Política

Bolsonaro vai à PF, mas se cala no inquérito sobre fake news na eleição

A defesa do ex-presidente lançou mão do mesmo argumento usado para justificar o silêncio no caso das joias

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (18) mas não prestou depoimento sobre a suposta ordem que teria dado para aliados espalharem fake news na eleição.

A defesa lançou mão do mesmo argumento usado para justificar o silêncio no caso das joias. 

Os advogados afirmam que o Supremo Tribunal Federal (STF) não tem competência para conduzir o caso e que Bolsonaro só vai prestar esclarecimentos quando a investigação passar à primeira instância.

“Nenhum dos investigados é detentor de foro por prerrogativa de função, pelo que não há justificativa para o processamento desta apuração na esfera do Supremo Tribunal Federal”, justificaram por escrito ao STF.

Diálogos recuperados pela PF mostram que o ex-presidente pediu para Joseph Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, “espalhar ao máximo” informações falsas sobre o processo eleitoral.

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Seis empresários bolsonaristas começaram na mira do inquérito, mas hoje apenas Nigri e Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, são investigados.

O ex-presidente foi condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por espalhar informações falsas sobre as urnas eletrônicas. Uma das punições previstas na sentença foi a suspensão dos direitos políticos, o que na prática o deixa inelegível até 2030.

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Bolsonaro era esperado em agosto para dar explicações na investigação sobre mensagens golpistas de empresários aliados do seu governo, mas na época a defesa pediu o adiamento alegando que não teve tempo de analisar os autos. São mais de duas mil páginas.

Relembre os depoimentos de Bolsonaro à PF em 2023:

– Caso das joias sauditas: o ex-presidente alegou que só soube da existência das joias após apreensão pela Receita Federal. A PF investiga se Bolsonaro e aliados montaram um esquema para vender presentes diplomáticos que deveriam ter sido encaminhados ao acervo da União;

– Fraudes em dados de vacinação da covid-19: o ex-presidente afirmou aos investigadores que jamais teve conhecimento do esquema de falsificação de informações da vacina e que tampouco sabia da adulteração do seu próprio cartão e do certificado da filha, Laura, menor de idade. A Polícia Federal acredita que bolsonaristas invadiram;

– Atos golpistas do dia 8 de janeiro;

– Suposto plano de golpe denunciado pelo senador Marcos do Val.