"Colocar ordem na casa", diz Casagrande sobre operação autorizada por Moraes no ES
Governador falou pela primeira vez, durante diplomação no TRE, sobre operação contra apoiadores de atos antidemocráticos no Estado
O governador do Estado, Renato Casagrande (PSB), falou, pela primeira vez, na tarde desta segunda-feira (19), sobre a operação deflagrada pela Polícia Federal no último dia (15), que culminou no cumprimento de 23 mandados de busca e apreensão no Espírito Santo, tendo como alvo suspeitos de apoiar e incentivar atos antidemocráticos e ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no país.
Ao comentar a ação, fruto de relatório do Ministério Público Estadual (MPES) encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, Casagrande afirmou que acompanhou o desenrolar da operação, além de destacar que as medidas tomadas contra quem faz uso das redes sociais para atacar as instituições e a honra das pessoas, segundo ele, servem para evitar que esse tipo de comportamento seja reproduzido.
"Lógico que acompanhei. Tenho plena certeza de que medidas tomadas pela Justiça, contra aquelas pessoas que usam as redes sociais para poder atacar as instituições e a honra das pessoas, isso é sempre bom porque serve para que haja uma inibição de outras pessoas que tenham esse comportamento. Fazer com que haja uma decisão que faça respeitar e que as pessoas usem a sua liderança e suas redes sociais de forma respeitosa, é fundamental. Acho que as medidas vieram nessa direção", disse.
A afirmação foi feita pelo socialista durante a diplomação dos candidatos eleitos no pleito deste ano, entre eles o governador e seu vice, o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB), bem como os deputados federais, estaduais e o senador eleito Magno Malta (PL). A cerimônia aconteceu no Plenário do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-ES).
Ainda repercutindo os desdobramentos da operação da PF em solo capixaba, o governador também comentou sobre uma especificidade relacionada aos investigados no Estado: a maioria deles é declaradamente contra o governo casagrandista.
É o caso dos deputados estaduais Carlos Von (DC) e Capitão Assumção (PL). Os parlamentares já protagonizaram, especialmente durante o período eleitoral, diversos ataques à gestão do socialista, inclusive colocando em xeque a seriedade do governo de Casagrande.
Por decisão de Moraes, os dois deputados, além de diversas restrições impostas, estão usando tornozeleiras eletrônicas como medida cautelar determinada pelo ministro da Corte Suprema.
Questionado se, de alguma forma, se sentia representado pela decisão de Moraes, uma vez que já foi alvo de fake news e ataques promovidos por uma parte dos alvos da operação da PF no Estado, Casagrande explicou que, nesse caso, não houve representação formal de sua parte contra os investigados, mas admitiu que há processos movidos por ele em desfavor de alguns dos nomes que compõem a lista repassada pelo MPES ao ministro do Supremo.
"Não representei formalmente com relação a essa ação, mas o Ministério Público Estadual representou. Algumas dessas lideranças, de fato, eu tenho diversos processos contra elas. Acho que, toda decisão que venha no sentido de colocar ordem na casa, é bem-vinda", concluiu.
Entenda a megaoperação
A prisão de apoiadores de atos antidemocráticos no Espírito Santo, feita durante uma operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (15) sob ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, foi motivada por um relatório do Ministério Público Estadual.
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Os investigados fazem parte do grupo que não aceita a derrota do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, que tentou reeleição, sem sucesso, perdendo para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
A operação foi realizada contra os atos antidemocráticos que acontecem desde 30 de outubro. Apoiadores do atual presidente bloquearam estradas e rodovias e, atualmente, estão acampados em frente a quartéis do Exército pedindo golpe de Estado, o que é crime pela Constituição Federal.
A operação da Polícia Federal ocorreu, além do Espírito Santo, no Distrito Federal e outros estados: Acre, Amazonas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rondônia e Santa Catarina. O território capixaba foi o único do país onde ocorreram prisões.
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Foram emitidos mandados de prisão preventiva para o vereador de Vitória Armandinho Fontoura (Podemos), o jornalista Jackson Rangel Vieira, dono do jornal online Folha do ES, sediado em Cachoeiro de Itapemirim, o radialista Maxicone Pitangui de Abreu e o pastor Fabiano Oliveira.
Eles são investigados por crimes contra a honra, incitação ao crime, tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, além de formação de milícias digitais, conforme relatório do MPES.
O vereador e o jornalista foram presos na quinta-feira (15) e estão recolhidos em presídios no Centro Penitenciário de Viana, na Região Metropolitana. O pastor foi preso nesta segunda-feira (19) e o radialista ainda não deu entrada no sistema prisional.