Política

Trump reeleito: o que mudará para imigrantes?

Com a reeleição de Trump, é provável que novas políticas migratórias restritivas sejam implementadas para reforçar o controle de fronteira; entenda cenário

Kayra Miranda

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/ Instagram @realdonaldtrump

Com a reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, é provável que novas políticas migratórias restritivas sejam implementadas para reforçar o controle de fronteira, enquanto algumas ações para atrair profissionais qualificados podem ocorrer.

Rodrigo Costa, especialista em mobilidade global e CEO da Viva América, afirma que o controle republicano no Senado e o comando do Executivo por Trump sugerem poucas mudanças no sistema imigratório, que não é reformulado desde os anos 1990. Contudo, o presidente dispõe de certa autonomia para definir medidas sobre controle de fronteiras e atuação das agências de imigração.

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Durante a campanha, Trump prometeu uma ampla deportação, visando imigrantes em situação ilegal, um grupo que, de acordo com o Pew Research Center, chega a 11 milhões de pessoas. Por outro lado, Trump também sugeriu conceder green cards para estrangeiros formados em universidades americanas, numa tentativa de atrair mão de obra qualificada.

O Escritório de Estatísticas do Trabalho dos EUA destaca uma escassez de trabalhadores, com 7,4 milhões de vagas e apenas 7 milhões de desempregados, o que, segundo Costa, evidencia a necessidade de profissionais estrangeiros.

Historicamente, o Partido Republicano adota uma postura rígida em relação à imigração, visando a segurança nacional e proteção das fronteiras. Trump elevou esse discurso, defendendo a construção de um muro na fronteira com o México, o principal ponto de entrada de imigrantes irregulares. Dados do Serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras dos EUA registraram mais de três milhões de tentativas de entrada pela fronteira americana em 2023. Muitos solicitam asilo, um direito legal que pode ser dificultado pelo governo.

Imigração foi um tema central da campanha, sendo o terceiro assunto mais relevante para os eleitores, segundo uma pesquisa do YouGov realizada em outubro, ficando atrás de economia e saúde. Em levantamentos ao longo do ano, a imigração apareceu frequentemente como a maior preocupação dos eleitores.

O Brasil, que registrou recorde na obtenção de vistos americanos em 2023, ocupa o terceiro lugar entre os países que mais recebem autorizações, com 1,158 milhão de vistos emitidos. Embora a maioria desses vistos seja para turismo, a imigração brasileira também tem se intensificado. 

Mais de 28 mil brasileiros obtiveram residência permanente em 2023, número que representa um recorde histórico. O número de brasileiros naturalizados também foi significativo, com 12.570 naturalizações.

Costa observa que a busca dos brasileiros pelo “sonho americano” não deve ser afetada pela eleição de Trump, desde que seja feita pela via legal. Contudo, ele alerta que aqueles que tentarem imigrar irregularmente podem enfrentar maiores desafios, com o fortalecimento do controle de fronteira e o fim de algumas ordens de Biden que facilitavam pedidos de asilo.

Como funciona a imigração

Foto: Divulgação

A imigração é um fenômeno que ocorre em todo o mundo, movida por diversos fatores, como oportunidades econômicas, busca por segurança, educação, e qualidade de vida. Nos Estados Unidos, essa questão é histórica e complexa, atraindo pessoas de diversas partes do mundo em busca do "sonho americano", que oferece a promessa de melhores condições de vida, acesso a boas oportunidades de trabalho e estabilidade política.

A imigração legal para os EUA segue uma estrutura regulamentada por uma série de vistos que permitem desde permanência temporária para turismo e estudo até autorizações de trabalho e residência permanente, como o green card. No entanto, devido ao número limitado de vistos de residência permanente e às dificuldades em preencher os critérios exigidos, muitos optam por imigrar ilegalmente, entrando sem autorização ou ultrapassando o tempo permitido em seus vistos.

Com a reeleição de Donald Trump, espera-se um cenário de medidas mais restritivas e rígidas para os imigrantes. Desde sua primeira gestão, Trump promoveu políticas para conter a imigração ilegal, alegando preocupações com a segurança nacional e a proteção dos empregos para americanos. Durante sua campanha original, uma de suas promessas foi a construção de um muro ao longo da fronteira com o México, com o objetivo de reduzir a entrada de imigrantes indocumentados. Embora o muro tenha sido parcialmente construído, o número de travessias continua significativo, o que indica a dimensão desse desafio.

Aumentar as restrições para asilo é outra medida que o governo Trump pode fortalecer. Tradicionalmente, os Estados Unidos oferecem asilo para aqueles que fogem de perseguições políticas, religiosas, e outras ameaças graves em seus países de origem. No entanto, Trump pode implementar políticas que tornem mais difícil o acesso ao asilo, limitando o tempo de permanência e ampliando os requisitos para a solicitação desse benefício.

A atração de mão de obra qualificada também é uma questão central nas políticas de imigração de Trump, já que os EUA enfrentam escassez de profissionais em diversas áreas, principalmente nas de tecnologia e saúde. Em meio à rigidez no controle fronteiriço, Trump mostrou apoio à concessão de green cards para graduados em universidades americanas, uma estratégia que busca suprir a demanda de trabalho e manter talentos formados localmente.

Para brasileiros, a situação tem nuances específicas. O Brasil está entre os países que mais enviam migrantes para os EUA, muitos em busca de empregos e melhores condições de vida. Com o crescimento das instabilidades políticas e econômicas no Brasil nos últimos anos, a procura por vistos temporários e de residência nos EUA aumentou. Contudo, as medidas que Trump possivelmente implementará podem dificultar o processo para brasileiros que tentam entrar ilegalmente, restringindo políticas de asilo e ampliando as deportações. Aqueles que seguem o processo legal, como solicitantes de visto de trabalho ou residência, não devem ser tão impactados, mas pode haver atrasos ou maior exigência documental.

A imigração ilegal também tem consequências no dia a dia das comunidades americanas e na vida dos próprios imigrantes. Muitos imigrantes sem documentos vivem com medo da deportação, o que impacta sua saúde mental e qualidade de vida, além de limitar suas oportunidades de trabalho e acesso a serviços essenciais. Comunidades e organizações locais têm papel importante em oferecer assistência legal, educacional, e social para esses grupos, enquanto o governo tenta equilibrar a segurança com a inclusão de trabalhadores estrangeiros.