Empossado na última quinta-feira (12) pelo presidente interino Michel Temer (PMDB), o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Marcos Pereira (PRB) tem grandes responsabilidades pela frente. Entre elas estão mostrar para o setor da Indústria a que veio e representar o Espírito Santo na esfera federal.
Natural de Linhares, o capixaba de 44 anos, que já foi vice-presidente da Rede Record de Televisão entre os anos de 2003 e 2009, assumiu-se preparado para o Ministério. Graduado em Direito pela Universidade Paulista, com especialização em Direito e Processo Penal pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, o também empresário do setor de contabilidade vê na sua experiência política e administrativa a chave para o êxito.
Em entrevista ao jornal Folha Vitória, o ministro e presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB) revelou que o convite para assumir a pasta foi feito à sigla por interlocutores de Temer logo após a admissibilidade do processo de impeachment da presidente na Câmara dos Deputados e que, após um apelo dos filiados, seu nome foi colocado à disposição. Pereira revelou também que inicialmente seria oferecido ao PRB a pasta de Agricultura ou Ciência e Tecnologia, mas que posteriormente a opção foi pelo Desenvolvimento.
Confira:
Folha Vitória: O PRB, do qual o senhor participou ativamente do processo de fundação em 2005, foi o primeiro a sair da base aliada do governo Dilma Rousseff, ao devolver o Ministério do Esporte, então ocupado por George Hilton. Como foi essa decisão?
Marcos Pereira: Naquele dia colocamos à disposição o Ministério do Esporte para não mais fazer parte do governo, porque entendemos que ele não reúne condições de liderar o país. A decisão de desembarcar da base aliada foi tomada à unanimidade pelos filiados.
FV: Como se deu a relação do senhor com o mundo político?
MP: Sempre gostei de Política porque entendo que você pode influenciar a vida das pessoas positiva ou negativamente. Depende das suas ideias. Se você é bom político, bom gestor, pode influenciar positivamente. Atuo nessa área desde os 18 anos.
FV: O senhor recebeu críticas de alguns setores por supostamente não conhecer as áreas que irá comandar. Como avalia isso? Como deverá ser sua gestão no Ministério do Desenvolvimento?
MP: Defendo que para ser ministro é preciso ser político e gestor. E isso eu sou. Acho que posso contribuir muito porque já fui sócio de empresa de Contabilidade e empresa de prestação de serviços em Comunicação. Tenho histórico em Desenvolvimento e Comércio. A Indústria é o único setor que não tenho grande proximidade, mas vou fazê-la através das pessoas que vou conversar. Vou contribuir com minha experiência privada, levando-a para o setor público, que precisa de criatividade, dentro do que a lei permite.
FV: Será, então, uma gestão de diálogo com os diversos setores?
MP: Entendo que ninguém melhor do que eles mesmos para saber onde estão, onde querem chegar e os entraves que impedem de chegar aonde eles querem. Ouvindo-os vou tentar implantar ideias do próprio setor para acabar com esse entrave [do setor público]. Fazer esse setor voltar a crescer e gerar emprego em consonância com as políticas de Michel Temer.
FV: Na sexta-feira (13) houve a primeira conversa do senhor com a equipe do Ministério que lidera. Como foi esse encontro?
MP: São pessoas extremamente qualificadas, que pretendo manter, e que passaram a me conhecer melhor. A reunião foi para me apresentar. Apresentar a minha história e vida curricular. A imprensa divulgou apenas que sou pastor e presidente do partido. Ninguém disse que sou advogado e que tenho livros publicados. Contei a minha história de vida e num segundo momento foram passadas as linhas gerais de Temer, que quer trabalhar rápido, com empenho e dedicação para ajudar o país a sair dessa situação.
FV: Sob sua liderança o PRB experimentou o maior crescimento no número de filiados entre as siglas, em 2014. Como foi isso?
MP: Em 2014 eu ia ser candidato a deputado federal em São Paulo, mas optei por não disputar para me dedicar ao partido. Visitei 23 estados, convidando lideranças para fazer parte do PRB. Fui construindo o partido.
FV: Por ser capixaba, o senhor representa o Estado, apesar de não morar mais aqui. Consegue sentir essa responsabilidade?
MP: Tenho vínculos com o Estado. Como capixaba e como ministro, vou estar à disposição da bancada dos deputados, senadores e do governador Paulo Hartung (PMDB) para poder botar pressão para que o Estado seja mais bem atendido pelos órgãos do setor federal. Disponho-me a acompanhar o meu Estado natal, onde nasci, fui criado e onde minha família mora. Irei ao Estado como ministro, e devo visitar governo, prefeitos, Federação da Indústria e entidades do comércio, para ver em que pode contribuir para a saída da crise.
FV: Antes de assumir o Ministério do Desenvolvimento, o senhor chegou a ser cotado para o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações…
MP: Muitos colegas da imprensa disseram que eu poderia misturar política e religião em minhas decisões. Desde que trabalho, nunca misturei política e religião. Para você ter uma ideia, na minha monografia eu defendi o aborto do feto anencefálico, sete anos antes do STF julgar e liberar esse tipo de aborto. No meu escritório tem 18 advogados, mais eu e minha sócia. Não sei quantos são da igreja. Não sei nem se tem algum, mas se tiver é um ou outro, porque eu não pergunto a religião, eu pergunto a formação.