O candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, evitou condenar ditaduras de esquerda e esclareceu que, na relação entre diferentes países, é preciso levar em conta os interesses do Brasil. O apoio a nações como Nicarágua e Venezuela são usadas pelo adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), para atacar o petista.
“Nós temos que ter em conta que a relação de Estado com Estado será feita de acordo com os interesses estratégicos do País. O Brasil precisa exportar produto, comprar produto (…) O Brasil respeita a determinação dos povos, não quer que ninguém se meta na nossa política e que a gente não se meta na política de ninguém”, afirmou Lula em entrevista à Rádio Nova Brasil.
Ele relembrou que, quando era presidente, o Brasil tinha um superávit com a Venezuela de “praticamente quatro bilhões de dólares”. Lula disse ainda que, embora seja possível fazer críticas ao regime de cada País, cada um deve se responsabilizar pela sua própria política.
> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas pelo WhatsApp? Clique aqui e participe do nosso grupo de notícias!
“Nós precisamos levar em conta os interesses do Brasil. Enquanto Estado soberano, a gente negociar para as pessoas. Negociar de Estado para Estado. Isso não é problema nenhum. Embora você possa fazer críticas políticas, possa não concordar com o regime daquele país, é um problema deles, eu tenho que cuidar do meu. E meu País será democrático”, reforçou.
Teto de gastos
Um dia após se reunir com economistas de viés liberal, como o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o candidato do PT à Presidência da República voltou a atacar o teto de gastos, o qual definiu como uma “pressão do mercado financeiro”. Apesar das críticas à âncora fiscal, ele reforçou que a responsabilidade fiscal “está dentro da concepção de governo que tenho”.
LEIA TAMBÉM: Aeronáutica conclui investigação sobre acidente com helicóptero onde estava Paulo Hartung
“Eu tenho uma experiência que ela tem que valer para muita coisa nesse País. Eu sou contra o teto de gastos porque quando você faz o teto de gastos você estava pressionado pelo sistema financeiro que queria receber aquilo que o Estado lhe devia”, disse Lula na entrevista à Rádio Nova Brasil. Ele destacou que, durante o seu mandato, o governo federal teve superávit primário em todos os anos, redução da dívida interna e crescimento das reservas internacionais.
O ex-presidente esclareceu, mais uma vez, que, mesmo sendo defensor do equilíbrio nas contas públicas, é possível contrair dívidas para melhorar a produtividade do País.
“A responsabilidade fiscal está dentro da concepção de governo que tenho. A gente não pode gastar mais do que a gente arrecada, mas a gente pode contrair uma dívida se você for construir um ativo novo, alguma coisa que significa aumentar a produtividade do País, aumentar o escoamento da produção, aumentar a qualidade daquilo que nós produzimos”, afirmou.
Instigado sobre anunciar nomes da equipe econômica para reduzir a desconfiança por parte do eleitorado, ele afirmou que não tomará decisões antes de eleito e que “não estou para tentar agradar eleitor desconfiado”. Lula voltou a dizer que não terá um “governo só petista” e afirmou estar consciente sobre a necessidade de montar uma “boa equipe”.