você ter coordenado a greve de 2017. Ontem uma ex-assessora sua foi à imprensa falar sobre isso, que você comandou junto com outras pessoas a greve de 2017, que matou mais de 200 pessoas em 22 dias. É impressionante como você está envolvido com esse tipo de ação”.
Casagrande questiona Manato sobre demissão do governo Bolsonaro
Renato Casagrande: “O segundo turno tem sido revelador. Você foi contratado pelo governo do presidente Bolsonaro e demitido cinco meses depois. Qual foi a razão da sua demissão?
Carlos Manato: “É só olhar o Diário Oficial. Está lá: exoneração a pedido. Faltavam dois meses para me aposentar, não estava muito satisfeito. Vim para o Estado, consegui me aposentar, estava insatisfeito com o salário e resolvi me preparar para fazer uma grande política. Você não respondeu sobre o crime organizado. A greve de 2017, quando começou, eu estava em Bras´ília. Fizemos projeto de anistia, isso está nos anais. O que aconteceu foi o lockdown que o senhor fez, acabou com o Estado do Espírito Santo. O senhor matou o CNPJ, tirou emprego das pessoas. As pessoas ficaram sem emprego e sem renda. O senhor precisa explicar”.
Casagrande comenta sobre denúncia de “rachadinha” no gabinete de Manato
Renato Casagrande: “Todo mundo sabe que você participou do movimento de 2017 e agora com a entrevista da sua ex-assessora, que inclusive fazia ‘rachadinha’. Isso é inaceitável. Nós temos que avaliar e conhecer os candidatos. Ele foi exonerado por incapacidade de cumprir o trabalho. 16 anos deputado federal, não vimos trabalho nenhum nem para o Brasil, nem para o Estado, e foi exonerado. Ele foi nomeado, escolhido presidente do conselho do Sebrae, e foi retirado. Tudo que a gente precisa avaliar são as pessoas, os projetos, propostas, quem prestou serviços… Ineficiência está colocada de forma clara”.
Carlos Manato: “Essa senhora foi nomeada na prefeitura com Euclério Sampaio em 2021. Ela foi demitida por Euclério há três dias. Ao invés de ir no Ministério Público, foi ao jornal e quer que acreditem no Papai Noel. Em 2019 ela foi condenada a pagar R$ 5 mil de multa por fake news”.
Manato fala sobre armas e facções no Espírito Santo
Carlos Manato: “Você é o único responsável pela ação que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu as ações da polícia nas comunidades do Rio de Janeiro, permitindo que elas armassem. Essas armas do RJ se espalharam para o Espírito Santo. Facções se infiltraram aqui. Se hoje temos milicianos, a culpa é do centro avante”.
Renato Casagrande: “Nós combatemos o crime organizado com veemência. Nossas forças de segurança são competentes. Fui um dos responsáveis, junto com as igrejas, OAB, outras lideranças políticas, de retirar o crime organizado das instituições públicas. Mas o candidato pertencia à Le Cocq, de crime organizado. É bom que a gente possa dizer isso aqui. Como se não bastasse isso, em 2017, para tentar se colocar como candidato a governador, fez uma manobra de coordenação na greve da polícia. Se colocou como salvador da pátria e causou muito prejuízo a vida das pessoas”.
Carlos Manato: “Vocês viram que queimaram os ônibus? Viram o que aconteceu em Santa Leopoldina? Viram que policiais foram mortos? Isso que ele combateu. Tudo estava pegando fogo, e ele fazendo política. Eu não. Declarei luto”.
Renato Casagrande: “Ele sabe que nós combatemos todos os fatos. Resolvemos todos os episódios. Sequestro, nessa semana, investimos em tecnologia, infraestrutura, formação de policiais. Isso é fundamental. De fato, a sua história é de conluio com o crime organizado. Nunca cometeu crime direto, mas você participou. Tanto lá atrás, como agora. É uma pena ter que debater esse assunto”.
Casagrande pergunta a Manato sobre violência contra as mulheres
Renato Casagrande: “Quais são as suas propostas para essa área?”
Carlos Manato: “Aumentar as delegacias das mulheres, criar mais botões do pânico, criar políticas públicas para mulheres, fazer trabalho de conscientização. (…) Vamos conseguir proteger essas mulheres. Temos carinho muito grande por elas. Vamos fazer uma política muito mais interessante e diminuir o feminicídio”.
Renato Casagrande: “Nós já fazemos boa parte disso hoje. É importante neste momento continuar conhecendo quem está disputando a eleição. Você teve a capacidade, na greve da polícia, de usar mulheres e crianças para ficarem em frente aos batalhões de polícia. O seu assessor, que hoje ainda anda com você, Valter Matias, é um agressor de mulheres. Você conviveu com a senhora Izabella, ex-esposa do Valter, e já a viu machucada e nunca tomou providências. Seria o mínimo levá-la à delegacia de mulheres”.
Carlos Manato: “O Valter Matias foi preso. Foi condenado, ficou vários dias preso, teve que cumprir pena. A relação dele com ela é problema dele, não meu. É totalmente falácia, falando manso. Tem que esclarecer as coisas. O índice de feminicídio do Estado é um dos maiores. Isso é incompetência”.
Candidatos falam sobre fome. Pesquisa revelou que capixabas estão preocupados com insegura alimentar
Carlos Manato: “Me comprometo a erradicar a fome. Nosso projeto é diferenciado. O ES tem 349 mil pessoas na miséria. É aquela pessoa que recebe até R$ 180 por membro da família. Essa pessoa precisa de complementação de renda. Nossa proposta é complementar para quase 90 mil pessoas que não conseguem isso. Vamos conversar com prefeituras para que façam aporte e o governo do Estado vai entrar também. E faremos outras políticas públicas também”.
Renato Casagrande: “Faço um trabalho decente neste Estado. Já fazemos isso tudo. Temos o bolsa-capixaba, que já remunera quase 40 mil famílias no ES que vivem na extrema pobreza. Somos o primeiro ou segundo Estado com menor taxa de fome. Para isso, precisa ter um Estado organizado. Estou participando da reorganização deste Estado, que era desmoralizado e hoje é respeitado. Nunca vi um opositor, deputado por 16 anos, ajudando na reorganização deste Estado. Eu tenho esse compromisso. Estou propondo reduzir o ICMS de 17 para 7 colocando gás natural na cesta-básica”.
Candidatos falam sobre segurança. 15,3% da pesquisa Futura apontaram que policiamento precisa de melhoras
Renato Casagrande: “Estamos fazendo investimentos fortes. Eu fiz de 2011 até 2014, os policiais sabem que eu faço investimentos fortes quando estou governando o Estado. Estou fazendo de novo, depois de ter recebido as forças de segurança desmoralizadas, com policiais cometendo suicídio após a greve de 2017, que meu opositor coordenou. Eu já aumentei salário dos policiais, estou fazendo o último reajuste agora, em dezembro. Isso vai me permitir dizer que vamos continuar reforçando e valorizando salário dos policiais. Investir, dialogar com forças de segurança”.
Carlos Manato: “O senhor fez tanto de 2011 a 2014 que perdeu a eleição para Paulo Hartung. Começou a perder quando começou a ofender a família do Hartung. O senhor está ofendendo muita gente. Como policiais estão contentes? Concurso o senhor fez agora, mas eles não têm salários. Não tem progressão normal na carreira. Não se investe na polícia investigativa, combate à corrupção. Só se investe em carro, carro e carro. Policiais estão desmotivados. Não tem diálogo”.
ASSISTA AO DEBATE ABAIXO:
A Rede Vitória promoveu nesta quinta-feira (20) o primeiro debate entre os candidatos a governador do Espírito Santo no 2º turno das eleições deste ano. Veja abaixo fotos dos bastidores do debate: